Diretores de laticínios da região ouvidos pelo Jornal de Beltrão confirmaram que houve uma alta no valor do leite, embora seja necessário levar em conta a condição de cada região e das empresas. Um dos fatores que explicam essa variação positiva é a redução na oferta da matéria-prima nos últimos meses
Cezar Mangoni, Laticínios Mangoni, de São Jorge D’Oeste, disse que a realidade observada pelo Conseleite tem um pouco a ver com a realidade da região. “Porém, os valores não são idênticos, o Conseleite tem um valor de referência, mas cada região e cada empresa tem a sua realidade.”
Siga-nos: Facebook | Instagram | Youtube
O empresário comentou que houve aumento no consumo, “mas o principal responsável pela retomada dos preços foi a redução na produção, em função da queda de preço causada pela insegurança trazida pela Covid-19. Com o passar do tempo o comércio vem normalizando, aos poucos [a demanda], e os preços acabaram subindo. Ainda existe uma insegurança quanto a preços, quanto à estabilidade do mercado, e isso é próprio das indústrias do setor”.
Valdomiro Leite, diretor do Sindicato das Indústrias de Leite do Paraná (Sindileite-PR) e da Latco, no Sudoeste, disse que houve uma reação nos preços de vendas, sendo puxado por todos os produtos lácteos: leites, queijos, leite em pó, todos os produtos lácteos subiram nos últimos dias.
Falta matéria-prima
Valdomiro corrobora a fala de Cezar Mangoni, afirmando que “caiu muito a produção de leite dos produtores rurais e está faltando matéria-prima para as indústrias em todo o Brasil. Isso é reflexo da falta de expectativa do produtor. Como nos últimos 60 dias, os preços foram muito baixos, desestimulou muito os produtores a produzir leite, muitos produtores saíram da atividade e muitos baixaram a produtividade do seu rebanho, isso fez com que reduzisse a oferta de leite a nível de Brasil, e nós temos que analisar que estamos em plena entressafra no País. Este período é o de maior oferta de leite para as indústrias, fazendo com que diminuísse a oferta de produto e automaticamente o preço subisse”.
Outra variável importante é que com a alta do dólar nos últimos meses também limitou a cotação e as importações de leite diminuíram, isso também veio diminuir a oferta de produtos internos.
Cezar Mangoni complementa dizendo que “com pandemia ou sem pandemia, as indústrias do setor lácteo vivem em uma corda bamba. Enfim, a esperança é que realmente os preços retornem a patamares aceitáveis, viabilizando as atividades industriais e ajustando os preços da matéria-prima, favorecendo o produtor de leite, incentivando assim o aumento da sua produção”.
Queijos puxam alta do leite entre maio e começo de junho
Sistema Faep – Os preços dos queijos registraram forte alta no atacado entre final de maio e o primeiro decêndio de junho, puxando para cima o valor de referência para o leite pago aos produtores rurais definido pelo Conseleite Paraná.
O colegiado, formado por representantes dos produtores de leite e das indústrias de produtos lácteos, se reuniu por videoconferência neste mês para apresentar a evolução dos preços dos produtos que compõem o mix de comercialização, formados por 14 diferentes derivados do leite.
Segundo a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Vânia Guimarães, uma das responsáveis pelos trabalhos técnicos do Conseleite Paraná, este ano o mercado de lácteos está marcado pela alta volatilidade de preços. Na opinião da docente, os resultados observados entre o final de maio e início e junho mostram uma combinação de fatores: de um lado um aumento na demanda, do outro uma redução na oferta de leite decorrente da entressafra no campo.
Alta significativa
Desta forma, alguns produtos, em especial os queijos, apresentaram alta significativa na previsão de preços realizada com base nos primeiros dez dias de junho. O mussarela, que em maio fechou em R$ 16,64 o quilo, teve a previsão para junho ajustada para R$ 20,64.
Da mesma forma o queijo prato, que registrou em maio o valor de R$ 20,18, para junho a previsão foi de R$ 22,76. O Provolone fechou em R$ 22,45 em maio e sua previsão para o mês de junho ficou em R$ 24,02.
Outro produto que contribuiu para a alta no valor de referência foi o leite UHT, cotado a R$ 1,32 em maio, que chegou a R$ 1,53 na previsão de junho. O leite spot, seguiu a mesma tendência, passando de R$ 1,66 em maio para R$ 1,87 na projeção de junho.
Valor maior de referência
Assim, o valor de referência para o leite padrão entregue em maio, para pagamento em junho, ficou em R$ 1,3046, apontando redução de 4,9% frente ao valor de abril. Contudo, para junho, a projeção aponta para alta de 18,7% em relação ao valor projetado em maio, sendo cotado a R$ 1,5155.
Fonte: Jornal Beltrão
AGRONEWS BRASIL – Informação para quem produz
Leia também: https://agronewsbrasil.com.br/transposicao-do-rio-sao-francisco-finalmente-virou-realidade/