Produtores questionam: Afinal, serão 156, 149 ou 130 milhões de toneladas de soja? Ao final da colheita, essa pergunta está prestes a ser respondida, mas o mercado da soja ainda não reagiu positivamente
Em um cenário onde a transparência deve ser o pilar das relações comerciais e institucionais, a safra de soja 23/24 apresenta números que provocam inquietação no coração do produtor rural brasileiro. A voz de Jonas Apio, agricultor de Água Boa/MT, ecoa as dúvidas e preocupações de muitos ao questionar a disparidade nos dados divulgados sobre a produção brasileira de soja nesta safra. Aperte o play no vídeo abaixo e confira!
“Estava aqui fazendo algumas análises e tirei alguns números de alguns sites e de algumas instituições sobre a safra de soja 2023, 2024. Então aqui eu levantei algumas algumas questões e cheguei a uma conclusão.” reflete Jonas. Esta citação abre a discussão sobre a clareza (ou a falta dela) nos dados divulgados pelas grandes instituições. Enquanto o CONAB e o USDA projetam números que flutuam entre 149 e 156 milhões de toneladas, a realidade calculada por Jonas pinta um quadro diferente.
Safra de soja: O cálculo de Jonas
Utilizando uma análise direta e pragmática, Jonas chega a uma conclusão alarmante: “Então, se a gente colocar em questão que o Brasil produziu em 45 milhões de hectares, uma parte disso é 22,5 milhões de hectares já colhidas (50%), com 37 sacas de média. Isso dá um montante de 50 milhões de toneladas. Então, o Brasil já tem 50 milhões de toneladas de acolhida, certo?” avalia Jonas sobre o volume já colhido nessa primeira fase.
Jonas estima que se projetarmos a segunda parte da produção brasileira, que ainda falta a ser colhida, for em média de 60 sacas por hectare, teremos um volume de 80 milhões de toneladas. “Nessa segunda parte, vamos levar em consideração que está um pouco melhor e o brasileiro vai colher ainda um pouco melhor. Então vamos colocar sim, 60 sacas de média nessa segunda parte, que é 22,5 milhões de hectares.“, diz.
Agora para fechar a conta, somamos a primeira e segunda parte (50 +80), teremos um volume final de 130 milhões de toneladas, segundo o produtor Jonas Apio. “É correto a gente dizer que o Brasil somente colherá 130 milhões de toneladas de soja. Essa é uma conta que bate com todas as informações que eu coletei.“, explica.
Por que as divergências?
A discrepância nos dados não é apenas uma questão de números. Ela afeta diretamente o planejamento, as expectativas de receita e a confiança dos produtores rurais no sistema.
A pergunta que Jonas e tantos outros produtores fazem é: “Por que Conab fala em 149? Por que a USDA fala em 156? Eles estão querendo enganar quem? Eles estão querendo prejudicar quem?” questiona Jonas, destacando a vulnerabilidade do agricultor diante de informações potencialmente manipuladas. Este questionamento não é apenas sobre números, mas sobre confiança e as implicações dessas divergências nos mercados local e global.
É importante frisarmos que as informações e dados apresentados aqui nesse artigo foram levantadas pelo produtor Jonas Apio, para ilustrar os questionamentos. A transparência na comunicação dos dados é essencial para a sustentabilidade da agricultura, por isso é importante cobrarmos isso dos órgãos competentes. Sem ela, os produtores se veem navegando em um mar de incertezas, o que pode levar a decisões equivocadas e impactar negativamente a produção.
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