Animados com a supersafra, produtores do Matopiba devem esquentar as vendas de máquinas na principal feira da região
Depois de cinco anos de chuvas irregulares e de pelo menos duas safras traumáticas, os produtores do oeste da Bahia começam a enxergar uma luz no fim do túnel. Apesar do susto da estiagem entre a última quinzena de dezembro e a primeira de janeiro, as chuvas foram regulares na fase de desenvolvimento e beneficiaram as lavouras de soja na região. A expectativa da Associação dos Irrigantes do Oeste da Bahia (Aiba) é de colheita de 5,3 milhões de toneladas de soja. “Acredito que, no mínimo, vamos igualar nossa safra recorde, pois hoje estamos mantendo a média de 56 sacas por hectare”, diz o assessor de agronegócio da associação, Luiz Stahlke.
Na Garganta, região limítrofe entre os Estados da Bahia e do Tocantins com altos índices de produtividade, devido à melhor distribuição das chuvas, os produtores estão animados com as perspectivas da safra recorde. “O clima ajudou, ao contrário dos últimos dois anos. A safra vai ser acima da média nacional, será uma das melhores”, diz o produtor Marildo Mingori, que no começo de abril tinha cerca de 60% da área de soja colhida em sua fazenda, na cidade de Formosa do Rio Preto (BA).
Pioneiro na região, onde chegou há 31 anos, o gaúcho Marildo diz que, em todo esse tempo, nunca tinha visto tantos problemas como nos dois últimos anos. Agora, colhendo cerca de 75 a 80 sacas por hectare, média bem acima da região, ele se diz recuperado.No ano passado, o pior da história do Matopiba (área de confluência dos polos agrícolas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), os problemas climáticos decorrentes do El Niño geraram uma situação de instabilidade.
Muitos agricultores acabaram contraindo dívidas e ficaram ameaçados de perder o crédito. Agora, capitalizados, podem voltar a investir nas lavouras. “O produtor renegociou a maioria das dívidas e vai conseguir honrar todos os seus compromissos. É claro que não neste primeiro ano. Ele vai precisar de mais safras, mas o cenário é positivo para o produtor voltar a ser competitivo”, diz o assessor da Aiba.
A recuperação dos índices de produtividade nos campos de soja, milho e algodão não só na Bahia, mas em todo o Matopiba, vai impulsionar automaticamente os negócios no principal evento agropecuário da região, o Bahia Farm Show. É o que espera a organização da feira, que ocorre entre a última semana deste mês e a primeira de junho, em Luís Eduardo Magalhães. Não há projeção de valor de negócios prospectados durante o evento, mas, segundo Rose Cerrado, coordenadora da exposição, “se a cifra alcançada for a mesma que a do ano passado, já estamos satisfeitos”, diz.
Otimismo
Mesmo em 2016 os expositores da Bahia Farm Show negociaram R$ 1,014 bilhão, resultado ligeiramente menor em relação ao R$ 1,033 bilhão registrado em 2015. Além disso, o número de visitantes foi recorde: mais de 60 mil pessoas passaram pelas catracas e circularam pelo parque de exposição nos quatro dias de evento.
Nesta edição, os organizadores estão otimistas com o cenário que se desenha e observam maior interesse do empresariado. Até a primeira quinzena de abril, 95% dos espaços foram negociados, afirma Rose. “Na área de equipamentos de pequeno e médio portes, vendemos todos os estandes mais de 70 dias antes do início do evento. Normalmente, isso acontece 20 ou 30 dias antes.” O valor de locação para instalação de estandes varia de R$ 4.800 a R$ 70 mil, conforme localização e tamanho do espaço. Todos os bancos que possuem linhas de crédito para o agronegócio também estarão na exposição.
Fonte: Revista Globo Rural