A crise enfrentada pela China na suinocultura com o avanço da peste suína africana tem feito o gigante asiático comprar mais carnes de Santa Catarina
O país já responde por 57% de todo o faturamento catarinense com as exportações de carne suína em 2019.
Ao longo do ano, SC ampliou em 26,4% a quantidade de carne suína exportada para a China e Hong Kong, totalizando 168,5 mil toneladas entre janeiro e setembro. O faturamento com os embarques já passa de US$ 342,2 milhões, 38% a mais do que no mesmo período de 2018. Os números são divulgados pelo Ministério da Economia e analisados pelo Cepa.
“O agronegócio catarinense vive um bom momento, com resultados importantes ao longo do ano. Porém não podemos esquecer que também é um período de crise mundial e precisamos rever nossos sistemas de controle. O Brasil deve reforçar os controles em portos e aeroportos. Em Santa Catarina estamos concentrando nossos esforços na defesa agropecuária para que o estado se mantenha livre de qualquer doença”, destaca o secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa.
A tendência é de que as exportações aumentem ainda mais até 2020. “A China deve continuar aumentando suas importações de proteínas de origem animal, em função da drástica redução no rebanho suíno causada pelo surto de peste suína africana que o país atravessa. Nesse cenário, o Brasil, e em especial Santa Catarina, possui condições de atender parte dessa demanda adicional, tendo em vista a competitividade dos seus produtos e as boas condições sanitárias da produção animal”, explica o analista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), Alexandre Giehl.
Resultado total das exportações de carne suína
Santa Catarina é o maior produtor e exportador de carne suína do Brasil. De janeiro a setembro de 2019, o estado já exportou 299,1 mil toneladas do produto, uma alta de 18% em relação ao ano anterior. O faturamento com os embarques passa de US$ 602,7 milhões, o que representa um crescimento de 29%.
Os principais destinos para carne suína catarinense este ano são: China, Hong Kong, Chile, Argentina e Rússia.
Peste Suína Africana
A peste suína africana (PSA) é uma doença viral, que não oferece risco à saúde humana, mas que pode dizimar plantéis de suínos. O vírus da PSA é muito resistente, permanecendo nas fezes dos animais por até três meses e em alimentos (produtos maturados) por até nove meses.
A transmissão nos suínos e javalis se dá por meio do contato direto com animais doentes, consumo de resíduos infectados, pela contaminação em equipamentos, veículos, roupas e sapatos. O carrapato G. Ornithodoros também dissemina a PSA. Como é altamente infecciosa, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) recomenda o sacrifício dos animais doentes. O Brasil não registra focos de peste suína africana desde 1984.
Reforço na defesa agropecuária de Santa Catarina
Mesmo livre de peste suína africana, Santa Catarina aposta nas ações de defesa agropecuária para garantir a saúde do rebanho. A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) mantém 63 barreiras sanitárias fixas nas divisas com Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina que controlam a entrada e a saída de animais e produtos agropecuários.
Além do controle do trânsito de animais e produtos de origem animal nas fronteiras, para que os produtores tragam ovinos, caprinos e suínos criados fora de Santa Catarina é necessário que os animais passem por quarentena tanto na origem quanto no destino e que façam testes para diversas doenças. A iniciativa privada também é parceira no processo, por meio do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa).
Por Ana Ceron/ Secretaria de Santa Catarina da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural