Produtores rurais de Diamantino, no Mato Grosso, estimam 50% de perdas na próxima safra. Situação é preocupante e vários municípios já decretaram Situação de Emergência no estado
Diamantino, conhecida por suas vastas terras férteis, enfrenta uma safra desafiadora e com fortes indícios de uma possível quebra em torno dos 50% na próxima colheita. Nós do Agronews estamos acompanhando de perto essa situação que se estende também a outros munícipios de Mato Grosso, e realmente é muito preocupante o cenário que se desenha para a próxima safra.
Diamantino estima 50% de perdas na próxima safra
Para mostrar essa realidade desafiadora, conversamos com o presidente do Sindicato Rural de Diamantino, Altemar Kroling, que compartilhou um panorama preocupante da atual crise hídrica. A cidade, que normalmente planta 420.000 hectares de soja, viu cerca de 5% dessa área sem plantio devido à falta de chuvas. Kroling destaca ainda a desistência de muitos agricultores, indicando a influência direta da escassez de água nas decisões cruciais dos produtores, além de prejuízos e muitas incertezas.
Aperte o play no vídeo abaixo para conferir a depoimento do presidente do Sindicato.
Colheita do algodão com rendimentos inferiores
“Não está passando de 15 sacas por hectare“, comenta Kroling. A produção de algodão em Diamantino, responsável por 25% da área cultivada, enfrenta sérios obstáculos, com rendimentos limitados a não mais que 15 sacas por hectare. Essa redução drástica na produtividade ressalta os impactos amplos da crise hídrica, estendendo-se além da soja para afetar outras culturas fundamentais para a economia local. A baixa colheita do algodão representa um golpe significativo na receita dos produtores.
Áreas irregulares e plantio tardio da soja
Diamantino enfrenta ainda desafios adicionais com aproximadamente 30% das terras destinadas a cultivos irregulares e 20% da área plantada fora da janela tradicional, em dezembro. “Uma soja que não vai compensar a baixa produtividade“. Essa prática tardia sujeita a soja a diversas pragas e aumenta a vulnerabilidade à ferrugem. Kroling enfatiza que essa soja plantada fora do período adequado provavelmente não compensará a baixa produtividade observada nas culturas iniciais.
Diante desses desafios, o Sindicato Rural de Diamantino, em colaboração com a Câmara Municipal, desempenhou um papel fundamental na busca de soluções. A pressão resultou na elaboração de um decreto de emergência pelo prefeito, reconhecendo a gravidade da situação e fornecendo medidas para mitigar os impactos na comunidade agrícola. “O prefeito atendeu às necessidades do município“, diz Kroling destacando a importância do decreto, que, embora chegando tarde para 50% da área plantada, oferece algum alívio para a situação consolidada.
Atrasos na produção de milho e incertezas futuras
O Sindicato prevê atrasos consideráveis na produção de milho da segunda safra e uma redução significativa na área plantada. A incerteza quanto à produtividade do milho é ampliada pelo fato de que parte substancial será plantada fora da janela adequada, aumentando os riscos de rendimentos inferiores. “Consequente baixa produtividade e plantio fora da janela”, comenta o presidente, reafirmando que esses desafios ressaltam a complexidade das decisões que os agricultores enfrentam e a necessidade de estratégias adaptativas diante das condições climáticas adversas.
A situação crítica em Diamantino reflete os desafios enfrentados pelos produtores rurais de Mato Grosso diante da crise hídrica. As decisões difíceis tomadas pelos agricultores, a intervenção do Sindicato Rural e as medidas emergenciais demonstram a resiliência necessária para enfrentar os desafios presentes e futuros. Num cenário em que quase um terço dos municípios de Mato Grosso decretaram situação de emergência, a capacidade de adaptação torna-se vital para garantir a sustentabilidade do setor agrícola.
Outros municípios em situação de emergência
Além de Diamantino, outros munícipios decretaram estado de emergência diante da crise hídrica que assola os produtores. O cenário se agrava com a decisão de Sorriso, que, após declarar emergência por 120 dias em 21 de dezembro, estendeu a vigência do decreto para 180 dias na última semana. Essa ampliação reflete a gravidade da situação e a necessidade de medidas extraordinárias para enfrentar os impactos da falta de chuvas na região. Veja outras matérias que publicamos recentemente:
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Vamos continuar acompanhando essa situação e trazendo novos fatos sobre a produção agrícola, continue acompanhando.
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