Depois de testar os dois lados da tabela e de caminhar de lado durante a sessão desta quarta-feira (3), os preços da soja conseguiram recuperar parte das altas e fechar em campo positivo na Bolsa de Chicago. As posições mais negociadas subiram entre 5,50 e 7,50 pontos, com o contrato julho/17 terminando o dia em US$ 9,75 por bushel.
Ainda nesta quarta, o dólar subiu frente ao real e terminou os negócios com uma leve alta de 0,16% e valendo R$ 3,1585. Segundo especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, o futuro das reformas no Congresso Nacional preocupa, bem como seus efeitos na cena política interna.
“O mercado está instável com as questões relacionadas à Previdência. Negociações sobre novas alterações não são bem vistas e trazem incertezas do ponto de vista de sua eficácia”, afirmou o operador da corretora Advanced, Alessandro Faganello à Reuters.
Ainda assim, com dólar e preços em Chicago em alta, as cotações no Brasil ainda contam com pouco espaço para uma recuperação efetiva e consistente. Em algumas praças do interior do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, os valores da saca chegaram, inclusive, a recuar. Na maior parte dos demais estados produtores, os preços se mantiveram estáveis. As referências têm variado de R$ 50,00 a R$ 67,00 por saca.
Já nos portos, os valores da oleaginosa subiram nesta quarta. Em Rio Grande, a soja disponível subiu 1,03% para R$ 68,80 e no futuro, 1,60% para R$ 69,80 por saca. No terminal de Paranaguá, ganhos respectivos de 0,29% e 0,76%, para R$ 68,50 e R$ 69,50 por saca.
“O clima vai continuar ditando o rumo dos preços
na CBOT e a manutenção da tendência de alta, aliada a um dólar mais forte deve trazer boas oportunidades de vendas aos produtores no Brasil”, acreditam os analistas da AgResource Brasil (ARC Brasil).
Mercado Internacional
E as condições climáticas do Corn Belt ainda são o fator principal para a movimentação das cotações dos grãos na Bolsa de Chicago. “Essa é a principal história do mercado neste momento”, diz Bryce Knorr, analista de mercado sênior do portal Farm Futures.
Além disso, ainda de acordo com analistas de mercado, as compras técnicas de posições por parte dos fundos investidores contribuem com os ganhos. “Os traders perguntam até quando vai continuar o clima frio e úmido? Será que haverá mudança de área de milho para soja?”, explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa, sobre as questões que direcionam as cotações neste momento, além das paralelas aos fundamentos.
E para os próximos dias, as previsões indicam a continuidade das chuvas no Corn Belt. Os acumulados para os próximos 5 e 7 dias, segundo dados atualizados do NOAA – o departamento oficial de clima do governo americano. Em alguns estados como o Missouri, Illinois e Indiana ainda podem receber de 50 a até quase 80 mm.
A atenção dos traders e dos produtores agora aumenta, portanto, sobre os novos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz na segunda-feira (8) com a atualização dos trabalhos de campo até domingo. No último reporte, a instituição mostrou que o plantio da soja já estava concluída em 10% da área estimada e do milho, em 34%.
Os acumulados de chuvas no Corn Belt na última semana impressionam. Em alguns dos mais importantes estados produtores dos Estados Unidos como Iowa, Illinois, Wisconsin, Missouri, a média dos acumulados de 25 de abril a este 3 de maio ficaram até 400% acima do normal para esta época do ano, como aponta o mapa acima.