Produtores voltarão a ampliar a área de soja na safra 2018/19 do Brasil para um recorde, mas o crescimento do plantio de algodão deverá ser um dos principais destaques da nova temporada, avaliou nesta sexta-feira um analista da consultoria IEG FNP
O plantio de soja no maior exportador global da oleaginosa deverá crescer 3,7 por cento, para 36,45 milhões de hectares, enquanto a lavoura do algodão aumentará 14,3 por cento ante 2017/18, para 1,35 milhão de hectares, o que traz a perspectiva de a produção da pluma atingir um recorde de 2,3 milhões de toneladas, segundo a consultoria do Grupo Infoma.
“Algodão a situação é bem interessante, a safra está sendo extraordinária, e o produtor se capitalizou bastante…”, disse o analista Aedson Pereira, ressaltando os principais fatores que impulsionarão o plantio na nova temporada.
O Brasil é um dos principais exportadores globais de algodão, ficando atrás de Estados Unidos e Índia em 2017/18, segundo dados do Departamento Agricultura dos EUA (USDA).
Segundo ele, a colheita da safra 2017/18 de algodão está evoluindo bem, tendo atingido 50 por cento do total esperado, com produtividades “extraordinárias”.
Para 17/18, a expectativa é de produção de cerca de 2 milhões de toneladas da pluma, enquanto na temporada que vem a estimativa é de 2,3 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde.
Além dos preços favoráveis e da boa produtividade, o câmbio tem ajudado nas vendas antecipadas de algodão da próxima safra.
“Mato Grosso já tem quase metade da safra do ano que vem já vendida. Com o rápido fluxo da comercialização antecipada, o crescimento de área é dado como certo… a área pode crescer além do que estamos projetando”, disse ele, explicando que o cotonicultor geralmente planta muito mais do que comercializa antecipadamente.
Na safra que está sendo colhida, os produtores estão vendendo o volume que excedeu as expectativas iniciais no mercado interno, e têm encontrado boa demanda não apenas para a pluma como para o caroço, utilizado pela indústria de ração animal.
SOJA E MILHO
Com um crescimento de quase 4 por cento no plantio que começa em algumas semanas, a produção de soja do Brasil deve somar novo recorde de 121 milhões de toneladas, superando as cerca de 119 milhões do ciclo anterior, segundo a IEG FNP.
Isso com a consultoria sendo conservadora e apostando em uma produtividade na nova safra menor que em 17/18, quando o clima foi bastante favorável.
Segundo Pereira, o crescimento de área de soja poderia ser ainda maior, não fossem as consequências do tabelamento do frete rodoviário e um atraso nas entregas de fertilizantes.
“Apesar da elevação dos custos gerada pelo tabelamento de frete, salto do dólar frente ao real e elevação dos preços internacionais dos insumos, a rentabilidade das culturas deve estimular maiores investimentos”, afirmou o analista.
Ele pontuou que deve haver “modesta” abertura de área para a soja em 2018/19, com a oleaginosa ganhando terreno do milho primeira safra, da cana e pastagens.
Ao comentar o crescimento da área de soja em terras antes dedicadas à cana –em momento em que o setor sucroalcooleiro enfrenta dificuldades com o preço do açúcar– Pereira lembrou que a introdução da oleaginosa nesses terrenos é uma importante técnica agronômica, pois gera o benefício de fixação do nitrogênio no solo.
Com relação ao milho, ele disse que a safra seguirá dependente do plantio para colheita no inverno.
Assim, a área de segunda safra de milho crescerá 8,4 por cento em 2018/19, enquanto a de primeira deverá recuar 2,4 por cento, segundo números da consultoria.
Com uma produção de 26 milhões de toneladas no verão e 69 milhões de toneladas no inverno, a colheita total de milho seria de 95 milhões de toneladas, o que superaria as 81,5 milhões de toneladas da temporada 17/18, atingida pela seca.