Conheça a Piggy Sooy, uma espécie de soja “mutante” com DNA de porco. A cor rosa da inovação alcançada pela Moolec Science na produção de proteínas a base de plantas
A startup de biotecnologia Moolec Science anunciou recentemente uma conquista surpreendente em sua plataforma de soja “Piggy Sooy”. Através de sua tecnologia patenteada Molecular Farming (agricultura molecular), a empresa foi capaz de alcançar um nível extremamente alto de expressão de proteína de porco em sementes de soja – chegando a 26,6% da proteína solúvel total, 4x maior que o inicialmente projetado.
Soja “mutante” com DNA de porco
“Quando vimos o tom rosado das sementes de soja, ficamos maravilhados”, disse o Dr. Amit Dhingra, Diretor Científico da Moolec. “Isso demonstra visualmente o enorme potencial da nossa tecnologia para produzir grandes quantidades de proteínas animais dentro das plantas de forma eficiente e escalável”, completa.
A cor rosa se deve à presença da mioglobina, uma proteína encontrada no músculo de porcos que dá à carne suína seu característico tom rosado. Ao inserir os genes responsáveis pela produção de mioglobina dentro do DNA da soja, a Moolec conseguiu fazê-la sintetizar e acumular esse componente-chave da carne suína em níveis sem precedentes.
“Esta conquista abre um precedente para toda a comunidade científica que busca expressão alta de proteínas em sementes via Molecular Farming”, disse Dhingra. “Temos o potencial de usar essa plataforma bem sucedida para uma ampla variedade de proteínas de interesse em diversas indústrias”.
O CEO e co-fundador da Moolec, Gastón Paladini, classificou o feito como uma prova tangível da capacidade da tecnologia Molecular Farming. “Nossa equipe de biologia vegetal está fazendo história na ciência dos alimentos. Não poderia estar mais orgulhoso”.
A inovação da Biologia Sintética
A abordagem da Moolec envolve combinar princípios da biologia sintética e engenharia genética para repensar as plantas como biofábricas. Através do Molecular Farming, genes otimizados são inseridos no DNA das plantas, fazendo com que elas produzam novos compostos em quantidades significativas.
“Podemos ver as plantas como mini bio-reatores”, explicou Paladini. “Elas são incrivelmente eficientes em capturar energia solar, dióxido de carbono, água e nutrientes do solo para produzir uma enorme variedade de compostos orgânicos complexos. Apenas precisamos orientá-las para sintetizar as proteínas que desejamos”, avalia o CEO.
Um dos trunfos da Moolec é seu trabalho pioneiro na expressão de uma proteína bovina em plantas para aplicações alimentícias. Essa experiência permitiu que eles otimizassem técnicas como edição gênica, sistemas de promotor, direcionamento de proteínas e muito mais.
“Temos mais de uma década trabalhando nessa tecnologia Molecular Farming”, disse Paladini. “Isso nos permite engenheirar as plantas com muita precisão para alcançar os resultados que queremos”.
O futuro da carne cultivada em plantas
A Moolec vê as proteínas animais cultivadas em plantas como ingredientes funcionais para melhorar o sabor, textura e valor nutricional de alternativas à carne à base de plantas.
Mas as aplicações não param por aí. As mesmas proteínas poderiam ser usadas para enriquecer e melhorar produtos à base de carne tradicional. Isso abre um mercado endereçável de US$ 600 bilhões para a tecnologia Molecular Farming, de acordo com a Moolec.
“Nossa visão é utilizar o poder das plantas para criar um sistema alimentar mais sustentável e acessível”, afirmou Paladini. “Queremos mesclar o melhor dos mundos vegetal e animal”.
Com a demanda por proteínas esperada para crescer 60% até 2050, novas fontes sustentáveis e escaláveis serão essenciais. Tecnologias como a da Moolec podem ajudar a suprir essa necessidade crescente.
“O sucesso com a soja Piggy Sooy mostra que podemos alcançar rendimentos excepcionalmente altos usando plantas”, disse o CEO da Moolec. “Isso tem o potencial de tornar nossa abordagem economicamente competitiva com fontes convencionais de proteínas animais”.
Com 24 patentes concedidas e pendentes, a Moolec está bem posicionada para se tornar líder global no uso de Molecular Farming para produzir proteínas animais em larga escala. Seus cientistas continuarão refinando e expandindo a tecnologia para um leque cada vez maior de aplicações.
“Mal arranhamos a superfície do que é possível”, concluiu Dhingra. “Estamos entusiasmados para descobrir todo o potencial dessa plataforma revolucionária. O futuro da inovação alimentar tem uma tonalidade rosa vivo”., finaliza.
A inovação da Moolec em alcançar níveis tão altos de proteína animal em plantas representa um marco para a indústria de alimentos e abre novas fronteiras para a produção sustentável de proteínas. Seu trabalho pioneiro na Molecular Farming prova que é possível aproveitar o poder das plantas para cultivar os nutrientes do futuro. À medida que a Moolec continua refinando e expandindo sua plataforma, o potencial parece ilimitado. Vamos continuar acompanhando!
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