Decisão da UE de proibir a importação de frango de 20 frigoríficos do Brasil deve aumentar a oferta interna da proteína e reduzir a competitividade da carne bovina.
O recente anúncio da União Europeia (UE) de proibir a importação de carne de frango de 20 frigoríficos brasileiros em função da presença de níveis elevados de salmonella deve afetar também a indústria da bovinocultura de corte do Brasil. Segundo a analista de mercado Lygia Pimentel, da Agrifatto, a proibição fará com que um volume maior da proteína fique represado no Brasil, pressionando os preços da carne bovina
“Esse movimento fará com que a carne de frango fique ainda mais barata e a carne bovina perderá ainda mais competitividade, resultando em uma nova queda de preços. Temos que torcer para que as exportações continuem tendo bom desempenho para que esse cenário não reflita em uma queda na arroba”, destacou a analista, acrescentando que cerca de 30% da produção nacional de carne de aves é exportada e 70% fica no mercado interno.
Além do impacto em outras proteínas, o represamento da carne de aves no mercado interno também deve afetar os preços dos grãos, barateando um pouco os custos de produção. “A indústria avícola tem um tempo de reação muito rápido e consegue ajustar suas operações em menos de 45 dias. Com estoques mais cheios, as escalas deverão ficar mais alongadas e o setor deverá reduzir consideravelmente a engorda das aves, aumentando assim a oferta de grãos no mercado”, explicou.
A analista estima que o preço do milho subiu mais de 30% desde o fim de fevereiro, o que tem desestimulado a engorda de bovinos em confinamento no primeiro giro, entre abril e julho. Esse “possível” aumento de oferta deve forçar uma baixa no preço do insumo, dando assim um novo ânimo à atividade. “Só teremos a dimensão desse impacto nos próximos 20 dias. Até lá, muita coisa pode mudar. Tomara que o Brasil consiga reverter esse cenário o quanto antes”, concluiu Lygia Pimentel.
Mapa – Em reunião com dirigentes da Cooperativa Coamo, em Campo Mourão, PR, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, afirmou que o veto europeu irá afetar de 30 a 35% das exportações de aves para a UE.
Maggi também afirmou que o processo de reabertura começa o mais breve possível, com a elaboração de um plano de contingência e a solicitação de uma nova missão do bloco para auditoria das plantas suspensas. Ele não estipulou um prazo para que uma reabertura ocorra, mas técnicos do Mapa calculam que a retomada do mercado demorará mais de um ano.
Na próxima semana, o ministro terá reuniões em Brasília, DF, com representantes de cooperativas paranaenses e com empresas atingidas pelo veto. Maggi confirmou também que o Brasil vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pela UE à carne de frango brasileira, de 1.024 euros por tonelada, para que a carne salgada entre no bloco econômico com um rigor sanitário menor.
Fonte: Portal DBO