PR, SP, MS, MT e RO iniciam o período de 90 dias nesta quinta; objetivo é prevenir ferrugem asiática
Nesta quinta-feira (15 de junho) tem início o vazio sanitário da soja em cinco Estados brasileiros: Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. No Brasil, 11 estados e o Distrito Federal adotam essa medida, estabelecida por meio de normativas estaduais, que tem como objetivo reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem asiática durante a entressafra e assim atrasar a ocorrência da doença na safra. Além do Brasil, o Paraguai também estabeleceu a época de vazio sanitário.
O vazio sanitário é o período de 60 a 90 dias em que não se pode semear ou manter plantas vivas de soja no campo. “O vazio sanitário da soja é uma das principais estratégias para o manejo da ferrugem asiática da soja, que é a mais severa doença da cultura da soja”, explica Claudine Seixas, da Embrapa Soja. O produtor que descumprir as normas do vazio está sujeito a multas.
A pesquisadora explica que o fungo que causa a ferrugem asiática é biotrófico, ou seja, precisa de hospedeiro vivo para se desenvolver e multiplicar. “Ao eliminarmos as plantas de soja na entressafra “quebramos” o ciclo do fungo, reduzindo assim a quantidade de esporos presentes no ambiente”, diz.
Outros Estados – Em Tocantins, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal, o vazio sanitário começa no dia 1º de julho e vai até 30 de setembro. Na Bahia, a data de início é 15 de agosto e o término ocorre em 15 de outubro.
No Maranhão, são dois os períodos de vazio: de 1 de agosto a 30 de setembro para as microrregiões de Alto Mearim e Grajaú, Chapadas do Alto Itapecuru, Chapada das Mangabeiras, Gerais de Balsas, Imperatriz e Porto Franco, e de 15 de setembro a 15 de novembro para Aglomeração Urbana de São Luís, Baixada Maranhense, Baixo Parnaíba Maranhense, Caxias, Chapadinha, Codó, Coelho Neto, Gurupi, Itapecuru Mirim, Lençóis Maranhenses, Litoral Ocidental Maranhense, Médio Mearim, Pindaré, Presidente Dutra e Rosário.
Já no Pará, são três divisões. A primeira, de 15 de julho a 15 de setembro, é voltada para as microrregiões de Conceição do Araguaia, Redenção, Marabá, São Felix do Xingu, Parauapebas, Itaituba (exceto Rurópolis e Trairão) e Altamira (Distritos de Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra). A segunda ocorre de 1 de setembro a 30 de outubro e fazem parte dela as microrregiões de Paragominas, Bragantina, Guamá, Tomé-Açu, Salgado, Tucuruí, Castanhal, Arari, Belém, Cametá, Furos de Breves e de Portel. Por fim, a terceira etapa vai de 1 de outubro a 30 de novembro e abrange Santarém, Almeirim, Óbidos, Itaituba (Rurópolis e Trairão) e Altamira (exceto Distritos de Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra).
Ferrugem da soja – A ferrugem asiática da soja foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2001. Hoje, essa doença, considerada a principal na cultura da soja, possui um custo médio de US$ 2 bilhões por safra. Apesar da contribuição dos fungicidas, uma redução da eficiência desses produtos vem sendo observada desde a safra 2007/2008 em função da adaptação do fungo.
Segundo os pesquisadores da Embrapa, os fungicidas utilizados no controle da ferrugem pertencem a três grupos distintos: os Inibidores de desmetilação (IDM, “triazóis”), os Inibidores da Quinona externa (IQe, “estrobilurinas”) e os Inibidores da Succinato Desidrogenase (ISDH, “carboxamidas”). Ao ser identificada no Brasil, em 2001, a ferrugem-asiática foi controlada com a aplicação de fungicidas triazóis isolados e misturas de triazóis e estrobilurinas. Desde 2008, produtos isolados não são recomendados em decorrência da menor eficiência, sendo indicadas somente misturas comerciais de fungicidas com diferentes mecanismos de ação.
“A partir da safra 2013/2014, uma redução de eficiência foi observada para a estrobilurina isolada nos ensaios cooperativos”, explica a pesquisadora Claudia Godoy. Nessa mesma safra foram registradas as primeiras misturas de fungicidas estrobilurinas e carboxamidas para a cultura da soja. Na safra 2016/2017, a pesquisadora explica que alguns fungicidas com carboxamidas apresentaram redução de eficiência nos ensaios cooperativos, em relação aos resultados da safra anterior, em regiões específicas. “Dessa forma, o rigor na adoção do vazio sanitário é extremamente importante para redução do inóculo entre as safras, auxiliando assim no manejo da ferrugem asiática”, relata a pesquisadora.
Fonte: Embrapa