Para estimar o Valor Bruto de Produção (VBP) do frango, a Secretaria de Política Agrícola (SPA) do MAPA adota como base de cálculo do volume produzido os levantamentos do IBGE relativos à carne de frango proveniente de estabelecimentos sob inspeção
Pois bem: enquanto os números do IBGE apontam que entre 2008 e 2018 a produção brasileira de carne de frango sob inspeção aumentou 32,27% (média de, aproximadamente, 2,85% ao ano), o incremento da receita (deflacionada e atualizada mensalmente pelo IGP-DI) foi de 20 pontos percentuais a menos, ou seja, de apenas 12,27%, o que representa evolução média pouco superior a 1% ao ano.
Ressalte-se, no entanto, que essa diferença não ocorreu ao longo de todo esse período: está toda concentrada no último biênio, 2017/18, período em que (coincidência?) o setor foi envolvido pela Operação Carne Fraca.
Assim, embora até 2016 o VBP tenha evoluído ligeiramente aquém da produção (as únicas exceções foram registradas em 2008, 2009 e 2013), as diferenças sempre foram pequenas. Tanto que, entre 2008 e 2016 a produção aumentou 29,5% e o VBP 24% – 5,5 pontos percentuais a menos.
Já em 2017, produção e VBP tiveram comportamentos opostos, pois o volume produzido aumentou quase 3%, enquanto o VBP acusou recuo próximo de 9%. E a diferença entre um e outro indicador foi quase quatro vezes maior, pois, comparativamente a 2008, a produção aumentou 33% e o VBP menos de 13% – diferença a menos de 20 pontos percentuais.
Essa situação não sofreu grande alteração em 2018, porquanto persistiu a diferença de 20 pontos percentuais: para um incremento de 32% na produção, o VBP aumentou apenas 12%.
Tal desempenho significa, em última instância, que o frango esteve mais barato nos últimos dois anos. Mas isso, parece, só se aplica ao setor produtivo, não ao beneficiário final, o consumidor. Pois, segundo o IBGE, em 2018, frente a uma inflação (IPCA) de 3,75%, no varejo o preço do frango inteiro apresentou evolução superior a 4%, enquanto os cortes de frango registraram aumento de quase 6,5%.
Fonte: Avisite