O cavalo, conhecido como o garanhão do século 19 e morto em 1998, chegou a ser avaliado em mais de US$ 1 milhão de dólares. Leia a matéria completa e entenda o valor da raça Mangalarga.
Pioneirismo
Além de ser pioneira no uso da biotecnologia para clonagem de equinos, a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga (ABCCRM) se destaca ainda por outra conquista: o mangalarga é considerado o principal cavalo de sela do mundo.
Siga-nos: Facebook | Instagram | Youtube
Segundo a ABCCRM, a razão é que marcha é a principal característica da raça, que é considerada única.
“Graças a essa qualidade” acrescenta, “o mangalarga é conhecido por muitos criadores como o melhor cavalo de sela do mundo, combinando todos os fatores necessários para uma boa montaria”.
O mangalarga é uma raça de cavalo de origem brasileira. Por questões legais, os cavalos criados no estado de Minas Gerais tiveram que ser qualificados e foi acrescentada ao seu nome original a qualificação “marchador”. A denominação mangalarga ficou para os animais registrados na associação do estado de São Pulo.
Origem e evolução da raça
Há mais de 200 anos, com a denominação de Mangalarga, tornou-se famosa uma população equina, no sul de Minas Gerais, limítrofe com São Paulo, na primeira década do século 19.
Posteriormente, membros da família Junqueira, responsáveis por essa criação, mudaram-se para o estado de São Paulo e com eles levaram suas montarias. A raça logo contagiou os paulistas, que adotaram e a disseminaram por todo o estado de São Paulo e estados vizinhos.
Traçar um histórico da raça Mangalarga equivale a narrar a história da família Junqueira. Foram eles os forjadores da raça, seus primeiros criadores.
O início da seleção da raça Mangalarga deu-se em 1812 na fazenda Campo Alegre, em Baependi (MG), hoje município de Cruzília (MG), onde o barão de Alfenas instalou-se. Consta, ainda, que nesta data, teria o barão recebido de presente do Príncipe Regente D.João VI um cavalo Álter, que passou a usar como garanhão em suas éguas.
Os animais oriundos destes acasalamentos se constituíram nos formadores da raça Mangalarga.
A raça tem como formador principal o cavalo Álter de Portugal. Provavelmente, foi Napoleão Bonaparte, ao invadir Portugal, obrigando Dom João VI a mudar-se com a corte para o Brasil, quem primeiro contribuiu para a formação desta raça.
Procurando nomes para o seu Cavalo? então veja nossas sugestões abaixo.
“O Brasil é o berço do mangalarga”, diz o jurado da ABCCRM, João Quadros, informando que “os primeiros exemplares surgiram do cruzamento entre animais das raças Andaluz e Alter, trazidos pela família real portuguesa, com cavalos da raça Berberes que já faziam parte do plantel nacional na época. Por volta de 1812, no sul de Minas Gerais, a família Junqueira iniciou o trabalho de seleção que deu origem à formação da raça.
João Quadros conta que, no início do século 19, membros da família levaram alguns de seus animais para o Rio de Janeiro, a capital brasileira na época. “Esses exemplares foram destinados a uma fazenda que ficava em Paty de Alferes, no estado do Rio de Janeiro, chamada Mangalarga. Os animais começaram a fazer sucesso, e quando perguntava que cavalos eram aqueles, o pessoal respondia ‘são da mangalarga’. Aí pegou e até hoje a raça é conhecida assim”, diz.
Características da Raça
Descrição: Peso de 450 Kg no garanhão e 400 na égua.
Estatura: De 154 cm no garanhão (em média 150 cm) e 146 cm nas éguas (em média 144 cm).
Perímetro torácico: As pelagens predominantes são a castanha e a alazã. Ocorre o tordilho em menor proporção, e ainda menos o baio, o negro e o pampa. Os pelos são finos e macios e as crinas frequentemente longas e onduladas.
Cabeça: Média, de perfil direito, com tendência a convexo. Os olhos são pouco salientes, afastados, expressivos, revelando mansidão e vivacidade. As orelhas são médias, bem implantadas e móveis. A fronte é ampla, as garnachas delicadas, as narinas afastadas, amplas e firmes. Boca medianamente rasgada com lábios iguais.
Pescoço: Musculoso e levemente rodado (pretende-se piramidal), harmoniosamente ligado a cabeça e ao tronco, com crineira abundante e ondulada.
Corpo: Compacto, de aspecto reforçado, porém bem proporcionado. A cernelha é de tamanho médio e regularmente saliente.
As espáduas: São oblíquas, longas e musculadas. O peito: é amplo, musculoso e o tórax profundo, com as costelas arcadas.
O dorso: Rins curtos e fortes.
Os flancos: São as vezes demasiado grandes, o que é um defeito a corrigir.
O ventre: É redondo, a garupa ampla, longa, musculosa, inclinada, melhor do que as do outros cavalos nacionais, com cauda implantada abaixo, de crinas abundantes. Fortes, com articulações salientes e nítidas. As coxas são cheias e musculosas. O ângulo do jarrete é um pouco fechado, amortecendo o andar. As canelas são secas e limpas, as quartelas bem inclinadas e de bom tamanho e os cascos circulares, largos e duros.
ABCCRM e Plantel
A ABCCRM foi criada em 1934, ano que ocorreu o registro do primeiro animal em livro aberto. A partir de 1937, o registro passou a ser apenas em regime de livro fechado.
“Só foram registrados a partir desse ano animais que já eram filhos daqueles cavalos que já haviam sido registrados em livro aberto entre 1934 e 1937”, diz João Quadros.
O atual plantel da raça é de cerca de 200 mil animais, e a maior parte deles está localizada em São Paulo. A associação reúne cerca de 4.000 criadores.
“É uma raça que, mesmo em tempos de crise, segue crescendo e supera mais esse obstáculo. Tenho certeza de que vamos manter essa expansão nos próximos anos e posicionar o cavalo mangalarga em todos os cantos do país”, diz o presidente da ABCCRM, Eduardo Rabinovich.
Destaques da raça
Com passadas firmes e elegantes, a raça atrai a cada dia novos investidores. O mangalarga tem morfologia única; a frente do animal, com pescoço descarnado, é leve e dá impressão de suavidade e beleza nos movimentos, proporcionando mais conforto ao cavaleiro. O que mais chama atenção no Mangalarga é a marcha do animal, considerada única no mundo. “É um andamento diagonal, bipedal de dois tempos, com um pequeno tempo de suspensão. Consegue juntar a agilidade, que é característica dos andamentos diagonais, e a suavidade, que é característica das marchas”, explica João Quadros.
O tamanho do Mangalarga é médio, cerca de 1,55m em geral. Seu tronco é extremamente forte, com costelas amplas e bem definidas, que dão segurança na hora de o cavaleiro montar o animal. Com boa musculatura e um peito também amplo, esta raça se torna eficiente para o trabalho, já que suporta funções mais pesadas e de longa duração de tempo.
As características do cavalo Mangalarga lhe confere aptidão para o trabalho no campo.
A garupa do animal também é forte e comprida, o que gera mais uma vantagem para montagem, seja por lazer ou trabalho. Esta característica aumenta o arranque da raça, somada também às coxas largas e musculosas. Com toda essa potência, o cavalo ganha velocidade e resistência.
Outra característica que faz com que o Mangalarga seja extremamente desejado: sua utilidade tanto para o trabalho, como para lazer e esporte.
A docilidade permite um relacionamento tranquilo e poucos riscos de qualquer susto, e a comodidade para montar, graças às características anatômicas, fazem que utilização para lazer e esporte também seja bastante recomendada. A força e resistência fazem com que o mangalarga também se adapte facilmente ao trabalho.
Clonagem: o grande diferencial da raça
Depois que a ABCCRM passou a fazer uso da clonagem, o mundo voltou os olhos para o Brasil e, quando isso ocorreu, passou-se a conhecer mais a raça.
O programa da ABCCRM lançado nessa área teve início com uma grande conquista: o nascimento do primeiro clone equino do Brasil.
Trata-se do clone de Turbante JO, garanhão Mangalarga recordista do “Guiness Book” (livro dos recordes) como o cavalo que produziu o maior número de descendentes no mundo (1.678) em uma época em que a inseminação artificial e a transferência de embriões eram técnicas caras e raramente utilizadas.
O garanhão teve seu material genético guardado por 15 anos. O cavalo, conhecido como o garanhão do século 19 e morto em 1998, chegou a ser avaliado em mais de US$ 1 milhão, mas José Osvaldo Junqueira, seu proprietário, nunca quis vendê-lo.
Logo após a clonagem de Turbante, a diretoria da In Vitro do Brasil, empresa que clonou o animal, anunciou um fato novo envolvendo aquele animal: informou que exatamente 24 horas depois do nascimento do clone de Turbante outro clone nasceu: o da égua Cascata JO, neta de Turbante.
Cascata e seu avô Turbante são duas novidades dos trabalhos da seleção da raça mangalarga. Quem deu a notícia foi a veterinária Perla Fleury, membro da família de José Osvaldo Junqueira, e sócia da In Vitro Brasil Clonagem. Perla sublinhou: “Agora são avô e neta numa mesma geração.”
A veterinária afirma ter ficado impressionada com a semelhança física do clone com Cascata.
Abaixo você pode assistir a Prosa Mangalarga, produzida pela Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga – ABCCRM
Por: Adeildo Lopes Cavalcante – Animal Business
AGRONEWS – Informação para quem produz