O Pantanal mato-grossense esta sofrendo muito com o aumento das áreas atingidas pelos incêndios. Em vídeos compartilhados na internet, o produtor Sandro Sebastião Gomes da Silva, proprietário da fazenda Exu, no município de Barão de Melgaço, captura momentos bastantes impactantes de animais fugindo do fogo e alguns até já mortos pelos incêndios: “A coisa tá feia aqui, Pantanal ardendo em chamas heim…”, comenta Sandro.
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Ele continua a narrativa e mostra uma lontra, que estava se escondendo em uma poça d`água, fugindo do fogo que se aproxima rapidamente , “Tem mais um bicho aqui sofrendo, morreu com o fogo no incêndio no Pantanal….”, se referindo a uma Sucuri morta pelas queimadas, “Na mesma poça que a gente viu a lontra, aqui oh, o fogo ainda ardendo, mas uma Sucuri morta aqui. Olha só que judiação…“. Logo em seguida, enquanto continua percorrendo os trechos atingidos, ele encontra outra Sucuri morta, ” É uma pena, mas em um espaço curto, duas sucuris mortas. Triste! Que jeito que vai sobreviver? Uma pequena poça d’água e ela vem aqui para se salvar…“, ele ainda faz um desabafo “O homem não tem limites. A crueldade é bastante, a desinformação é bastante, aqui queimou uma ponte inteirinha…“.
Confira abaixo um vídeo compilado com as imagens enviadas:
Para o produtor Vicente Falcão, ex-secretário de Meio Ambiente do Estado, que também possui propriedade rural no Pantanal, a situação é muito crítica. Ele comenta que a região precisa de mais atenção e cuidados, pois é um momento de calamidade. “Que tristeza. Somente o homem pantaneiro sabe e sente o quanto isso entristece seu coração por não poder ajudar mais“, lamenta Falcão.
Queimadas em MT atingiram área onze vezes maior do que a cidade de SP em 2020
Segundo dados divulgados pelo Instituto Centro de Vida – ICV, o fogo já atingiu 1,7 milhão de hectares do estado de Mato Grosso em 2020, uma área cinco vezes maior que a capital do estado, Cuiabá, e cerca de onze vezes maior do que o território da cidade de São Paulo (SP).
Dos biomas, o Pantanal foi o mais impactado proporcionalmente, com uma área de vegetação nativa queimada nove vezes superior ao quantitativo de desmatamento na região dos últimos dois anos.
A situação também é crítica para as Terras Indígenas (TIs) mato-grossenses, que concentram 18% de toda a área afetada pelos incêndios no estado.
Operação Pantanal
Ministério da Defesa informa que o combate a focos de incêndio em áreas do Pantanal tem continuidade.
No último final de semana (29), a Operação Pantanal combateu focos de incêndio em cinco áreas, nas regiões de Corumbá, Mato Grosso do Sul, Poconé e Barão de Melgaço, em Mato Grosso. Em parceria com agências federais e estaduais, integrantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica também empregam aeronaves que transportam brigadistas e despejam água, durante os sobrevoos, para conter as chamas.
No sábado (29) e no domingo (30), foi realizado o combate a três focos de incêndio no município de Poconé, nas seguintes regiões: Porto Jofre, Hotel Pantanal Mato Grosso e Fazenda Campo Largo. Houve, também, combate a dois focos de incêndio nas localidades de Fazenda Santa Maria e Fazenda Rio Novo, em Barão de Melgaço.
As Forças Armadas atuam, desde o dia 25 de julho, no combate a incêndio no Pantanal sul-mato-grossense. No dia 5 de agosto, as ações foram estendidas ao Pantanal mato-grossense. O Ministério da Defesa atende à solicitação recebida pelos dois estados.
O Centro de Coordenação da Operação está instalado no aeródromo do Sesc Pantanal, em Poconé (MT), ponto estratégico para o emprego dos meios. Participam da operação embarcações e helicópteros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, além de Fuzileiros Navais com curso em incêndio florestal.
Ao dar continuidade à Operação Pantanal, equipes de combate a incêndios foram distribuídas em Poconé, Mato Grosso, após atividades de reconhecimento aéreo. Em parceria com agências federais e estaduais, integrantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica também empregam aeronaves que transportam brigadistas e, durante os sobrevoos, despejam água para debelar as chamas.
No dia 27 de agosto, as ações ocorreram no combate a cinco focos de incêndio nas regiões da Estrada Transpantaneira, com dois focos, Parque Estadual Encontro das Águas, Porto Jofre e Hotel Pantanal Mato Grosso, todas no município de Poconé, em Mato Grosso.
As ações de apoio contam com 319 pessoas, sendo militares, brigadistas e civis, e com o emprego de cinco aeronaves das Forças Armadas em voos de reconhecimento, transporte de militares/brigadistas e lançamentos de água, tanto em Mato Grosso como em Mato Grosso do Sul.
Situação atual do Pantanal
Como informa o ICV, considerada a proporção entre área queimada e o extensão total, o Pantanal foi o bioma que mais sofreu pela ação do fogo: as chamas, que atingiram 560 mil hectares, já consumiram 9% do bioma no estado, uma área nove vezes maior que todo o desmatamento ocorrido na região nos últimos dois anos, que somou 59.950 hectares desmatados nos anos de 2018 e 2019.
O estudo também mostrou que 95% do fogo no bioma incidiu sobre áreas de vegetação nativa.
“É uma área grande de vegetação nativa atingida e está muito fora do padrão no bioma. É um impacto muito grande sobre a flora e a fauna”, avalia Ana Paula Valdiones, coordenadora do Programa de Transparência Ambiental do ICV.
Desde o início do período proibitivo, apenas nove pontos iniciais de incêndios se alastraram e foram responsáveis por impactar cerca de 324 mil hectares no Pantanal, maior parte da área total atingida por incêndios no bioma no período de quase 50 dias.
As nove frentes responderam por 68% de todos os focos de calor no período proibitivo no Pantanal mato-grossense. Os dados de focos de calor no estado são Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e são compilados pelo Monitor de Queimadas, plataforma de monitoramento lançada em julho pelo ICV.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS BRASIL