O dólar operava com leve alta ante o real em pregão de baixa liquidez nesta segunda-feira, com as atenções voltadas para a viagem do presidente Jair Bolsonaro ao Fórum Econômico Mundial em meio ao caso de movimentações financeiras atípicas de Flávio Bolsonaro e a desaceleração no crescimento da economia chinesa
Às 10:41, o dólar avançava 0,36 por cento, a 3,7696 reais na venda, após terminar a sessão anterior em alta de 0,22 por cento, a 3,7559 reais. O dólar futuro operava em alta de cerca de 0,4 por cento.
A sessão deve ser de baixo volume de negociações em razão do feriado do Dia de Martin Luther King nos Estados Unidos, onde os mercados permanecerão fechados.
O presidente Jair Bolsonaro embarcou no domingo rumo a Davos para participar do Fórum Econômico Mundial, acompanhado do ministro da Economia, Paulo Guedes, do ministro da Justiça, Sergio Moro, e de seu chanceler, Ernesto Araújo.
Segundo contou uma fonte à Reuters, o presidente deverá defender, em seu discurso, a agenda de reformas econômicas do governo e sinalizar a disposição do Brasil a fazer uma maior abertura comercial e desburocratização da economia.
Internamente, o mercado começa a olhar com mais cautela para a movimentação do governo com relação à reforma da Previdência. Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo no sábado, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, sinalizou que o governo deve optar por “uma transição bastante suave” na proposta de Previdência, em oposição a um “choque para a sociedade”.
“O mercado não gostou muito disso, mesmo sabendo que a reforma dos sonhos não será possível nesse momento, até pela complexidade, mas o mercado sempre fica com pé atrás com relação a essas declarações, especialmente no que diz respeito à profundidade”, avaliou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
“Se será suave, no que ela resultará? O país precisa de reformas profundas e não de reformas suaves sob pena de estar tratando de um tema de tamanha complexidade sem a importância e profundidade que o mercado espera”, afirmou.
Simultaneamente, o caso envolvendo movimentações atípicas do senador eleito e filho do presidente Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, ganha novos desdobramentos e começa a gerar incômodo entre investidores.
“Por mais que o governo tente e queira separar o efeito Flávio Bolsonaro do governo, é difícil, o mercado não trabalha com essa isenção como o governo gostaria. Por mais que o governo insista em declarar que ele não faz parte do governo, ele na realidade é filho do presidente. Não adianta querer dissimular porque o mercado vai associar sim”, afirmou.
Segundo reportagens do Jornal Nacional, da TV Globo, o Coaf identificou 48 depósitos de 2 mil reais entre junho e julho de 2017 e um pagamento de pouco mais de 1 milhão de reais de um título bancário da Caixa Econômica Federal na conta de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual.
Em entrevista à Reuters no domingo, o vice-presidente e atual presidente em exercício, general da reserva Hamilton Mourão, avaliou que o imbróglio “não tem nada” a ver com o governo.
No exterior, o mercado observa com cautela o menor crescimento da economia chinesa, que em 2018 desacelerou para o seu nível fraco em 28 anos sob o peso do enfraquecimento da demanda doméstica e das tarifas dos Estados Unidos.
O índice do dólar ante uma cesta de moedas, apesar disso, mantinha-se próximo da máxima em suas semanas, cotado em 96,377.
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 13,4 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de fevereiro, no total de 13,398 bilhões de dólares.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
Por Laís Martins/ Reuters