Pelo menos 95% da carne bovina do Brasil é produzida em regime de pastagens. A área total é de aproximadamente 167 milhões de hectares.
Vale destacar que na alimentação do rebanho bovino tem surgido grandes avanços, especialmente no melhoramento das pastagens já existentes. A adoção de capins selecionados e desenvolvidos por meio de pesquisa científica no Centro-Oeste brasileiro, foi uma das coisas que alavancou a capacidade de suporte e também o desempenho dos animais. As cultivares liberadas, principalmente pela Embrapa, na sua maioria selecionados a partir da variabilidade natural, espelham o sucesso do método utilizado e respondem por mais de 70% do mercado de sementes forrageiras.
Os sistemas de pastejos constituem a forma mais clássica do produtor controlar a alimentação dos seus animais. É importante destacar que existem dois tipos. O sistema de pastejo continuo que é aquele mais utilizado em função do baixo custo com as instalações.
A lista de vantagens incluí a distribuição inteligente de água, cochos, sombreamento e diversos outras ferramentas necessárias para o bom desempenho das pastagens e do pastejo. É claro que também tem desvantagens como maior seleção de animais que preferem se alimentar das folhas do que os colmos. Além disso, manter o controle do rebanho também se torna mais trabalhoso porque eles ficam espalhados na área de pastagem que, muitas vezes, pode ser ampla.
Já o sistema rotacionado caracteriza-se pela mudança periódica e frequente dos animais de um piquete para o outro. Estes piquetes têm tamanhos definidos pelo projeto feito previamente e de acordo com o número de animais. O objetivo é dar um período de descanso para as forrageiras. No rotacionado há formas para calcular os dias de pastejo e de descanso para cada piquete. “É importante destacar que o período de descanso varia entre 28 e 56 dias. Essa variável está diretamente ligada a espécie de forrageira usada no piquete”, explica o engenheiro agrônomo Auriano de Jesus Almeida.
Por isso é importante que o produtor tenha bastante cuidado na hora de fazer a escolha do capim. Os bovinos preferem forrageiras com muitas folhas e poucos colmos. São as folhas que alimentam e engordam o boi. “As forrageiras mais apreciadas são a paiaguás, piatã e a marandu. Em seguida, vem a decumbens, a humidícola e a xaraés. Esta última, apesar de possuir muitas qualidades, os bovinos não gostam muito porque seus colmos são mais duros do que as outras braquiárias”, informa a pesquisadora Valéria Pacheco Euclides, da Embrapa Gado de Corte.
Da família dos panicuns, que inclui os capins mombaça, massai, zuri e o tanzânia, também estão entre os preferidos dos bovinos, O tanzania é o mais aceito pelos animais, apesar de seus colmos serem mais grossos que do capim-massai, ele é menos fibroso, por isso a preferência. A planta apresenta boa proporção de folhas, com altos conteúdos de proteína e digestibilidade proporcionando ótimos ganhos de peso por animal. É uma cultivar para solos muito férteis e apresenta alta capacidade de suporte. Outra vantagem do tanzânia é a facilidade de maneja-la, além de apresentar boa produção de sementes e resistência a cigarrinha-das-pastagens..Os animais são muito seletivos e avaliam os alimentos. “Quanto mais grosso o colmo mais difícil de arrancar e mastigar”, explica a pesquisadora Valéria que acrescenta: “o instinto do animal é pegar o que é mais fácil e o que enche mais a boca, a chamada bocada”.
Depois de escolher a forrageira vem a etapa do solo que deve ser bem preparado para receber a semente da pastagem. O solo também é parte importante neste processo. É preciso ser protegido contra erosão e a vegetação indesejada deve ser retirada. Outro ponto importante é fazer uma análise de solo para determinar o uso de corretivos. Deve-se também controlar os insetos e pragas, promover a distribuição do calcário e do fósforo, arar, gradear, distribuir potássio e nitrogênio, fazer uma gradagem niveladora e cuidar a umidade do solo.
Além do solo, a semente também é importante na hora de formar a pastagem. A semente a ser utilizada deve ser de qualidade, ou seja, saudável, vigorosa e livre de contaminação por impurezas, nematoides e outas sementes indesejadas. As sementes devem ser plantadas de três a cinco centímetros de profundidade. Dependendo do caso podem ser plantadas a lanço, em sulcos ou por meio do plantio direto.
Dica – A formação de boas pastagens exige cuidados. Para gerar melhores resultados na pecuária, tanto para a produção de leite quanto de carne, a escolha de uma boa forrageira é fundamental. Porém, essa decisão ainda deixa muitos produtores com dúvidas. Segundo os pesquisadores Domingos Paciullo e Carlos Augusto de Miranda Gomide, da Embrapa Gado de Leite, a escolha da planta forrageira deve ser feita com base nas características da espécie e da propriedade, principalmente aspectos do solo e do clima. O produtor também deve considerar para qual atividade a forrageira será utilizada.
Por: SENAR/MT