O Brasil, a partir de meados dos anos 70, vem se tornando o líder mundial em tecnologia que transforma biomassa em energia.
O primeiro e até agora mais bem sucedido programa neste sentido foi o Proálcool, mas – aos poucos – novos agentes vem ganhando terreno dentro deste mercado e formando uma cadeia industrial própria, que agrega desde a produção na lavoura até a indústria de bioquímicos mais complexa.
Soja – com começo bastante tímido, incrementando apenas 2% no volume total de diesel oferecido nos postos do país, o biodiesel ganha cada vez mais espaço, principalmente por conta dos tratados de redução de gases poluentes na atmosfera, dos quais o Brasil é signatário internacional.
Na última década, o país aumentou em 243% o volume de óleo de soja destinado à fabricação deste combustível, conforme indica o último anuário da Abiove – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – mesmo com as usinas operando ainda com apenas metade de sua capacidade média instalada.
Seguindo a política de aumentar gradualmente o volume de biodiesel na composição dos combustíveis oferecidos nas bombas dos postos, a legislação determina que, a partir de março deste ano, para cada litro de diesel comercializado haja 100 ml de biodiesel, composição que recebe o nome de diesel B10.
Milho – A exemplo do soja, outro produto que vem ganhando rápida importância na matriz bioenergética no Brasil é o milho. Além do aumento gradual da demanda para atender crescentes rebanhos dentro e fora do país, o milho se tornou fonte de produção de etanol, principalmente em Mato Grosso.
Em Lucas do Rio Verde (334 km de Cuiabá), foi inaugurada a primeira planta de produção de etanol à base de milho do estado. Além desta usina, que espera atingir a marca de 500 milhões de litros de combustível já em 2018, a FS Bioenergia já iniciou o programa de construção de uma nova unidade, na cidade vizinha de Sorriso.
Segundo a assessoria de comunicação da empresa, há a perspectiva de que haja demanda de 3 milhões de tonelada do cereal para a produção de 1,2 bilhão de litros de etanol.
O grau de relevância do projeto foi tão significativo para a agroindústria nacional que o próprio presidente da República, Michel Temer, esteve presente na cerimônia de inauguração da unidade de Lucas do Rio Verde, em agosto de 2017.
Para o Gestor de Projetos do IMEA – Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária, Paulo Ozaki, há uma longa jornada ainda a ser percorrida, mas mesmo agora a indústria de etanol é uma opção tão viável ao empresário rural quanto a pecuária.
Para ele, a elasticidade do mercado ainda pode ser considerada grande, pois a demanda ainda tende a crescer nos próximos anos, favorecendo a política de preços oferecidos pela matéria prima: “Isso tende a melhorar questões de comercialização, mas ainda temos um volume muito grande e a tendência é de ele cresça. A exportação é um meio de escoar. À medida que o Mato Grosso se industrialize em termos de carnes e etanol, isso tende a melhorar algumas relações. Se não melhorarmos o consumo interno, dependeremos muito da exportação ainda”, conclui.
Fonte: Cenário MT