Fazenda do MT se especializou em produzir gado ‘sob medida’, para carne tipo premium, obtendo bônus de até 12% por arroba. Uma das regras é a regularidade de oferta, atualmente em 200 cabeças por mês.
O mercado de carnes premium – cuja demanda cresce 30% ao ano, conforme estimativas de especialistas – está viabilizando um velho sonho da cadeia pecuária bovina: a “produção dirigida” ou “sob medida”. Muitos pecuaristas no País já seguem protocolos pré-definidos por parceiros frigoríficos ou varejistas, dando origem a uma nova categoria de fornecedores, que trabalha não mais centrada na sua própria visão de qualidade, mas na do consumidor. O gaúcho Carlos Miguel da Silveira, 57 anos, gestor da Agropecuária Maria da Serra, pertencente à Família Zagonel, do Rio Grande do Sul, faz parte desse grupo. Quando ele assumiu a administração das propriedades da empresa, em 2013, decidiu transformar uma delas – a Fazenda Serrinha, de 7.777 ha, localizada no município de Santo Antônio do Leverger, 40 km ao sul de Cuiabá, MT – em uma “fábrica” 100% especializada na produção de carne premium, de qualidade tão boa quanto a servida nos melhores restaurantes de São Paulo.
Não era uma tarefa simples. Durante muitos anos, a Fazenda Serrinha havia se dedicado à produção de tourinhos Nelore em pastejo extensivo. Mudar esse sistema produtivo, fazendo cruzamento de vacas Nelore PO com raças britânicas parecia loucura à primeira vista, além de demandar grande investimento em infraestrutura para intensificação de pastagens. Não havia ainda (como há hoje) um mercado tão definido para a carne de qualidade, mas Silveira conseguiu convencer os seis sócios da empresa de que precisava atacar em três frentes para melhorar a rentabilidade de seu negócio: aumentar a quantidade de animais comercializados; girar rapidamente a produção, o que era mais fácil com gado de corte; e agregar valor ao produto. “Após uma modificação societária feita, em 2012, nosso rebanho havia diminuído e precisávamos recompô-lo. A Fazenda Serrinha era a mais indicada para enfrentar esse desafio, por meio da intensificação”, justifica.
Silveira tinha a opção de trabalhar apenas com recria/engorda, mas não queria perder a qualidade genética incorporada ao plantel Nelore após anos de seleção. A cria também lhe parecia fundamental para viabilizar um projeto de carne premium, que pretendia abater 400 cruzados precoces/mês, próprios e adquiridos de terceiros. Para isso, ele decidiu produzir desde o sêmen (tem touros em central) até o animal gordo. Dos 3.015 bovinos vendidos em 2017, 86% (2.593) eram cruzados. Os 14% restantes eram vacas de descarte, alguns reprodutores Nelore e garrotes dessa raça oriundos de repasse, que são vendidos à desmama (não ficam na fazenda). Em 2017, 90% dos cruzados terminados foram vendidos à rede de restaurantes Outback e o restante à VPJ Alimentos, de SP, além de projetos regionais, como o do Frigorífico Boi Branco, de Cuiabá. DBO pôde conferir (na grelha e no prato) a alta qualidade dessa carne, que permite ao pecuarista vender novilhas a preço de boi e novilhos com ágio de 12%/@.
A matéria completa está na edição de abril da Revista DBO, vale a pena conferir.
Por: Maristela Franco – DBO