Uma parceria entre Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) com a Embrapa Amazônia Ocidental vai viabilizar cooperação técnica nas ações de pesquisa e transferência de tecnologia voltadas para a sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)
O objetivo é promover o aumento da produtividade e da sustentabilidade da pecuária no estado do Amazonas.
Um memorando de entendimento para a cooperação técnica nas ações de pesquisa e transferência de tecnologia em ILPF foi assinado pelo chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Brum Rossi, e pelo presidente da Faea e do Senar-AM, Muni Lourenço, no final da tarde de 17 de maio, em evento na sede da Embrapa Amazônia Ocidental. A assinatura ocorreu durante visita institucional de presidentes de Federações de Agricultura e Pecuária da Região Norte e da diretoria da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que estavam em Manaus pela primeira vez para reunião regional dessas entidades.
A cooperação técnica entre Faea, Senar e Embrapa Amazônia Ocidental se dará por meio da implantação de unidades de referência tecnológica do sistema ILPF em municípios do Baixo Amazonas e Sul do Estado, sub-regiões onde a atividade pecuária já está presente. Esta ação se articula a atividades realizadas pela Embrapa, por meio do projeto Transferência de Tecnologia em sistemas de ILPF nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima.
O chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental ressaltou que essa cooperação vai permitir à Embrapa “chegar mais longe com a ajuda dos parceiros e principalmente incentivar a melhorar a produção agropecuária no estado do Amazonas”. O sistema ILPF é indicado pela Embrapa como uma alternativa para melhorar a sustentabilidade da pecuária na Amazônia, unindo a adequação ambiental e a viabilidade econômica.
O presidente da Faea e Senar-AM, Muni Lourenço, destacou a importância da parceria entre a Embrapa com o setor produtivo amazonense. “Vamos fazer esse esforço de implantar unidades demonstrativas de ILPF em áreas de produtores rurais associados à Federação da Agricultura e que vão servir de vitrine para que tantos outros produtores dessas regiões conheçam in loco essas unidades demonstrativas, se convençam da viabilidade e implantem isso nas suas propriedades, ganhando todos, o produtor, a economia e o meio ambiente”, disse o presidente da Faea.
ILPF no Amazonas – Pesquisas realizadas pela Embrapa demonstram que é viável recuperar pastagens degradadas por meio de técnicas de manejo do solo e a implantação de lavouras específicas. Para as condições do Amazonas as lavouras são de milho e feijão-caupi. Além de ajudar a recuperar o solo, as lavouras permitem reduzir os custos da reforma da pastagem por meio da venda da produção agrícola.
Dados de pesquisas da Embrapa Amazônia Ocidental, indicam que o sistema ILPF para recuperação de pastagens degradadas no Amazonas permitiria aumentar a produtividade da pecuária nestas áreas. Com uso da tecnologia, a lotação atual, que é inferior a uma unidade animal por hectare, pode alcançar entre 2,5 e 5 unidades animais, dependendo do nível de intensificação adotado. Isso acontece devido ao aumento da quantidade de alimento (pasto) produzido na área e disponível para o rebanho. Atualmente a produção média de forragem das áreas de pastagens degradadas é inferior a essa produção, chega a 10 toneladas de matéria seca por hectare por ano e com o sistema ILPF pode alcançar até 25 toneladas por hectare por ano, segundo informações do pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Rogério Perin.
Reunião na Embrapa – O ato de assinatura para a parceria nas ações de ILPF firmada entre Faea, Senar-AM e Embrapa Amazônia Ocidental foi presenciado por membros da diretoria da CNA, dirigentes das Federações de Agricultura do Amapá, Rondônia, Roraima, Pará e Amazonas, membros da diretoria nacional do Senar, representantes de Sindicatos Rurais de 15 municípios do Amazonas, secretário de Estado de Produção Rural (Sepror-AM) e gestores dos órgãos vinculados aos sistema Sepror, representantes da Superintendência Federal de Agricultura (SFA/Mapa), técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e mais técnicos de órgãos do setor primário no Amazonas e produtores rurais.
Para esse público, o chefe-geral Luiz Marcelo Rossi apresentou algumas das principais tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Ocidental que representam oportunidade para maior produtividade de alimentos e geração de renda por meio da agropecuária no Amazonas. Foram destacados exemplos que aumentam a produtividade nas culturas do milho, feijão-caupi, banana, mandioca, guaraná, citros, piscicultura entre outras, com destaque para tecnologias voltadas para pecuária como a recuperação de pastagens pelo sistema ILPF. Na reunião, também o pesquisador da Embrapa Jeferson Macêdo apresentou experiência bem sucedida de recuperação de pastagens e início de implantação de ILPF no município de Parintins (AM), destacando a redução de custos que se consegue com a introdução de lavouras de milho e o aumento na produtividade de leite obtida após a recuperação do pasto.
Em sua primeira visita à Embrapa como secretário da Sepror-AM, Cidenei Lobo, (que assumiu o cargo há uma semana), conheceu algumas das principais tecnologias disponíveis e disse que é importante a união das instituições do Governo e dos produtores para que isso chegue ao interior do estado, destacando o papel do sistema Sepror e da extensão rural estadual, que é exercida pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário Florestal do Amazonas (Idam). “Os municípios precisam do Idam para levar os resultados das pesquisas da Embrapa aos produtores do Estado”, ressaltou o secretário.
O presidente da CNA, João Martins, citou que as federações de agricultura têm realizado parcerias com a Embrapa em vários estados do País, para diversas tecnologias e que as parcerias também são oportunidade para a Embrapa saber o que produtor precisa. “Nós precisamos da Embrapa e a Embrapa precisa da gente, é uma relação de mão dupla para fazer a tecnologia chegar mais perto do produtor”, disse Martins. “A porta do nosso Sistema está aberta cada dia mais para fazer novas parcerias”, destacou o presidente da CNA.
Mais sobre o sistema ILPF – Os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta fazem parte de uma estratégia nacional, sendo uma alternativa viável de produção e recuperação de áreas alteradas ou degradadas. De acordo com nota técnica da Embrapa, elaborada por pesquisadores, “a ILPF busca integrar sistemas de produção de alimentos, fibras, energia e produtos madeireiros e não madeireiros, realizados na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação, para otimizar os ciclos biológicos de plantas e animais, insumos e seus respectivos resíduos. Visa, ainda, manutenção e reconstituição da cobertura florestal, a recuperação de áreas degradadas, a adoção de boas práticas agropecuárias (BPA) e aumentar a eficiência com o uso de máquinas, equipamentos e mão de obra, possibilitando, assim, gerar emprego e renda, melhorar as condições sociais no meio rural e reduzir impactos ao meio ambiente”
Fonte: Embrapa