O objetivo é realizar a coleta de artefatos de borracha e pneus cuja vida útil terminou e descarta-los em um ambiente correto
A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), em parceria com a Associação dos Heveicultores de Mato Grosso (Ahevea), elabora um projeto pioneiro para certificação da borracha no estado. O objetivo é realizar a coleta de artefatos de borracha e pneus cuja vida útil terminou e descarta-los em um ambiente correto para que não cause o desequilíbrio ecológico e ambiental. O trabalho de pesquisa tem a finalidade de mapear a situação atual e estudar soluções em conjunto com os municípios.
Os pneus inservíveis abandonados, ou dispostos inadequadamente, resultam em sério risco ao meio ambiente e a saúde pública. A principal matéria-prima dos pneus, a borracha vulcanizada, não se degrada facilmente. Estima-se em 600 anos o prazo necessário para um pneu se decompor. O presidente da Ahevea, Clodoaldo Maccari, esclarece que o principal foco da Associação é a certificação da borracha em Mato Grosso que tem como finalidade cumprir a legalidade econômica, social e ambiental dentro da cadeia heivícola, além de agregar valor à borracha produzida pelo seringueiro, com incremento da renda dos municípios.
Conforme Maccari, o projeto de certificação é pioneiro no Brasil e estuda a metodologia adequada para garantir a qualidade do produto entregue à indústria. Também verifica a emissão do selo de borracha limpa, agregando valor ao produto final, quantidade de carbono sequestrado e a instalação de miniusina para industrializar o látex. Para conseguir a certificação, é importante seguir algumas etapas, como por exemplo, dar segurança ao trabalhador rural auxiliando nas Boas Práticas de Produção (BPP) no campo, destinação final dos artefatos de borracha e pneus que não são mais utilizados, monitoramento das florestas e outros.
O engenheiro florestal da Empaer, Antônio Rocha Vital, comenta que a extração da borracha é a maior atividade econômica do município de Gaúcha do Norte (595 km de Cuiabá), com uma área plantada de 2.800 hectares de seringueira e 172 produtores. Ele conta que com a implantação do Programa da Borracha (Probor III), nos anos de 1983 e 1984, os técnicos da Empaer auxiliaram na implantação de 579 hectares. Foi a partir da década de 80 que o empreendimento trouxe benefícios para a comunidade, além da geração de emprego e renda, e agora o trabalho de certificação vai começar no município.
De acordo com Rocha, o estado possui plantio de seringueira numa área de 40 mil hectares. Além de produzir látex, os seringais ocupam outra posição, que é o sequestro de carbono. Uma tonelada de borracha natural seca da seringueira possui aproximadamente 900 kg de carbono. “A seringueira tem demonstrado grande potencial no estoque de carbono na madeira, borracha e solo”, explica.
O projeto de certificação vem para incrementar a renda dos municípios com a reciclagem da borracha. Rocha comenta que pneus atirados nos rios e lagoas represam a água e assoreiam os leitos dos rios. A queima ou incineração de pneus a céu aberto, em geral para aproveitamento do aço dos pneus radiais, produz um resíduo oleoso que contamina o solo e o lençol freático, além de intensa fumaça preta contendo dióxido de enxofre, hidrocarbonetos e outros produtos químicos responsáveis pela poluição do ar. “São vários problemas de saúde pública, o mais recente é o acúmulo da água das chuvas paradas em pneus, disseminando doenças como a dengue e outras”, esclarece.
Preço da borracha
Os produtores rurais vão receber pela venda da borracha natural o valor de R$ 2,72 o quilo, o novo preço mínimo passa a vigorar nesta safra 2017/2018. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Borracha Natural (CSBN), definiu o preço que será praticado no Brasil. O engenheiro florestal Vital diz que o aumento de preço é uma necessidade para garantir a permanência do heveicultor na atividade.
Fonte: Empaer