Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) retomou, em conjunto com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), a rodada de reuniões com produtores rurais para conhecerem a proposta do novo Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab). Na manhã desta segunda-feira (30.05), o público foi da região de Rondonópolis, a chamada Região 9, onde o montante de investimentos previstos é de mais de R$ 463 milhões dentro dos próximos sete anos para a construção e pavimentação de rodovias estaduais, caso os produtores decidam que aceitam a proposta.
O presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado, participou da apresentação do projeto e ouviu as dúvidas e manifestações dos produtores locais. Mais de 30 compareceram à reunião no auditório da sede do Sindicato Rural de Rondonópolis, oriundos de municípios adjacentes como Jaciara e Alto Garças. Prado deixou claro que a intenção é tornar o processo o mais transparente possível para os produtores rurais, os contribuintes do possível novo imposto.
“Com esse compromisso de representar o produtor, temos que falar a verdade, sermos transparentes e realmente discutirmos o que está acontecendo no nosso Estado. Eu vejo isso como um investimento, mas pode ser que alguém não, e cada um tem sua opinião. Nós fizemos questão de trazer essa discussão para vocês, para todas as nove regiões previstas no projeto, para buscar o máximo de transparência possível”, destacou o presidente da Famato.
O chamado Fethab 2, pelo qual os agricultores e pecuaristas, caso seja aprovada a iniciativa pelo Conselho Diretor, pagarão o valor dobrado de imposto para destinar recursos da ordem de R$ 2 bilhões à pavimentação de rodovias estaduais, divide opiniões. A quem acredite que a formação da parceria público-privada seja uma melhor alternativa, do que o recolhimento de mais impostos.
“Em Ipiranga do Norte, no governo Blairo Maggi, nós realizamos uma parceria para pavimentação que deu muito certo. Mas é difícil, pois em cada região o produtor pensa de uma forma. Só que a gente não pode pensar única e exclusivamente na nossa região, tem que pensar no todo. O Mato Grosso é nosso, o desenvolvimento é para todos. Não é bom pagar mais imposto, mas trata-se do crescimento de todos”, ponderou a produtora rural Norma Gatto.
Para alguns, a responsabilidade de construir rodovias é inteira do governo, tendo em vista a arrecadação de diversos impostos, de fontes diferentes, já feita pelo Estado. “Esse é um momento muito pesado para nós, agricultores, que tivemos perdas na segunda safra, estamos endividados. Pode ser que nós não tenhamos condições nem de pagar os financiamentos, como vamos pagar mais impostos?!”, questionou a produtora Joana Menegassi.
Prado aproveitou também para relembrar aos produtores o tanto que o setor agropecuário contribuiu para arrecadação estadual, ao contrário do que, erroneamente, como frisou, vem sendo dito. “Nós contribuímos muito com esse Estado. Mais de 50% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) arrecadado em Mato Grosso vêm do agronegócio, nosso. A gente vem falando isso e é preciso que vocês também falem, porque o cerco está apertando para nós e precisamos tomar decisões sobre quais caminhos queremos”, salientou.
Ainda nesta segunda-feira, será a vez dos produtores de Primavera do Leste e municípios vizinhos conhecerem a proposta para a região. Após esse, o encontro será em Alta Floresta, no próximo dia 6.