Na manhã desta segunda-feira (1), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago operavam com baixas de mais de 15 pontos entre os principais vencimento – levando o novembro/16, referência para a nova safra americana, a US$ 9,85 por bushel -, devolvendo boa parte das altas acumuladas na semana anterior.
Com os ganhos das últimas sessões, as cotações bateram nas máximas em uma semana e, com o mercado ainda confinado a um intervalo curto de preços e com seu foco principal voltado ao clima no Meio-Oeste americano, voltam a recuar neste início de semana.
Segundo informações de agências internacionais, o maior fator de pressão sobre os preços praticados em Chicago ainda são as boas condições de desenvolvimento da nova safra norte-americana, apesar de alguns problemas pontuais de clima, as quais reforçam as projeções de uma produção robusta nos EUA na temporada 2016/17.
Além disso, nesta segunda-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) atualiza, às 17h (horário de Brasília), seus índices de condições de lavouras e, apesar de chegar após o fechamento do mercado em Chicago, os novos números causam especulações. E ainda hoje, será reportado o novo boletim semanal de embarque de grãos pelos EUA, o que também poderá ter alguma influência sobre os negócios.
Os futuros da soja sentem, ainda de acordo com analistas internacionais, a pressão de alguns elementos do mercado financeiro, como o petróleo que, nesta manhã de segunda-feira, perdia mais de 1% na Bolsa de Nova York, ou de uma alta do dólar index, que também pesava sobre as commodities.
Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago subiram quase 30 pontos entre as posições mais negociadas na sessão desta sexta-feira (29). O mercado internacional recuperou boa parte das baixas registradas dos últimos dias, porém, os ganhos foram insuficientes para promover um avanço também das cotações no mercado brasileiro. A maior parte das principais praças de comercialização encerrou a semana com queda em suas referências, de acordo com um levantamento feito pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bittencourt Lopes.
O recuo dos preços no mercado interno variaram de 1,40% a 11,77% na última semana, mantendo as cotações entre no patamar dos R$ 70,00 por saca, a exceção fica por conta de Ponta Grossa, no Paraná, por exemplo, onde o valor manteve sua estabilidade nos R$ 82,00, ou em Barretos, São Paulo, onde o preço cedeu quase 3% e foi a menos de R$ 65,00 por saca. As diferenças se dão por conta de um mercado que vai se instalando na entressafra e mostra seus negócios, portanto, cada vez mais regionalizados.
Em Mato Grosso, as praças de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis terminaram a semana com queda de 1,43% e a saca valendo R$ 71,00; no Mato Grosso do Sul, em São Gabriel do Oeste, preço em R$ 72,00, estável; em Panambi, no Rio Grande do Sul, baixa de 2,71% para R$ 71,04 por saca.
A consequência desses preços em queda é mais uma semana de comercialização travada no Brasil, movimento que se fortalece pela baixa disponibilidade de produto internamente e que permite, portanto, que os produtores brasileiros apostem na chegada de novos e melhores momentos de venda nos próximos meses, como explica o consultor de mercado Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.
“Uma ou outra venda é realizada somente em regiões onde o produtor precisa liberar os armazéns para a entrada do milho”, explica. “Mas os produtores não estão vendendo, principalmente a soja disponível. Há pouquíssima soja no Centro-Sul do Brasil, cerca de 5% da produção, e ainda nem entramos em agosto”, completa o consultor.
Fernandes explica que essa oferta de soja no Brasil poderá se ajustar ainda mais nesses próximos meses dada a forte demanda da indústria esmagadora, especialmente em regiões de atividade industrial mais intensa, como Rio Verde/GO e Sorriso e Rondonópolis/MT. Termômetro dessas boas perspectivas são os prêmios ofertados para a soja no interior brasileiro que já se aproximam de US$ 3,00 por bushel acima dos preços praticados na Bolsa Chicago, contra valores que variam de US$ 1,80 a US$ 2,00 nos portos.
Por outro lado, a formação dos preços no Brasil ainda sente a pressão do câmbio. O dólar encontra dificuldades para voltar a subir de forma consistente e recuperar o patamar dos R$ 3,30, o que também afugenta os vendedores neste momento. Nesta sexta-feira, a moeda norte-americana perdeu mais de 1,5%, foi a R$ 3,2429 e registrou seu menor nível desde o início de julho. Na semana, segundo informa a Reuters, a baixa foi de 0,47%, porém, no mês, subiu 0,92%.
“Com a aprovação do impeachment, não acho impossível o dólar voltar a buscar novamente níveis próximos de 3 reais”, disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues em entrevista à agência de notícias. Além da questão política interna, o cenário externo chama atenção ainda pelo futuro dos juros nos EUA – que ainda deve demorar a registrar alguma alta e segue limitando esse avanço da divisa.
No mercado internacional, a semana foi de intensa volatilidade e as cotações testando em todos os dias e durante o dia os dois lados da tabela, chegando até mesmo em bater em suas mínimas de três meses. Ainda assim, com a boa alta desta sexta-feira, os futuros da soja conseguiram um balanço positivo. O primeiro contrato – agosto/16 – foi a US$ 10,32 por bushel, subindo 2,58%, enquanto o novembro/16, o mais negociado neste momento e referência para a nova safra americana, foi a US$ 10,03 com ganho de 1,49%.
A recuperação, ainda como explica Ênio Fernandes, foi um movimento natural após o recuo recente e diante de especulações que, principalmente o cenário climático no Meio-Oeste americano ainda inspira. E lembra ainda que a grande safra projetada para a temporada 2016/17 dos EUA já estaria precificada.
“Se a safra americana for 105 milhões ou 109 milhões de toneladas, isso já está no preço. Acredito que dificilmente veremos um mercado abaixo dos US$ 9,30, porque isso se distancia muito do custo de produção do produtor americano”, diz.
A atuação dos fundos de investimento, mais uma vez, também foram um fator de muita atenção nesta semana, acentuando ainda mais a volatilidade entre as cotações. Além das informações de clima, afinal, seu foco se dividiu com as informações da demanda, que foram importantes nos últimos dias, especialmente com a chegada de novos anúncios de vendas por parte dos EUA.
Ainda nesta sexta-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe um novo anúncio de venda de soja em grão de 129 mil toneladas e também favorece o movimento positivo das cotações. Durante esta semana, outros dois anúncios de vendas foram feitos totalizando um volume de 588 mil toneladas, com operações referentes à ambas as temporadas.
“Na demanda americana, o interesse da China pela soja norte-americana está aumentando e existe uma expectativa do mercado de que, na próxima segunda-feira (1), os embarques semanais de soja dos EUA alcance algo entre 710m mil e 870 mil toneladas”, explica a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora. “Com vendas extras ou não, o ritmo dos carregamentos nos EUA é crescente e ainda precisa se acelerar, principalmente para que a projeção de exportação da safra velha seja alcançada”, completa.
Clima nos EUA
As divergências entre os principais modelos climáticos começam a aparecer entre as previsões para o Corn Belt e também ajudaram a tirar parte do direcionamento dos preços na última semana. Entretanto, já se espera um agosto – que é o mês determinante para a cultura da soja no país – mais quente e um pouco mais seco em determinadas regiões.
“O mês de agosto vem se mostrando mais quente nas previsões, mas isso já estava no preço, mas vai motivar alguns movimentos especulativos”, explica o consultor da Terra Agronegócios. Novos índices das condições das lavouras norte-americanas serão reportadas na próxima segunda, 1º de agosto.
Para o intervalo dos próximos 8 a 15 dias, as previsões indicam, ainda de acordo com informações apuradas pela Labhoro Corretora, temperaturas acima da média para esta época do ano de 2ºC a 6ºC. De acordo com previsões do NOAA, o departamento oficial de clima dos EUA, entre 6 e 12 de agosto, as chuvas deverão ficar abaixo da média e as temperaturas se mostrarão mais elevadas.
Fonte: Notícias Agrícolas