Após a troca de cartas de reconhecimento entre Brasil e Estados Unidos, nesta segunda-feira (1), para ampliar o mercado de carne bovina in natura entre os dois países, o senador mato-grossense Wellington Fagundes (PR) destacou o potencial do Estado na produção de carne do tipo, afirmando que, com a medida, estima-se uma movimentação de 60 mil toneladas de carne só no ano que vem.
Segundo o republicano, isso ajudará a economia brasileira a se recompor, em tempos de crise. “Os EUA além de ser um grande comprador é uma grande grife. A partir do momento em que você vence todas essas barreiras, comerciais e sanitárias, você abre o mercado para muitos outros países”, contou o republicano.
O ministro da agricultura, Blairo Maggi, afirmou que o acordo entre Brasil e Estados Unidos prevê a exportação anual de até 60 mil toneladas de carne bovina in natura sem taxas. Se esse limite for ultrapassado, cada produtor terá de pagar uma taxa de 26% sobre o valor da nota fiscal.
Wellington aposta na medida como uma das principais formas de auxiliar o país a desenvolver tecnologia para o campo, fazendo com que o produtor possa, cada vez mais, investir em novos métodos de produção e na consciência para o aspecto sanitário. ”Isso gerará muito emprego e um trabalhador especializado. Quem ganha é o povo brasileiro”, comemora.
O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, afirma que o produtor ainda pretende estudar melhor a inserção da carne no país norte-americano. Ele conta que, para o mercado externo, os produtores ainda poderão se especializar para adicionar mais valor aos produtos. “Hoje nós trabalhamos com 3 gamas de produtos: carne culinária, carne ingrediente e carne gourmet”, explica. “No começo, acredito que iremos ocupar bastante esse espaço de carne culinária e o ingrediente. Ficará faltando estudar a percepção de encaixe do nosso tipo de produto num mercado mais rentável”, completou.
O mato-grossense, Maurício Tonhá, conhecido como Maurição, um dos maiores leiloeiros de gado do país, afirma que o país conseguiu, finalmente, se inserir em um dos mais exigentes mercados consumidores do mundo. “E, assim sendo, teremos condições de não só alcançar os mais de 300 milhões de americanos, como também de atingir outros mercados nobres, como o japonês, o canadense, o mercado australiano, o coreano, todos esses que pagam alto valor em nossos produtos. E isso fará com que tenhamos novos patamares para a agropecuária brasileira”, elucidou o especialista.
Em seu discurso, o presidente Interino, Michel Temer, também aliou a abertura do comércio à criação de novos empregos para o setor. Sem citar a presidente afastada Dilma Rousseff, afirmou também que o acordo foi “um trabalho de muitos anos”. Ele disse ainda que durante os 80 dias de governo, o Planalto fez coisas boas, sendo a principal delas escolher ministros.
Continuidade – Para Wellington, a política assinada por ambos os países está de acordo com a empreendida no ano passado, quando participou da comitiva liderada pela então ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que viajou para o Japão e a Rússia com o objetivo de ampliar a participação do Brasil em dois dos mais importantes mercados internacionais.
Na avaliação do senador republicano, a viagem foi uma grande oportunidade para lidar com os interesses do país. Na ocasião, a pauta era o desentrave da exportação de carne bovina in natura no Japão, e a abertura de uma lista de frigoríficos brasileiros pré-autorizados a exportar para a Rússia.
O parlamentar lembrou ainda que o Brasil foi, nos últimos anos, o maior exportador global e possui os maiores rebanhos comerciais do planeta, com cerca de 200 milhões de cabeças bovinas.