Acordo para exportação de carne in natura para os Estados Unidos, assinado na sexta-feira (29), deverá levar outros países a importarem nossos produtos agropecuários.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, voltou otimista dos EUA, cujas autoridades sanitárias acabaram de dar sinal verde para a compra da carne brasileira in natura. Para Maggi, esta será uma das medidas que fará o Brasil cumprir a expectativa de ampliar sua participação nos próximos anos dos atuais 7% para 10% do mercado do agropecuário mundial.
De acordo com o ministro, este acordo é algo que vem sendo trabalhado há vários anos pelas autoridades dos dois países. “O que fazemos hoje é o reconhecimento de que o estado sanitário dos dois países são iguais e se complementam. Isso faz com que o Brasil seja reconhecido não só pelos Estados Unidos; boa parte do mercado internacional se abre neste momento”, afirmou o ministro.
“Tenho percebido que vamos crescer muito no setor agro, para sair de 7% da participação no comercio mundial para 10% nos próximos anos. Não é tarefa fácil, mas também não é impossível. Estamos mexendo internamente no ministério porque, se queremos produtos de qualidade, temos de produzir, fiscalizar e deixar que a iniciativa privada faça o seu trabalho”, acrescentou Maggi, para quem o papel da diplomacia foi relevante para que se chegasse a esse acordo. “Sou produtor rural, sei produzir e sei fazer volume e comércio. Mas sem uma diplomacia para [ajudar a] vender a outros países, nada disso adiantaria.”
Com o anúncio, frigoríficos de 14 Estados (Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins) e do Distrito Federal estarão habilitados a exportar carne in natura. Atualmente, o Brasil já exporta carne industrializada para os EUA, que lidera o ranking de importadores nessa categoria de carne brasileira. De janeiro a junho deste ano, foram enviadas mais de 15 mil toneladas de carne industrializada brasileira para esse país, resultando em um faturamento de US$ 130 milhões.
Para a carne in natura, o Brasil entrará em uma cota inicial de 64 mil toneladas – que inclui também países da América Central – informa, em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC. Os embarques devem ter início em setembro.
Desburocratização
Ainda segundo o ministro da Agricultura e Abastecimento, sua pasta tem atuado no sentido de desburocratizar regras no setor agropecuário, devendo, nos próximos dias, ser anunciadas revisões de cerca de 300 medidas burocráticas para tirar “dinheiro da mão da ineficiência e trazer para a mão da eficiência”.
Entre as medidas em estudo está a de facilitar a entrada de sementes de milho no mercado brasileiro, o que era prejudicado pela demora na autorização de entrada por meio dos portos brasileiros, segundo uma empresa do setor informou ao ministro. Ao conversar com um representante dessa empresa e manifestar o interesse do governo em rever as normas para a entrada do grão, Maggi foi informado que, com a agilização dos trâmites nos portos, a companhia ampliará de 15 mil toneladas para 50 mil toneladas o comércio dessas sementes com o Brasil.
“Há também medidas voltadas a frigoríficos, alimentos e também questões relativas aos rótulos dos produtos. Demoram-se meses para aprovar os rótulos, quando há estudos que mostram que o ministério tem de se preocupar é com os dados de garantia que ali estão”, disse.
Também presente na cerimônia de assinatura do acordo, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse não ter dúvida da qualidade dos produtos do campo brasileiros. “Nossa carne bovina é a principal exportadora, com 20% do mercado mundial. Exportamos 1,4 bilhões de toneladas a cada ano, o que equivale a US$ 6 bilhões. Há a possibilidade de um acréscimo de mais US$ 900 milhões nas nossas receitas, porque [com esta assinatura] vamos além do mercado norte-americano”, disse.
“Além disso, temos uma agricultura que tende a assimilar um comportamento sustentável. Temos de vender essa imagem. Mostrar que temos a agricultura que mais preserva recursos naturais”, afirmou Serra.
Fonte: Cenário Agro
*com informações da Agência Brasil e da ABIEC