O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (19), em Cuiabá, que pediu ajuda diplomática à Organização Mundial do Comércio (OMC) para conter o embargo de fertilizantes. Ele participou do lançamento da Marcha para Jesus, na capital mato-grossense, e comentou sobre o assunto durante discurso. Na segunda (18), Bolsonaro se reuniu com a diretora-geral da OMC, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala.
“Aproveitei o momento, dado a importância dessa senhora, [para] pedir para ela que embargos de fertilizantes não ocorram no mundo todo, bem como esses fertilizantes não continuem aumentando de preço. Caso contrário, poderemos brevemente estar envolvidos na guerra mais cruel que se possa imaginar, a guerra da segurança alimentar“, afirmou.
Os fertilizantes, especialmente nitrogênio, fósforo e potássio, são largamente usados pelo setor agrícola no país, sendo considerados essenciais para fornecimento de um ou mais nutrientes para as plantações. O Brasil consome 8% de toda a produção mundial de fertilizantes, avaliada em 55 milhões de toneladas, mas importa 85% do insumo usado pelo agronegócio, principalmente da Rússia, que sofre um forte embargo econômico promovido pelos Estados Unidos, países da Europa ocidental e Japão, por causa da invasão militar na Ucrânia.
“A gente pede a Deus sempre que nos dê esperança, que acalme os corações de quem quer que seja, para que a gente possa voltar à normalidade“, acrescentou o presidente, numa referência indireta à guerra na Ucrânia, que tem causado turbulências na economia mundial.
O presidente chegou por volta das 16h em Cuiabá para participar da 45ª Assembleia Geral Ordinária da Convenção Geral das Assembleias de Deus e o lançamento da Marcha para Jesus. Ele retorna na noite de hoje para Brasília.
Abaixo você pode conferir na íntegra como foi o passeio pelas ruas de Cuiabá realizado pelo presidente Bolsonaro.
Ainda sobre a situação dos fertilizantes
Brasil recebe fertilizantes da Rússia mas situação ainda não está normalizada.
O envio de fertilizantes russo para o Brasil segue seu fluxo, mesmo após quase dois meses de guerra no leste europeu. A informação consta em um relatório elaborado pela consultoria Stone X, que mostra que até o início de abril, cerca de 600 mil toneladas de fertilizantes vindos da Rússia estavam a caminho dos portos brasileiros.
O diretor de fertilizantes da Stone X, Marcelo Mello, ressalta que a carga foi enviada antes mesmo do início da guerra na Ucrânia, já que a importação do produto pode levar até 60 dias para chegar ao Brasil. Além disso, ele diz que o fluxo ainda não está normalizado.
“A impressão que tenho é que assim que começou a guerra, os embarques da Rússia para o mundo todo foram a 0. Um mês após o início do conflito vemos uma recuperação de novos navios saindo da Rússia, mas em volume muito abaixo do normal. Essa é uma situação complexa, onde não podemos ficar tranquilos, achando que os volumes estão vindo da Rússia para o Brasil. Não é isso que está acontecendo“, destaca Mello.
678 mil toneladas de fertilizantes russos devem chegar aos portos do Brasil
Apesar da preocupação de que as sanções contra a Rússia causem um déficit de fertilizantes no Brasil, dados preliminares de embarque mostram pedidos sendo atendidos e navios se direcionando ao Brasil, potencialmente permitindo uma temporada normal de plantio de grãos.
Pelo menos 24 navios transportando quase 678 mil toneladas de fertilizantes russos devem chegar aos portos do Brasil nas próximas semanas, de acordo com dados preliminares de embarque compilados pela Agrinvest Commodities.
Apesar das sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, os dados mostram que 11 dos 24 navios deixaram portos como de São Petersburgo e Murmansk, após 24 de fevereiro, quando a guerra começou. A maioria está carregando cloreto de potássio usado em campos de soja e milho.
O Brasil é dependente da importação de fertilizantes.
O Pebble Beach, com uma carga de 35 mil toneladas de cloreto de potássio, foi o último a deixar a Rússia em 4 de abril a caminho do porto de Vitória, no Sudeste, mostraram os dados.
Um comerciante de fertilizantes disse que os acordos ainda são possíveis, já que unidades estrangeiras de empresas russas continuam atendendo pedidos, enquanto bancos não afetados pelas sanções ocidentais processam os pagamentos.
As importações totais de fertilizantes e matérias-primas usadas para produzir adubos aumentaram 24,57%, para 9,795 milhões de toneladas no primeiro trimestre, segundo dados do Siacesp, um grupo do setor.
Só as importações de cloreto de potássio saltaram 41,75%, para 3,080 milhões de toneladas.
Esses volumes mostram que o Brasil continuou comprando mesmo com a alta dos preços e a guerra ameaçando atrapalhar as vendas de empresas na Rússia e na Belarus.
Atrasos ou falta de fertilizantes colocariam em risco a temporada de grãos de verão no Brasil, que começará no último trimestre de 2022.
Os três maiores fornecedores de cloreto de potássio para o Brasil no primeiro trimestre foram a canadense Canpotex, cujos acionistas são a Mosaic e a Nutrien, a empresa da Belarus Potash Company e a russa UralKali, segundo o Siacesp.
A Mosaic, a norueguesa Yara e a brasileira Fertipar foram as três maiores importadoras, trazendo juntas 1,3 milhão de toneladas entre janeiro e março, mostraram os dados.
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