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Mortes na Bahia não tem relação com “vaca louca”. As informações disponíveis, até o momento, indicam para um possível caso de Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) esporádica, forma que não possui relação com a ingestão de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) clássica (Vaca louca) e que não é transmitida de forma direta de um indivíduo para outro.
Vaca louca
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA descartou a hipótese de uma encefalopatia espongiforme bovina ter causado a morte de duas pessoas na Bahia. A doença também é conhecida como “vaca louca” e virou notícia após um surto de provocou centenas de mortes no Reino Unido nos anos 90.
“O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) esclarece que os casos de doenças neurodegenerativas investigados no estado da Bahia e veiculados na imprensa não estão relacionados à encefalopatia espongiforme bovina (EEB) – variante da DCJ (vDCJ), conhecida popularmente como doença da ‘vaca louca‘”, informou, em nota.
De acordo com a pasta, as informações disponíveis indicam um possível caso de doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) do tipo esporádica, sem relação com a ingestão de carne bovina, como a doença da vaca louca. “O ministério reforça ainda que o consumo de carne e produtos derivados de bovinos no Brasil é considerado seguro, não representando risco para a saúde pública”, completou..
Duas pessoas morreram em Salvador e três estão infectadas, de acordo com Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab). Dessas, duas estão internadas.
A doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma doença neurodegenerativa, caracterizada por provocar uma desordem cerebral com perda de memória e tremores. Evolui rapidamente e leva à morte do paciente. A DCJ é um tipo de encefalopatia espongiforme transmissível (EET) que acomete os humanos. A doença da “vaca louca”, por sua vez, é uma outra doença neurodegenerativa rara e que está ligada ao consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados com encefalite espongiforme bovina (EEB). É conhecida como variante da doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ)
As principais formas clínicas da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) são a esporádica, hereditária e a latrogênica, além da vDCJ. A forma hereditária ocorre em cerca de 10 a 15% dos casos de DCJ. Ocorrem por uma mutação no gene que codifica a produção da proteína priônica.
A esporádica constitui-se na maioria dos casos diagnosticados, 85% deles. Afeta geralmente pessoas entre 55 a 70 anos (média de 65 anos) e é discretamente mais prevalente em mulheres. Mundialmente apresenta uma incidência estável e descrita de 1 a 2 casos novos a cada 1.000.000 de habitantes. A forma esporádica não apresenta causa e fonte infecciosa conhecida, nem relação de transmissibilidade comprovada de pessoa a pessoa.
A forma latrogênica ocorre como consequência de procedimentos cirúrgicos (transplantes de dura-máter, uma das membranas que envolvem o cérebro, e de córnea) ou por meio do uso de instrumentos neurocirúrgicos ou eletrodos intracerebrais contaminados. Mais de 250 pacientes em todo o mundo foram associados a esta forma. Isso representa menos de 1% dos casos.
Nota oficial do MAPA sobre mortes na Bahia
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) esclarece que os casos de doenças neurodegenerativas investigados no estado da Bahia e veiculados na imprensa não estão relacionados à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) – variante da DCJ (vDCJ), conhecida popularmente como Doença da “Vaca Louca”.
Segundo o Ministério da Saúde, um caso está em investigação e ainda falta realizar exames para confirmação do diagnóstico. As informações disponíveis, até o momento, indicam para um possível caso de Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) esporádica, forma que não possui relação com a ingestão de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) clássica e que não é transmitida de forma direta de um indivíduo para outro.
Desde que a vigilância da DCJ foi instituída pelo Ministério da Saúde, nenhum caso da variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ) foi confirmado no País. Da mesma forma, a EEB clássica nunca foi detectada no rebanho bovino do Brasil em mais de 20 anos de existência do sistema de vigilância da doença, instituído e coordenado pelo Mapa.
O Brasil detém, desde 2012, o reconhecimento internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como país de risco insignificante de EEB.
O Mapa reforça ainda que o consumo de carne e produtos derivados de bovinos no Brasil é considerado seguro, não representando risco para a saúde pública.
Doença de origem misteriosa afetou cinco baianos este ano
Cinco casos da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), mal neurodegenerativo que provoca desordem cerebral, perda de memória e pode levar à morte, foram identificados este ano na Bahia, todos em moradores da capital. A DCJ tem quatro tipos diferentes de manifestação, um deles é a variante popularmente conhecida como Doença da ‘Vaca Louca’. No entanto, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) descartaram que os casos tenham relação com a Vaca Louca, infecção provocada por ingestão de carne ou derivados de origem bovina contaminados.
Dos cinco registros de DCJ ocorridos no estado, dois pacientes estão internados, dois morreram e o quinto está sob investigação pela Vigilância Epidemiológica. A SMS confirmou ainda que quatro desses pacientes estão com a variante Esporádica, forma da doença que não apresenta causa e fonte infecciosa conhecida, nem tem relação de transmissibilidade comprovada de pessoa para pessoa. O quinto paciente não teve a condição clínica informada.
Ainda segundo a SMS, uma das pacientes com a variante Esporádica é uma “mulher de 40 anos, sem histórico de comorbidades, que no dia 15 de agosto iniciou com sintomas neurológicos, sendo internada no Hospital Municipal quatro dias depois. O caso não tem histórico de viagens ao exterior, nega a existência de casos semelhantes na família ou contactantes próximos. E não tem histórico de exposição a procedimentos cirúrgicos”, detalha a pasta municipal da Saúde.
Em 2021, foram notificados três casos de DCJ em Salvador. Um caso foi confirmado como do tipo Esporádica, afirma a SMS. Já a Sesab informou que de fato três casos da doença foram confirmados no último ano, mas seria um de residente em Salvador, um de Simões Filho e outro de Serrolâdia. Destes, dois pacientes faleceram e o terceiro está em investigação pela Vigilância Epidemiológica.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), cerca de 90% dos casos clínicos de DCJ levam à morte no intervalo de um ano, sendo o tratamento apenas de suporte e controle das complicações, a exemplo do uso de cadeira de rodas ou auxílio para alimentação conforme o paciente vai perdendo as funções motoras.
Perfil clínico
O neurologista Mateus do Rosário explica que a DCJ é causada por uma proteína anormal, o príon, que tem capacidade de entrar no cérebro e causar destruição neuronal [dos neurônios] de maneira rápida. O mecanismo da doença é desconhecido, assim como não há evidência científica indicando que ela pode ser transmitida pelo ar ou pelo contato casual com os pacientes. A depender do tipo de DCJ, a contaminação pode acontecer por ingestão de carne contaminada [no caso da Vaca Louca], mutação genética na proteína ou transmissão por objeto contaminado [nos casos de realização de neurocirurgias, por exemplo].
O especialista explica ainda que, independentemente da forma de contaminação, os sintomas são similares. Sinais de confusão mental, perda da coordenação e alterações motoras são sinais comuns. Conforme a doença evolui, o paciente vai perdendo os sentidos. “Tem pessoas que chegam até cinco meses [de vida, após manifestação da doença], mas isso varia muito. Tem literaturas que falam de até 14 meses. Mas a doença é realmente fatal”, diz.
O também neurologista Felipe Oliveira detalha que, quando há suspeita da doença, o protocolo seguido pelo hospital é promover isolamento respiratório e de contato do paciente – uma vez que ainda será preciso confirmar a transmissibilidade -; e descartar os materiais utilizados. Quanto ao diagnóstico, exames de sangue para a análise genética no príon confirmam a doença.
“A manifestação clínica é muito inespecífica, não tem características clínicas da doença. Mas, se ao longo de dias, semanas, o indivíduo começou a ter quadro mental de desorientação, é importante procurar emergência. Idosos têm mais risco de desenvolver a doença”, alerta.
Entenda a diferença
Quatro tipos – O Ministério da Saúde (MS) divide a doença Creutzfeldt-Jakob em quatro principais manifestações: esporádica, hereditária, iatrogênica e ‘vaca louca’. Os sintomas e tratamento são similares, o que difere é a forma de transmissão de cada tipo;
Esporádica – É responsável pela maioria dos casos de DCJ, com incidência de 85%. Afeta pessoas entre 55 e 70 anos e tem predominância em mulheres. A doença não apresenta causa conhecida;
Hereditária – Atinge entre 10 a 15% dos casos de DCJ e tem origem em uma mutação hereditária [passada de geração para geração];
Iatrogênica – A contaminação se dá por contato com itens infectados. A transmissão para o paciente se dá via procedimentos cirúrgicos ou por meio do uso de instrumentos neurocirúrgicos ou eletrodos intracerebrais contaminados;
Variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob – Essa está associada ao consumo de carne e subprodutos bovinos conta- minados com Encefalite Espongiforme Bovina (Doença da ‘Vaca Louca’). Costuma acometer pessoas jovens, abaixo dos 30 anos.
Brasil não registrou casos de Vaca Louca em 2022
O Brasil não teve casos confirmados da Doença da Vaca Louca este ano, informou o Ministério da Saúde (MS). Segundo a pasta, os únicos casos de variantes da DCJ registrados no país, além das notificações na Bahia, aconteceram em Brasília (DF). A capital identificou sete casos, todos sem relação com a variante por contaminação bovina. O MS não classificou qual dos outros três tipos da doença ocorreram nos pacientes do Distrito Federal.
“Também não há casos de animais com diagnóstico de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina) clássica no país. O Brasil é classificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como país de risco insignificante para EEB“, garantiu o MS.
Entre os anos de 2005 e 2014, foram notificados no Brasil 603 casos suspeitos de DCJ. Destes, 55 foram confirmados, 52 descartados, 92 indefinidos e 404 tiveram a classificação final ignorada ou em branco. Desde que a vigilância da DCJ foi instituída no Brasil, nenhum caso da forma da ‘Vaca Louca’ da doença foi confirmado.
Cadeia epidemiológica da EEB e medidas de controle
Na figura abaixo, é possível acompanhar as principais medidas de controle da EEB em cada ponto crítico que propicia a transmissão da doença (fonte da figura: MAPA, 2015).
Abaixo você confere uma explicação sobre as proteínas priônicas e os casos mais comuns de doenças.
Proteínas priônicas
AGRONEWS®, com informações de O Povo e MAPA
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