Chuvas e China uns dias parada devem dar trabalho para o produtor, mas ele pode esperar um pouco mais; a soja tem pique para subir mais
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Boi
O boi gordo, ainda com rebanho curto, mas crescendo com as chuvas, conseguiu atravessar janeiro em estabilização de preços para o produtor.
Em São Paulo, percorreu os R$ 340. No Mato Grosso, na média das regiões, entre R$ 310 e R$ 315.
Para a semana que entra, abrindo o mês, o pecuarista deve ficar atento e, se tiver alguma folga de caixa, talvez seja bom esperar para vender.
Tem dois pontos que pode fazer o boi ser pressionado.
Um, é que a China sai das compras para valer e só volta, depois do dia 15. Agora começa o Ano Novo Lunar por lá, com o maior feriadão do mundo.
Nos outros anos, as importações foram retomadas ainda ao longo de fevereiro, mas neste ano ainda há uma dúvida. Se a China conseguiu ficar 3,5 meses sem comprar nada do Brasil, depois da vaca louca, é sinal de que o país tem um pouco mais de folga nos estoques.
Então, vamos considerar março como o mês importante.
Mas, não podemos esquecer que o dólar caiu e isso reduz a competitividade, porque os importadores recuam, na medida que fica mais cara a carne bovina brasileira.
Dois, embora os pastos estejam favorecendo os produtores, que podem segurar mais os animais, com menores custos, também vai chegar o momento que a oferta de boi gordo vai aumentar. Daí, que juntando o fato de que as contas começam a chegar, também animal terminado não se pode segurar por mais tempo, se não vem o efeito “sanfona”.
A consultoria StoneX, por exemplo, acredita que em março já vai entrar mais boiada.
Desse modo, os frigoríficos já começam a medir o mercado desde já.
O consumo interno, nós sabemos, anda de lado.
Tanto é que, sendo virada de mês agora, era possível esperar alguma forcinha dos preços, com o pagamento chegando, mas não ocorreu.
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Soja
A soja pode buscar os US$ 15, ou pouco mais, até que a safra brasileira saia mais forte, a partir do meio do mês?
Sim, tem fundamentos.
Sempre vai haver um ou outro dia de realização de lucros em Chicago, mas se se manterem os suportes atuais, não se descarta.
E vai ser bom. Porque, mesmo com a forte quebra no Brasil, em razão das perdas extraordinárias no Sul, pela seca, que deve levar a safra a 133 milhões de toneladas, vai ter volume chegando.
Portanto, pressão.
O que está sustentando as condições de preços atuais, com fortes picos, como os US$ 14,71, mais 23 pontos da sexta, é que caiu a ficha dos agentes especuladores.
Eles ainda estavam testando que poderia haver algum atenuante das quebras no Rio Grande do Sul – as do Paraná não tinham mais como ser revertidas -, porque as lavouras lá são tardias.
Algumas chuvas, mais o relatório do USDA jogando a safra mais para cima, chegaram a tirar a força do bushel.
Mas durou pouco.
Na Argentina, sim, até que as chuvas estão melhores, mais regulares e bem abrangente geograficamente nas regiões produtoras, mas parece que não fará mudar os preços, nem a boa colheita, em recorde, no Centro-Oeste do Brasil.
Para completar, nesta semana que finda várias informações se consolidaram sobre aumento da demanda, tanto sobre a soja brasileira e, mais ainda, sobre a americana, o que ajuda a enxugar o mercado, reforçando os valores.
Mas, como no caso da carne boi, a China fica uns dias sem novas compras.
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