O período da seca pode ser considerado um dos maiores desafios enfrentados todos os anos pelo pecuarista. Daí, a importância do planejamento para garantir a alimentação do rebanho nessa época crítica, já que afeta diretamente o desempenho do gado de corte e leiteiro.
O cultivo do capiaçu tem sido uma alternativa encontrada principalmente pelo pequeno e médio produtor mato-grossense. Hoje, uma tonelada da silagem do capim custa em torno de R$ 50,00 (cinquenta reais), no caso da silagem do milho, o valor fica em torno de R$ 130 (centro e trinta reais). Ou seja, além do valor nutritivo, o custo anual final da silagem de capiaçu é de 61,5% mais barato do que a silagem de milho.
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O produtor José Carlos Alves Pereira, que possui 180 cabeças de gado numa propriedade de 22 hectares no Assentamento Santo Antônio do Norte, no município de Pedra Preta, região Sul de Mato Grosso, está utilizando o capiaçu para os animais de engorda no confinamento. “Com o maquinário de ensiladeira e misturador, o capim é colhido e já misturado com o concentrado onde é fornecido direto ao cocho para os animais”, disse José Carlos. Nesse caso, o capiaçu serve como fonte volumoso para substituir o pasto, e suplementar na dieta dos animais, reduzindo a necessidade de uso de ração na engorda.
O conhecimento sobre a nutrição animal permite ao pecuarista adotar estratégias de manejo para alcançar maior eficiência alimentar e econômica. Afinal, o custo da ração tem sido um dos grandes gargalos no confinamento de bovinos, e por isso o uso do capiaçu na dieta dos animais ajuda a reduzir a necessidade de ração e consequentemente reduzir o custo na engorda.
De acordo com a médica veterinária da Empaer, Raquel de Mattos Cazonato, o capiaçu comparado com a silagem de milho possui uma diferença pequena no teor nutricional e que essa desproporção é compensada pela produtividade muito maior dele.
Técnicos da EMPAER desde o ano passado estão orientando o pecuarista José Nogueira de Oliveira quando ao uso da silagem do capiaçu para bovinos de leite. Ele possui quase cem vacas no Sítio Recanto Feliz, localizado no município de Pedra Preta. “Todo ano era muito sofrido pra gente devido o preço dos insumos, muito caro, não estava conseguindo fechar as contas devido o preço da ração. Hoje, a gente trabalha animado, por que a gente consegue um gado bonito, gordo na época da seca. Inclusive, temos agora oportunidade de comprar gado magro e poder engordar”, garante José Nogueira.
Contente com os resultados, o produtor rural José Nogueira afirma que ao receber as orientações da equipe da EMPAER, foram implantados na propriedade dele 1 hectare de milho para silagem e 0,5 hectare de capiaçu para silagem. José garante que esse planejamento garante a alimentação das vacas leiteiras em todo o período seco do ano.
A veterinária Raquel Cazonato destaca que a suplementação com volumoso no período da seca é extremamente importante, pois é época em que as pastagens diminuem a produção, aumentando a demanda por uso de rações concentradas, o que encarece muito o custo de produção. “O custo de 1 quilo de ração atualmente está em torno de R$1,70 a R$1,90 por quilo, enquanto o custo da silagem produzida na propriedade sai de R$0,05 a R$0,15 centavos por quilo. O custo da ração concentrada atualmente está subindo ainda mais devido a fatores como o preço do dólar e exportação de milho e soja, que são as principais fontes de nutrientes da ração”, relata Cazonato.
Por exemplo, os custos com alimentação do gado representam em torno de 70% do custo de produção na bovinocultura de leite. Por isso, é de extrema importância a propriedade estar preparada com fontes de alimentação mais baratas para o período seco do ano. Nesse sentido, a produção de silagens é uma ótima alternativa para a pecuária de leite e de corte.
O capiaçu é uma variedade de capim elefante desenvolvida pela EMBRAPA, com previsão de produtividade de 300 toneladas de matéria verde por hectare por ano. O capim pode ser colhido até três vezes ao ano para silagem, sendo dois cortes no período das águas e um corte na seca. Já no caso irrigado, o produtor colhe até seis vezes ao ano. “O capiaçu pode ser fornecido verde picado para os animais ou em forma de silagem, o que conserva a forragem para uso no período seco do ano. Ele deve ser colhido com idade média de 50 a 70 dias para fornecimento verde picado no cocho, o que garante o máximo de qualidade nutricional, ou com idade média de 90 a 110 dias para produção de silagem”, alerta a veterinária da EMPAER, Raquel Cazonato.
Pesquisas realizadas pela equipe da EMPAER, apontam que os resultados parciais de comparação entre a silagem de milho e de capiaçu demonstram que a qualidade em termos nutricionais entre as duas silagens é semelhante, considerando que a silagem de capiaçu apresentou um valor de 8% de proteína bruta. E que em relação a produtividade, o capiaçu produz, em uma mesma área, 80% mais volume de matéria verde de silagem do que o milho, uma vez que a produtividade do capiaçu é de 300 toneladas de matéria verde por hectare plantado / ano, enquanto do milho é de 50 toneladas de matéria verde por hectare plantado / ano.
Por Márcio Moreira – AGRONEWS
AGRONEWS – Informação para quem produz