Segmento teme encarecimento de carnes no país e redução da competitividade das exportações
As exportações de carnes de frango e suína no país mantiveram a tendência de 2020 e encerraram o primeiro trimestre do ano com relativa estabilidade no primeiro caso e forte aumento no segundo. Mas, independentemente dessa diferença, uma preocupação é comum nas duas frentes: a forte alta de custos de produção, que pode prejudicar a competitividade das vendas ao mercado externo.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), de janeiro a março de 2021, os embarques de carne de frango somaram 1,036 milhão de toneladas, 1,4% a mais que em igual intervalo do ano passado — aumento garantido por uma recuperação expressiva em março. A receita das vendas recuou 4,6% na mesma comparação, para US$ 1,56 bilhão. O país lidera as exportações mundiais da proteína, cuja demanda também está aquecida no mercado doméstico.
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No caso das exportações de carne suína, a fase favorável aos embarques do Brasil continua, impulsionada pela forte demanda da China, que ainda enfrenta problemas em sua produção — a maior do mundo — por causa da peste suína africana, que ainda não foi erradicada e continua afetando a indústria local. Com mais um recorde mensal em março, o volume dos embarques brasileiros cresceu 21,8% no primeiro trimestre, para 253,5 milhões, e a receita aumentou 22,5%, para US$ 485,1 milhões.
“A alta de custos não tem um efeito limitador sobre as exportações neste momento, mas já dificulta a competitividade dos produtos brasileiros”, diz Ricardo Santin, presidente da ABPA. O problema é que os preços de milho e soja, grãos básicos para a produção de rações para aves e suínos, continuam em patamares elevados, e não há sinais de que haverá alívio no curto prazo.
O indicador Esalq/BM&FBovespa da saca de 60 quilos de milho atualmente está em cerca de R$ 95, quase 70% mais que no início de abril do ano passado. Já o indicador Cepea/Esalq para a saca de 60 quilos de soja negociada no Paraná está em torno de R$ 172, alta também da ordem de 70%.
Nesse contexto, a ABPA voltou a pedir, agora em ofício enviado ao Ministério da Agricultura, a extensão da isenção da tarifa de importação de milho, que expirou no fim de março. Segundo Santin, a isenção é necessária para criar opções para o segmento. “Nosso intuito é evitar o aumento de preços na mesa do consumidor. Queremos alternativas”.
De acordo com o presidente da ABPA, que representa grandes empresas como BRF e Seara (JBS), a disparada do milho no mercado doméstico também está contaminada por muita especulação. Santin afirmou que, mesmo com parte do plantio do cereal nesta segunda safra da temporada 2020/21 tendo ocorrido fora da janela ideal — o que pode afetar a produtividade—, não deverá faltar milho no curto prazo no país.
O dirigente destacou ainda a necessidade de outros instrumentos para desonerar a importação de milho. No ofício, a ABPA pediu ao Ministério da Agricultura a criação de uma ferramenta oficial de venda antecipada, que daria à indústria acesso ao volume de milho negociado pelos produtores. “Esperamos que a ministra enxergue procedência em nosso pedido. O preço do milho está fora da realidade”, disse.
Procurado, o ministério informou que está analisando a questão, que será decidida pelo Ministério da Economia. Já o pedido de isenção tarifária para importação será analisado pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).
Fonte: Acrismat
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