Os fundos levam mais tempo para definirem suas exposições em derivativos quando os sinais são confusos, a menos que os fundamentos das commodities são bastante sólidos e conhecidos
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Um contexto que ficou bem modificado, depois que a pandemia instalou o caos no mundo, ampliando o chamado nervosismo das economias, sempre com perspectivas incertas quanto à saída da crise, foi o aumento substancial das influências de outras variáveis macroeconômicas sobre os preços das commodities.
O exemplo mais recente é o de agora.
Os mercados financeiros ficaram meio confusos com o Federal Reserve (Fed), após a reunião da quarta (26).
Entre os juros nos Estados Unidos mantidos entre 0 e 0,25%, mais a sinalização de uma alta em março, mas, principalmente, por não ter deixado claro a trajetória futura das taxas em meio a preocupações inflacionárias.
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Isso tira um pouco do fôlego dos fundos, especialmente porque ainda mantém certa aversão ao risco.
E os grandes fundos internacionais, meramente especulativos, como todos sabem são os que movimentam os mercados futuros agro, com alto grau de risco, como todos os demais derivativos.
Nesse sentido, eles levam um tempo maior para entenderem o mercado e definirem suas posições compradas ou vendidas nos mercados futuros, especialmente nos ativos mais líquidos.
E se dividem entre essas expectativas e as novidades esperadas dos fundamentos de cada commodity.
Às vezes, mudam o jogo rapidamente, saindo da cautela. Outras, demoram um pouco mais.
Ontem, quarta, por exemplo, a soja começou o dia em Chicago em estabilidade, mas na sequência foi acelerando em altas.
Os agentes deixaram a cautela – enquanto ainda rolava a reunião do Fed -, e montaram posições fortes até que a oleaginosa acelerou para fechar nas máximas de agosto de 2021, ganhando mais US$ 0,32 o bushel, e fechando em US$ 14,44.
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Já nesta quinta (27), mostra sinais de acomodamento, com leves ganhos.
Mas os parâmetros de consistência de valorizações permanecem fortes, pela precificação climática, na perspectiva de forte quebra da safra brasileira.
Porém, se houver uma disparada do dólar no mercado internacional, e queda das bolsas de valores, certamente os donos dos recursos, vão desviar recursos dos derivativos.
Então, é provável que haja algum vai e vem, meio indefinido, por algum tempo.
E isso vale para todos os ativos agrícolas.
Sim, há exceções, como o café, por exemplo, que tem um nível de negociação meio diferenciada, menos sujeito à influência dos financeiros.
E, mais ainda, que está com oferta e demanda bastante solidificadas há meses para 2022, ou seja, já se conhece, de fato e de direito, que faltará produto para consumo em alta.
Vale dizer, portanto, que quando os fundamentos de cada setor são muito sólidos, e com nenhuma chance de mudanças, a influência dos fatores macroeconômicos das economias globais, ou da americana, têm peso menor.
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