Abóbora, picanha e o agro brasileiro? o que isso quer dizer? Neste artigo preparamos um guia completo com as informações mais relevantes do setor agro nacional e sobre estes itens da culinária que estão bombando na internet graças as polêmicas ligadas a última eleição presidencial. Confira!
O força do agro brasileiro
Vamos começar nossa prosa dizendo que o Brasil é um país rico em recursos naturais, produtividade e cheio de oportunidades. Parte desse sucesso obviamente é reflexo do setor agropecuário, que é responsável por grande parte das exportações do país. Em uma comparação com outros 187 países do mundo, entre os anos 2000 e 2019, o o nosso país apresentou crescimento de 3,18% ao ano em produtividade, enquanto a média mundial foi de 1,66%. A Índia vem logo na sequência do Brasil em produtividade, com 2,93%. Essa é a conclusão de um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Devemos lembrar também que o setor agro é responsável por cerca de 25% do PIB em 2022, tudo isso graças aos investimentos em tecnologia, sustentabilidade e inovação. Fatores fundamentais para se manter entre os maiores exportadores mundiais de alimentos e fibras, que foi possível através da modernização da produção agrícola.
Para exemplificarmos a dimensão deste avanço, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em meados da década de 70, a produção de grãos do país era de apenas 46 milhões de toneladas. Atualmente, como informou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é esperado que somente na safra 2022/23 a produção brasileira de grãos ultrapasse 300 milhões de toneladas. Dessa forma, podemos inferir que, nos últimos 40 anos, o Brasil aumentou a sua produção de grãos em mais de 500%.
E nesse contexto da produção de grãos mundial, se fizermos um recorte somente para a produção de soja, por exemplo e quais as regiões mais produtivas do país, vamos destacar inevitavelmente o estado de Mato Grosso, que é líder nacional na produção do grão. Além disso, recentemente o estado sozinho ultrapassou a Argentina no ranking mundial, se tornando o 3º maior produtor de soja do mundo. Segundo informações divulgadas pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o estado brasileiro deve produzir 41,4 milhões de toneladas do grão na safra 2022/2023.
Enquanto isso, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estima que a produção da Argentina fique na casa dos 33 milhões de toneladas. De acordo com os dados do órgão norte-americano, Brasil, Estados Unidos e Argentina são três os maiores países produtores globais de soja. A previsão é de que a atual safra brasileira seja de 153 milhões de toneladas, sendo que 25% dessa produção é do Mato Grosso.
Nem só de “grão” vive o homem
Como zombariam alguns, a “monocultura” já comprovou a sua eficiência e agora precisamos provar que o Brasil também possui uma produção diversificada. Como nosso artigo cita apenas 2 itens da nossa cesta básica (Abóbora e Picanha), vamos manter o foco somente nesses alimentos tão comentados atualmente e que exemplificam um pouco da atividade de agricultura e pecuária nacional. Então continue a leitura e saiba tudo sobre eles.
Como deve ter percebido, O Brasil é um gigante pela própria natureza. Temos terra boa, condições climáticas equilibradas, recursos hídricos em abundância e muitas áreas totalmente preservadas. Recursos que outros países já não possuem com facilidade ou já degradaram com o tempo e uso. Por isso podemos dizer que além da eficiência, o nosso país consegue produzir mais e melhor como nenhum outro no mundo. A nossa produção aumenta vertiginosamente e de forma sustentável. A conservação do meio ambiente é uma prática que está no DNA do produtor brasileiro.
O mercado, principalmente o internacional, está cada vez mais exigente nesse sentido. E o Brasil tem se destacado nas práticas sustentáveis e de preservação do meio ambiente, atuando fortemente no controle das emissões poluentes provenientes do agronegócio.
Abóbora e Picanha, tudo que você precisa saber
Como dissemos anteriormente, são diversas atividades e alimentos que são produzidos em nossa terra. Dentre as culturas desenvolvidas no país, a abóbora é uma das mais populares, e ao lado da picanha – um dos cortes mais apreciados de carne bovina, quando associados a questões políticas, só poderia viralizar na internet. Neste pequeno guia, vamos falar sobre esses dois produtos para que você não passe vergonha em qualquer discussão sobre o assunto. Borá lá!
A produção de abóboras
Vamos começar nossa resenha pela abóbora, que é um alimento versátil e muito utilizado na culinária brasileira. Ela pode ser encontrada em inúmeras variedades, como a abóbora moranga, abóbora cabotiã, abóbora japonesa, entre outras. Além disso, a abóbora é uma excelente fonte de saúde, já que é rica em nutrientes, como as vitaminas A, C e do complexo B, além de minerais como cálcio, fósforo e potássio. Por ser um alimento de baixa caloria e rico em fibras, a abóbora também é indicada para quem está em busca de uma alimentação saudável.
Apesar de normalmente ser associada a agricultura familiar, a produção de abóboras no Brasil é significativa, sendo um dos principais países produtores dessa hortaliça no mundo. De acordo com dados do IBGE(2020), a produção de abóboras é de aproximadamente 510 mil toneladas. Os principais estados produtores são São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Goiás. As abóboras são utilizadas tanto na alimentação humana, como na produção de rações para animais e também na fabricação de cosméticos.
O nome científico da abóbora é Cucurbita maxima. Trata-se de uma espécie de planta da família das cucurbitáceas, que inclui outras hortaliças como a melancia, o melão e o pepino. Existem diversas variedades de abóbora, que apresentam diferentes tamanhos, formas e cores, mas todas pertencem à mesma espécie botânica. A abóbora é uma planta muito cultivada em todo o mundo devido ao seu valor nutricional e versatilidade culinária.
Segundo os especialistas, para aproveitar ao máximo os benefícios da abóbora, é importante prestar atenção ao seu preparo e consumo. Ela pode ser consumida cozida, assada, frita ou até mesmo crua em saladas. É importante escolher abóboras frescas e evitar as que apresentam manchas ou sinais de apodrecimento.
Curiosidades
Com relação ao tamanho desta hortaliça, assim como as variedades, ele pode ser encontrado em diversos tamanhos. Na região oeste do estado do Paraná, por exemplo, foi cultivada uma abóbora de quase meia tonelada e acabou chamando a atenção pela sua enorme dimensão.
A abóbora gigante foi cultivada por um produtor rural da região, que utilizou técnicas de agricultura familiar para obter o resultado impressionante. Segundo ele, o segredo foi escolher as sementes certas e cuidar da planta com muito carinho e dedicação. “Eu acho que as plantas gostam de conversar, elas não me respondem na hora, mas depois me dão esses produtos grandes.“, disse o produtor Chico Lourenço.
O peso médio da abóbora gigante foi de aproximadamente 300 kg e ela foi exposta em um evento na cidade. Além de ser uma curiosidade, a abóbora também é um exemplo do potencial agrícola da região oeste do Paraná, que é conhecida pela sua produção diversificada e de alta qualidade.
Abaixo relacionamos mais 5 curiosidades sobre a abóbora:
- Abóboras são frutas, não legumes: mesmo sendo usadas na culinária como legumes, as abóboras são na verdade frutas. Elas pertencem à família das cucurbitáceas, assim como o pepino e a melancia.
- Existem mais de 800 variedades de abóbora: abóboras vêm em uma variedade de formas, tamanhos e cores, e há mais de 800 variedades cultivadas em todo o mundo.
- Abóboras foram cultivadas há mais de 7.000 anos: evidências arqueológicas mostram que as abóboras foram cultivadas pela primeira vez na América Central há mais de 7.000 anos.
- Abóboras são usadas em celebrações de Halloween: esculpir abóboras em lanternas assustadoras é uma tradição popular no Halloween em muitos países, especialmente nos Estados Unidos.
- Sementes de abóbora são ricas em nutrientes: as sementes de abóbora são uma excelente fonte de proteínas, gorduras saudáveis, fibras, vitaminas e minerais, incluindo magnésio, ferro e zinco. Elas são frequentemente torradas e consumidas como um lanche saudável.
E se você quiser aprofundar mais sobre o cultivo deste fruto, a Embrapa preparou um artigo completo com as “Recomendações técnicas
para o cultivo de abóboras e morangas” e você pode baixar clicando aqui.
Picanha, a queridinha nos churrascos
Saindo da agricultura e indo para a pecuária, vamos falar de um dos cortes de carne bovina mais apreciados pelos brasileiros e reconhecido internacionalmente pela sua qualidade, a Picanha. É sem dúvida nenhuma, um corte nobre, que fica localizado na parte traseira do boi, próxima à cauda. A Picanha é uma carne macia, suculenta e muito saborosa. É uma das carnes mais utilizadas em churrascos e pode ser encontrada em diversos cortes.
Antes de nos deliciarmos com esta parte do artigo, quero pontuar alguns números do setor. A pecuária no Brasil é uma atividade de grande relevância para o país, pois além de ser uma das atividades mais antigas do planeta, é considerada uma das mais produtivas do mundo.
O Brasil é destaque como o maior exportador de carne bovina do mundo, segundo o último senso divulgado pelo IBGE(2021), a população bovinas eram cerca de 224 milhões de bois e vacas no país. São mais bovinos do que pessoas — no mesmo ano, a população brasileira era de 214 milhões. Aqui novamente quero destacar o estado de Mato Grosso que possui o maior rebanho bovino do Brasil.
Segundo levantamento realizado pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT), a partir do cruzamento dos dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o estado possui atualmente um rebanho atual de 34,3 milhões de animais. Com esse quantitativo, Mato Grosso detém 14,80% do rebanho bovino nacional. Outra coisa que chama atenção é que o estado possui apenas 3,7 milhões de pessoas, ou seja, tem cerca de nove bovinos por habitante. É muito gado gente!
Quantidade e Qualidade
Agora que você já conhece os números do setor, vamos falar sobre a qualidade desta carne que é produzida aqui no Brasil. Isso com toda certeza é o resultado de décadas de investimento em tecnologia que elevou, não só a produtividade como também, a qualidade do produto brasileiro, fazendo com que ele se tornasse competitivo e chegasse ao mercado de mais de 150 países.
Segundo a Embrapa, em quatro décadas a pecuária bovina sofreu uma modernização revolucionária sustentada por avanços tecnológicos dos sistemas de produção e na organização da cadeia, com claro reflexo na qualidade da carne. O rebanho mais que dobrou, enquanto que a área de pastagens pouco avançou ou até diminuiu em algumas regiões – indicativo claro de aumento da produtividade. Houve também aumento do ganho de peso dos animais, diminuição na mortalidade, crescimento das taxas de natalidade e diminuição do tempo de abate. Ganhos possíveis graças à crescente adoção de tecnologias pelos produtores rurais especialmente nos eixos de alimentação, genética, manejo, saúde e bem estar animal.
O processo de produção de carnes não é tão simples quanto parece. Para comermos um delicio churrasco no final de semana, existem diversas etapas a serem percorridas até que essa carne chegue à nossas casas. Então para entender melhor esse fluxo, observe o infográfico abaixo:
Viu como não é tão simples comer um pedaço daquela picanha tão suculenta preparada pelos masters cheffs do braseiro. Existem etapas produtivas que pouquíssimos brasileiros conhecem e você passou a ser um deles agora. E olha que logicamente não conseguiríamos colocar tudo que acontece em um único artigo, por isso focamos nos pilares principais de produção.
Curiosidades sobre a picanha
Agora falando especificamente sobre este corte premium. Segundo estudiosos no assunto, a origem do nome picanha teria surgido em um restaurante de São Paulo, na década de 1950. A história diz que, após provar o corte, o neto do conde Matarazzo, Baby Pignatari, teria perguntado o que era aquela carne. O churrasqueiro, um argentino, respondeu em espanhol “picanã”, que era o nome da vara que cutucava os bois na altura da anca, região da qual é retirada a peça de carne.
Em relação às suas características, a picanha é conhecida por possuir fibras pouco trabalhadas, já que não é utilizada pelo animal para locomoção, tornando-a mais macia. Além disso, a presença da famosa capa de gordura e a ausência de colágeno conferem a esse corte um sabor único e diferenciado em relação aos demais. Acredito que você concorda com isso não é mesmo?
Polêmicas
Como havíamos mencionado no início deste artigo e como você deve estar acompanhando, existem algumas polêmicas envolvendo estes dois itens da nossa produção agropecuária relacionados a última eleição presidencial em nosso país. Tanto a picanha quanto a abóbora mais recentemente, foram associadas a alguns posicionamentos do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e que acabaram viralizando na internet. Como a nossa intenção não é entrar nesse debate ideológico e nem tão pouco focar nossa atenção as promessas eleitorais, separamos apenas dois trechos oficiais onde o presidente cita estes itens aqui descritos por nós.
No vídeo abaixo transmitido ao vivo em 22 de set. de 2022, no canal oficial de Lula, durante uma entrevista concedida no programa do Ratinho, podemos ver o presidente mencionar “E eu digo todo dia, nós vamos voltar a comer picanha. Sabe aquela parte com aquela gordurazinha, passada na farinha, a gente mastigar aquilo e tomar uma cervejinha gelada? É tudo que o povo quer Ratinho, o povo gosta de coisa boa cara!“, disse Lula ao apresentador. Assista a entrevista na íntegra logo abaixo, ou se quiser ir para o trecho onde ele menciona a picanha, avance para 16:18. Aperte o play e confira!
Quando Lula foi ao programa, o assunto já estava bombando na internet e soou como uma promessa de campanha que todo brasileiro gostaria de ser atendido. Existem diversos memes, postagens, artigos, notícias, vídeos, enfim uma enxurrada de materiais que foram produzidos a partir deste posicionamento referente ao consumo da picanha. Após a eleição e com a vitória de Lula, até hoje existe a cobrança desta promessa e se você pesquisar na internet, vai encontrar com facilidade uma infinidade de coisas relacionadas a isso.
Agora mais recentemente, em um vídeo publicado no Twitter oficial do Governo Federal, durante o lançamento do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, Lula usa como exemplo uma abóbora para ilustrar as estratégias que estão sendo adotadas para tirar o Brasil do mapa da fome. “É uma abóbora, que pelo tamanho dela a gente pode ter consciência de que se a gente ajudar todo mundo plantar, e a gente tiver condições de fazer com que o povo possa comprar ninguém vai passar fome desse país.“, disse o presidente. Assista abaixo o pronunciamento:
E como os internautas não perdoam, logicamente a partir deste pronunciamento, o assunto viralizou na internet e acabou virando um montão de memes. E você pode conferir isso fazendo uma pesquisa rápida sobre o assunto, para ver até onde pode chegar a imaginação e criatividade do brasileiro. E somente com essas duas publicações oficiais, podemos ver claramente que o presidente reconhece a necessidade do brasileiro de se alimentar bem, comendo carne e legumes que são produzidos pelo setor agro.
Enfim, se você chegou até aqui deve ter percebido que este artigo foi escrito apenas para dizer que: seja promessa eleitoreira ou não, seja uma brincadeira criativa dos internautas, seja de fato uma realidade do nosso cotidiano, podemos ter a plena certeza de que o agronegócio brasileiro é um gigante e sempre será a mola propulsora do nosso país. Não há como produzir picanha, cerveja, abóbora ou qualquer outro item que seja mencionado, sem a mão do produtor rural. Não vamos cair na cilada e nas pegadinhas de pessoas maldosas que querem dividir o setor em grande e pequeno produtor, não existe isso na prática. Todos são iguais e tem um papel fundamental para nossa existência, pois dedicam suas vidas diariamente a produzirem o alimento que chega à nossas mesas.
Portanto toda nossa reverência ao produtor rural, que faz do Brasil uma potência mundial!
Por Vicente Delgado – AGRONEWS®