Na safrinha de milho, experimento mostrou que, ao ser adubada, braquiária ruziziensis produziu 40% a mais de forragem em clima favorável.
Qual a necessidade de adubar o capim consorciado com o milho na safrinha? Experimentos realizados no Instituto de Zootecnia (IZ) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), em Nova Odessa, SP, avaliaram essa demanda e mostram que a aplicação de cobertura pode fazer a diferença na produção de forragem em áreas de pastagens degradadas. O resultado foi de incremento de 40% na produção de matéria seca após a dessecação do capim.
Financiada pela Agrisus, a pesquisa teve início em outubro de 2014 em uma área de 0,5 hectare, na qual o milho safrinha foi plantado em consórcio com a braquiária ruziziensis. A adubação no plantio foi feita apenas para o cereal, antecedido por um cultivo de crotalária. “Como a nossa vocação no Instituto não é para a agricultura, a leguminosa que escolhemos para a safra de verão foi a crotalaria spectabilis, pela facilidade de manejo”, afirma a pesquisadora responsável pela pesquisa, Karina Batista, do IZ. Segundo ela, ainda assim, as recomendações do trabalho são válidas para quem trabalha com soja ou outra leguminosa, já que a média de fixação de nitrogênio no solo por essas plantas não varia muito, ficando entre 25 a 30 kg/ha.
“Em sucessão, hoje, o que o produtor faz é entrar com a adubação do milho no plantio e depois com a adubação de cobertura pulando as linhas do capim”, diz. A crença é de que a quantidade de nitrogênio disponível no solo seja suficiente para suprir as necessidades da gramínea. “Mas, se a gente pensar em termos do plantio direto, são necessários pelo menos cinco anos para se ter a mineralização do nitrogênio. E, como o contexto do experimento é de aplicar o SPD em áreas de pastagem degradada, não haveria ali nitrogênio disponível ainda”, afirma.
Recomendações – Os resultados mostraram que o momento ideal para a aplicação do nitrogênio em cobertura é quando o milho está com quatro a cinco folhas, na proporção de 40 kg de N/ha tanto nas linhas do cereal quanto de capim. A aplicação deve ser feita de forma localizada, para evitar perdas.
Karina afirma que a adubação de cobertura não causou competição entre a forrageira e o milho – que produziu, inclusive, 5% a mais do que o experimento controle na safra 2015/2016, tendo produtividade de 6.000 kg/ha. Para ter sucesso com a técnica, no entanto, é preciso ficar de olho na janela de plantio.
“Em 2016, tivemos uma experiência muito ruim porque faltou chuva e o calendário foi sendo atrasado. Nessas condições não recomendamos a adubação de cobertura para o capim”, diz.
A produção de forragem em 2015 foi 40% maior na área adubada com 40 kg de N/ha em relação àquela que não recebeu adubação. Naquele ano, a crotalária foi plantada entre setembro e outubro, sendo dessecada em janeiro para dar lugar à safrinha em meados de fevereiro.
Na janela ideal, a compensação do investimento se dá, seja com o aproveitamento da palhada para agricultura, seja com a produção de carne. “No caso da pecuária, o que se investe na adubação nitrogenada é recuperado quando se faz a “safrinha de boi” em função do aumento na qualidade do capim”, afirma a pesquisadora.
De acordo com Karina, a palhada de melhor qualidade forma uma matéria orgânica também de melhor qualidade, permitindo que o solo se recupere ao longo do tempo. O que não quer dizer que o sistema deve ser adotado indefinidamente. “Como outras alternativas, essa é uma solução temporária; e deve suceder outros tipos de rotação para o produtor não cair no mesmo erro que resultou na degradação do pasto”, completa.