Com renda da população apertada, há pouco espaço para novos repasses de preços ao consumidor, o que reduz as margens aos produtores
O alojamento de pintinhos de corte crescerá quase 3% no Brasil neste ano, totalizando 7 bilhões de cabeças, segundo estimativa da Safras & Mercado. Para Fernando Iglesias, analista da consultoria, essa é uma prova clara de que, apesar das margens apertadas pelos altos custos de produção, o segmento ainda encontra suporte para avançar. Do contrário, argumenta ele, produtores e indústria pisariam no freio para restringir a oferta e elevar os preços.
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As margens estão apertadas, mas o setor encontra suporte nas exportações da proteína, afirma Iglesias. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que o país embarcou 2,7 milhões de toneladas até julho, alta de 8%. Em receita, o aumento foi de 15,7% no mesmo comparativo, a US$ 4,2 bilhões
Em relatório, o BTG definiu o cenário da avicultura de corte brasileira como “desafiador”. O banco afirma que a cadeia produtiva não está conseguindo repassar, proporcionalmente, o aumento dos custos de produção para o consumidor final. A renda da população está bastante fragilizada, o que, inclusive, empurrou os consumidores para a carne de frango, proteína mais barata que a bovina.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do frango congelado subiu 58,8% nos últimos 12 meses – o quilo em São Paulo estava em R$ 8,02 na última terça-feira, em média. No mesmo comparativo, a cotação do milho, usado para fabricar rações, avançou 62,84%, a R$ 97,59 por saca.
Dados divulgados pela Embrapa no início do mês apontam que, em julho, o produtor do Paraná gastou R$ 5,18 por quilo de frango de corte vivo produzido em aviário climatizado em pressão positiva. Isso representou alta de 0,42% em relação a junho, de 18,97% no acumulado do ano e de 50,72% nos últimos 12 meses.
Reduzir a oferta para aumentar os preços e, com isso, melhorar as margens já não é uma opção. Segundo o BTG, essa estratégia é inviável porque, com o poder de compra da população reduzido, o aumento de preços acabaria afetando a demanda.
Fonte: Valor Econômico
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