Após seis dias ingerindo apenas água, o produtor rural Clayton Arantes encerrou a greve de fome iniciada na de terça-feira (24.05), em frente ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), para reivindicar a correção de uma decisão proferida pelo juiz Paulo Martini, condenado por vender sentenças. A sentença em questão determinou a desapropriação da fazenda, onde Clayton morava em Sinop, em favor dos antigos donos.
Clayton Arantes encerrou a greve por ter recebido a informação de que o processo foi distribuído pelo TJMT na semana passada para o desembargador Márcio Vidal. “Eu tenho plena confiança deste desembargador no julgamento do embargo rescisório”, afirmou o produtor, que retornou nesta terça-feira (31.05) para Goiás, onde reside atualmente, bem mais magro e com a saúde visivelmente fragilizada. Ainda segundo Clayton, o processo do embargo deve ser julgado no máximo em trinta dias.
“Fui removido da minha terra. A única coisa que ganhei de 2011 até agora foram dois infartos. Não posso ficar esperando por um terceiro, que, segundo os médicos, seria o último. Isso é o que me motiva a cobrar”, conta o produtor, que trabalha atualmente como gerente de uma fazenda.
Clayton alegou em ofício encaminhado no mesmo dia em que deu início à greve de fome para o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Paulo da Cunha, que não obteve a reintegração de posse da área em litígio, em decorrência de recursos protocolados no Tribunal; que foi retirado da terra que havia comprado e pago com sacrifício e que passa por dificuldades financeiras.
Em fevereiro deste ano, Paulo Martini foi exonerado do cargo pelo crime de corrupção passiva. O ex-magistrado cobrava para proferir decisões. Martini, que atuava na 1ª Vara Cível de Sinop, foi o primeiro juiz a ser demitido por decisão do Pleno do TJMT. Ele foi condenado a dois anos, sete meses e 15 dias de prisão em regime aberto, que foi convertida em penas restritivas de direito. Atualmente, ele atua como advogado naquela cidade em Sinop. Na época do processo, o juiz alegou que o agricultor não tinha credibilidade para colocar em dúvida uma decisão dada por ele.
Esta foi a segunda greve de fome feita por ele em razão da decisão. Em 2011, ele também armou uma barraca e ficou acampado em frente ao Tribunal. À época o produtor conseguiu chamar a atenção do Conselho Nacional de Justiça. Depois disso, o juiz foi exonerado.