Problemas com insetos-praga no cultivo de hortaliças podem ser reduzidos principalmente a partir de boas práticas adotadas pelos agricultores na elaboração e manutenção da horta.
As boas práticas, muitas vezes, podem evitar ou diminuir a necessidade de uso de inseticidas, conforme explica a entomologista da Embrapa Amazônia Ocidental, Flávia Batista Gomes.
A entomologista esclarece que o fato de insetos estarem presentes no cultivo de hortaliças não é por si um problema, mas requer atenção e cuidados. “É de grande importância no manejo de insetos-praga, o monitoramento e a adoção de práticas que podem ajudar a minimizar problemas, como práticas amigáveis ao controle biológico”, destaca Flávia. Para isso é preciso saber reconhecer e preservar os insetos que são inimigos naturais e os diferenciar daqueles que causam prejuízos e por isso são conhecidos como insetos-praga.
Orientações sobre isso foram apresentadas no curso “Boas práticas para o manejo de insetos-praga em hortaliças”, realizado no dia 7 de junho, para um público formado por técnicos agrícolas e agricultores, no município de Iranduba (AM). A atividade faz parte do projeto Pesquisa e transferência de tecnologias para o desenvolvimento da produção de hortaliças no Amazonas, executado pela Embrapa Amazônia Ocidental e financiado pelo Banco da Amazônia (Basa). A atividade contou com apoio do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) e da Prefeitura Municipal de Iranduba.
O curso atende a demanda de agricultores interessados em obter informações sobre boas práticas no cultivo de hortaliças. “Muitos agricultores não têm conhecimento que podem tomar atitudes que evitam ou reduzem problemas com insetos-pragas e que o uso de inseticida não é o único caminho”, disse a entomologista Flávia Gomes, que ministrou o curso em parceria com a entomologista Ana Maria Santa Rosa Pamplona, pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental.
No curso foram mostradas imagens e exemplares de insetos-praga que afetam hortaliças e também de seus inimigos naturais. Foram abordados exemplos para o grupo das curcubitáceas (melancia, pepino), brássicas (couve, repolho, couve-flor) e solanáceas (tomate e pimentão).
Também foi orientado que para favorecer o controle biológico pelos inimigos naturais é importante manter a diversidade vegetal nos cultivos e isso pode ser feito com o plantio de mais de uma espécie vegetal na mesma área, podendo ser plantadas em consórcio ou em policultivo. O consórcio é quando se cultiva mais de uma espécie e ambas são de interesse econômico. “No policultivo, as espécies vegetais envolvidas nem sempre são de interesse econômico e compõem o agroecossistema com o objetivo de oferecer recursos, como alimento e abrigo para os inimigos naturais e com isso favorecer o controle biológico”, explica a entomologista Flavia Gomes.
Além disso, a diversidade vegetal também é importante para atrair polinizadores para as hortaliças e contribui ainda para dificultar a localização da planta pelo inseto-praga. Para o policultivo são sugeridas plantas como o endro, o cravo-de-defunto, o sorgo, o caruru, o picão-preto, entre outras.
Essas opções para enriquecer a diversidade vegetal no cultivo de hortaliças podem seguir vários layouts (por exemplo em forma de ilhas, nas entrelinhas ou na borda) de acordo com o tipo de planta e o objetivo do agricultor.
Outra atitude que favorece a presença de inimigos naturais e de polinizadores é evitar o uso de inseticidas. É comum alguns agricultores acharem, erroneamente, que o uso de inseticida pode ser feito de forma preventiva e aplicarem antes de saberem se há necessidade, usando esses produtos de forma indiscriminada. “Isso representa mais gastos e riscos de contaminação, além de afetar os inimigos naturais que poderiam ajudar a regular a população do inseto-praga”, explica a entomologista.
Nos casos em que há necessidade de controle químico e optar-se pelo uso de inseticida, é importante tomar os cuidados para a aplicação de forma correta e segura. É necessário ter o receituário agronômico e consultar a assistência técnica, além de aplicar o produto específico de acordo com o inseto-praga e o cultivo em questão. A pessoa que for aplicar o produto precisa estar orientada como fazer e também usar Equipamento de Proteção Individual (EPI).
“É importante ressaltar que atualmente a agricultura, além de buscar produtividade e lucratividade, preza pelo uso racional de insumos, pela preservação do meio ambiente e pela saúde do produtor e do consumidor”, destaca a entomologista, ressaltando que esses aspectos também foram abordados e debatidos no curso.
Além das instrutoras Ana Maria Pamplona e Flávia Batista Gomes, integra a coordenação do curso também a agrônoma Marinice Oliveira Cardoso, pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental e líder do projeto.
Participaram do curso sobre “Boas práticas para o manejo de insetos-praga em hortaliças”, 23 alunos, entre agricultores familiares das comunidades Nossa Senhora de Nazaré, PDS Nova Esperança, São João Paulo II e técnicos da Secretaria Municipal de Produção de Iranduba e do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam), que se reuniram no Campo Experimental da Embrapa, na estrada do Caldeirão, em Iranduba.
O cultivo de hortaliças é uma prática de preferência entre agricultores familiares, por ser lavoura temporária de rápido retorno de capital e com garantia de mercado na região.
Síglia Souza (MTb 066/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental
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