Os dados de boi no gancho em 2021 surpreenderam pelo nível de recuo e indústrias, agora, estão preocupadas com a ômicron em seus funcionários, como já está ocorrendo em Santa Catarina
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Mato Grosso abateu menos bois em 2021. Não chega a ser uma novidade, mas o percentual de queda, acima de 10,20% sobre 2020, chama a atenção.
Ainda que se atribua essa queda à paralisação das vendas à China, nos últimos 3,5 meses do ano, depois da vaca louca, não explica tudo.
É o rebanho que encurtou mesmo, no maior estado produtor brasileiro, como em todo o Brasil.
No total, foram a gancho 4,71 milhões de cabeças.
E com tamanha redução, é possível supor que em 2022 a boiada continuará curta. Não é possível repor esse buraco em tão pouco tempo, considerando que o ciclo da pecuária é de no mínimo 24 meses, quando se considera os bois preferidos dos importadores.
Especialmente os chineses.
Há uma tendência, vista pela Scot Consultoria, de uma safra de boi pouco melhor no segundo semestre do ano, mas nada que mude o quadro, após uma brutal queda, também, na reposição através de bezerros devido a preços altos e custos de insumos também altos.
Outros dados levantados pela Agrifatto, a respeito do Mato Grosso, mostram que, em dezembro, 448,5 mil animais foram abatidos pelos frigoríficos do estado, 0,01% sobre novembro, ou seja, nada.
Para a consultoria, esse empate nos últimos dois meses demonstra que com a queda dos abates em setembro e outubro – e, aqui, sim, devido à ausência chinesa -, esses bois foram mortos em dezembro.
Ainda assim, o número foi superior em 12% sobre dezembro de 2020.
Outro dado que corrobora a análise da consultoria é que houve uma menor entrada nas linhas dos frigoríficos de animais abaixo de 24 meses, 25,16% do total – também, por esse ângulo, pode ser debitado à China.
Por sexo, caiu 5,34% o número de machos e aumentou e mais de 17% a quantidade de fêmeas (136,8 mil cabeças).
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Frigoríficos e o avanço da covid
E a ômicron, será que vai prejudicar o mercado bovino e de outras proteínas?
No auge da pandemia, entre 2020 e o primeiro trimestre de 2021, vários frigoríficos foram paralisados pelo excesso de funcionários contaminados e/ou por exigência das autoridades sanitárias.
Algumas exportações, pontuais, também foram embargadas por compradores, como os chineses – sempre eles…
Nesta sexta, o Frigorífico Verdi, de Pouso Redondo, em Santa Catarina, informou o afastamento de 36 funcionários, de um total de 280.
O número de infectados saltou de 15, em 48 horas.
Ariel Verdi, presidente, falando a Infomercadosbr/Agro News, disse estar preocupado. Se aumentar o número de afastados, a linha de produção de boi pode ficar comprometida.
Os casos se multiplicam na região de um dia para outro.
Não é diferente Brasil afora.
Em Colíder, no MT, Ovaldir Mançano, sócio do Frigorífico Boa Carne, inaugurado em março de 2021, garantiu ainda não ter visto casos.
Mas a atenção é redobrada.
A Abrafrigo, que representa os pequenos e médios frigoríficos, não tinha registro de problemas, mas, naturalmente monitora o cenário.
A ABPA, entidade das indústrias de aves e suínos, também não.
Ocorre que, nesse ritmo, não haverá como o setor escapar, inclusive como lamenta o Sindicarne SC.
Claro, nenhuma empresa está livre do problemão dessa pandemia que nunca acaba.
O problema é que para os frigoríficos a situação é mais complicada pela própria estrutura física da atividade.
As bancadas das linhas de produção alinham trabalhadores próximos um dos outros. E se aumentar a distância entre eles, certamente acaba ocorrendo um pouco mais de lentidão nas operações.
Outro ponto que também é impossível mexer: as temperaturas baixas do ambiente de trabalho.
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