Uma reunião entre a Câmara de Comércio Árabe Brasileira e representantes de frigoríficos, associações, empresas de logísticas e tradings que atuam no setor de carne bovina demonstrou as demandas e interesses com relação ao mercado egípcio
O Brasil é o maior fornecedor de carne bovina do Egito, com 50,82% do mercado em 2016, e vem conseguindo manter seus volumes nos últimos anos, segundo apresentação feita pela executiva de Negócios Internacionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar. Logo atrás do Brasil, a Índia tem uma representatividade bem menor, de 31,2%. Os Estados Unidos são o terceiro maior fornecedor, com 12% do total.
A reunião foi realizada na sede da Câmara, na capital paulista, na quinta-feira (14). O diretor geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, fala que o mercado egípcio de carnes vem passando por transformações, com muitas compras ocorrendo pelo setor público.
Ele também citou as consequências da desvalorização da libra egípcia em relação ao dólar para a exportação brasileira. Em setembro do ano passado, a libra egípcia valia cerca de US$ 0,36. A cotação atual é de cerca de US$ 0,17, o que afeta o poder de importação dos egípcios. O Brasil exportou ao Egito no ano passado US$ 17,2 milhões em gado vivo. Em 2015, não houve vendas. O Líbano é primeiro mercado árabe para o Brasil nestas exportações e o Iraque é o segundo.
No encontro, os executivos da Câmara Árabe contaram sobre as ações feitas pela entidade logo após a Operação Carne Fraca para esclarecer o assunto e ajudar o Brasil a retomar a confiança entre os mercados árabes. Entre as medidas estiveram a criação imediata de um comitê de crise, reunião com compradores de carne do Egito, com o Ministério da Agricultura no Brasil, com embaixadores árabes, participação em missão do governo brasileiro aos países árabes e acompanhamento de missões técnicas árabes ao Brasil.
Demandas. Os empresários apresentaram demandas na quais querem a ajuda da Câmara Árabe, como a agilização da liberação de documentos para exportação nas embaixadas e consulados, a liberação das cartas de créditos dos bancos logo após emissão da certificação da Câmara Árabe e não no final do processo de emissão de documentos, entre outras.
Os frigoríficos brasileiros fornecem ao Egito principalmente carne congelada e não resfriada. Esta última é vendida nas prateleiras dos supermercados e tem maior valor. “O Brasil precisa trabalhar mais isso”, afirma o egípcio e diretor de Inteligência de Mercado e da área Comercial da Câmara Árabe, Tamer Mansour, lamentando encontrar apenas uma ou outra marca brasileira nos supermercados daquele país quando os visita.
O vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, e o vice-presidente de Comércio Exterior, Ruy Cury, colocaram a entidade à disposição para ajudar a resolver estes e outros problemas dos associados e impulsionar as exportações. Também participou do encontro o conselheiro sênior da presidência da Câmara Árabe, Ramez Goussous.
Fonte: Acrimat