Com a assinatura de protocolo, ontem em São Paulo, diferentes marcas poderão investir em animais criados no bioma Pantanal por produtores da ABPO
O abate de bovinos criados de forma sustentável no Pantanal deve crescer das atuais 300 cabeças por mês para 2 mil mensais até o final de 2018, prevê a Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO).
A entidade assinou, ontem, o “Protocolo Carne Sustentável”, com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e apoio do WWF- Brasil. O documento estipula regras para a produção de gado no bioma com retorno econômico, inclusão social e preservação do Pantanal. É permitida a aplicação de uma dose de vermífugo nos animais até os 12 meses, os bovinos são rastreados de forma individual, e podem se alimentar de capim exótico cultivado em locais indicados pela Embrapa.
“A intenção é oferecer um produto que tenha um diferencial no mercado, mas com um preço menor que o da carne orgânica”, diz o presidente da ABPO, Leonardo Leite de Barros. No varejo, a carne sustentável tem um valor médio 6% maior, se considerada como base uma peça de carne de qualidade. O produto orgânico custa ao consumidor 10% a mais do que o valor da carne sustentável.
A associação reúne 15 produtores com um rebanho de 80 mil animais, em uma área de 115 mil hectares. Barros espera que esse número dobre em um ano. “Temos uma demanda reprimida e isso deve crescer a medida que o consumidor compreenda como é essa carne.”
O abate é feito pelo frigorífico Naturafrig, de Mato Grosso do Sul. Os produtores recebem o valor da arroba mais um prêmio de 2% a 12% ao produtor. As fêmeas recebem o valor pago por machos.
O cumprimento das regras será acompanhado pela Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), ferramenta desenvolvida pela Embrapa Pantanal para medir a sustentabilidade nas propriedades. Em fase de ajustes finais, deve ser concluída em 2019. “Será a ferramenta mais moderna para indicar a sustentabilidade nas propriedades”, diz o chefe geral da Embrapa Pantanal, Jorge Antônio Ferreira de Lara.
“A pecuária só é possível no bioma se o ambiente é preservado, devido à questão de seca e cheia que o caracteriza”, garante. “Há uma enorme possibilidade para a expansão da atividade”, avalia.
Korin
Os associados já produziam carne sustentável apenas para a Korin. Com o protocolo, abre-se a possibilidade de que outras empresas adquiram o produto. “Temos essa dificuldade de explicar ao consumidor as diferenças dessa carne e, com maior número de marcas, esse processo fica mais fácil”, salienta o diretor superintendente da Korin, Reginaldo Morikawa. “Além disso, existem diversos níveis de sustentabilidade. Nós, por exemplo, não usamos ureia, o que nos diferencia dos concorrentes.”
Segundo Barros, da ABPO, a rede de supermercado Zaffari já deu início à compra de carne sustentável e orgânica do Pantanal, assim como a Wessel, de hamburgueres, e a marca Taurinos, do Paraná.
A Korin, que tem tradição na produção de frango, trabalha com carne bovina sustentável desde 2015 e, no ano passado, passou a vender o produto orgânico. “A carne bovina responde por R$ 20 milhões do nosso faturamento, que foi de R$ 134 milhões no ano passado”, informa Morikawa.
Ele espera que a carne sustentável mantenha o patamar atual de demanda e prevê crescimento para carne orgânica. “Com isso, o mercado de carnes da Korin deve crescer de R$ 2,5 a R$ 3 milhões neste ano.” A empresa deve faturar R$ 154 milhões neste ano.
Fonte: Acrimat