Uso de tecnologia e boa gestão financeira garantiram retornos de até 14% nos confinamentos acompanhados pela DSM em SP, MT, MS e GO, graças principalmente ao ganho de uma arroba a mais no período.
Em um ano com um cenário político e econômico nebuloso, valorização no preço dos animais de reposição, recordes no valor da saca de milho e nenhuma certeza sobre os rumos do mercado financeiro, apostar no confinamento foi uma decisão arriscada para o pecuarista brasileiro.
Mas quem planejou e investiu em tecnologia se deu bem. Foi esta a conclusão apresentada por pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade São Paulo (Cepea – ESALQ/USP), e especialistas da DSM, detentora da marca Tortuga, durante o encerramento da terceira edição do Tour DSM de Confinamento que reuniu técnicos e confinadores no dia 28 de novembro na sede do Cepea em Piracicaba, SP.
Mais de 1.000 produtores acompanharam os avanços nos índices econômicos e zootécnicos da atividade durante as seis etapas do tour, que foram realizadas em confinamentos de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Mesmo estando em regiões diferentes, investindo na terminação de animais que variavam de pantaneiro até angus com 22 meses, com custos de reposição e dietas variados, todas as propriedades registraram taxas de retorno de até 14% na comparação com investimentos conservadores, como a poupança. E os animais tiveram ganho adicional de peso de mais de uma arroba durante o ciclo de confinamento, chegando a 8@, quando a média nesta fase de terminação fica entre 5@ e 7@.
Segundo o zootecnista Marcos Sampaio Baruselli, gerente de confinamento da DSM, os resultados foram alcançados graças aos investimentos em tecnologias para melhorar a conformação de carcaça, o ganho de peso e o acabamento dos animais. “Uma arroba adicional gera aos produtores o equivalente a um animal a mais a cada 18 bovinos confinados”, diz.
As fazendas selecionadas para abrir suas planilhas nos dias de campo integram o Programa de Incentivo à Tecnologia Tortuga (PITT), que assegura acompanhamento personalizado por técnicos da companhia e acesso aos produtos de alto desempenho em nutrição, com destaque para a linha lançada em 2015 pela DSM para gado de corte: os núcleos contendo uma mistura de óleos essenciais batizada de Crina e a enzima amilase chamada RumiStar. “Os óleos essenciais substituem totalmente os antibióticos na ração e a enzima amilase permite melhor absorção do amido do milho, aumentando a eficiência alimentar do bovino”, explica Baruselli.
Experimentos conduzidos pelo professor Flávio Augusto Portela, do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP, e Juliano Fernandes, da Universidade Federal de Goiás (UFG), comparando a monensina, antimicrobiano usado como melhorador de desempenho do bovino, com os aditivos nutricionais e a amilase na dieta do confinamento, confirmam ganhos superiores em quilos por carcaça (Veja detalhes das pesquisas na página seguinte). “Em todas as fazendas visitadas houve rápida adaptação dos animais à nova dieta, menor taxa de refugo, maior consumo de ração e redução dos distúrbios nutricionais como acidose, diarreias e timpanismo”, completa Baruselli.
Retorno positivo
A pesquisadora do Cepea, Mariane Crespolini, que visitou os confinamentos e levantou todos os dados econômicos, confirmou a importância do uso de tecnologia. “Mesmo em um ano bastante desafiador para os produtores, até quem negociou a preço de balcão, obteve lucro”. Mariane comparou o custo de oportunidade do capital de 0,5% ao mês – caso o produtor vendesse todos os animais e insumos e investisse em uma aplicação financeira de baixo risco – com a remuneração obtida com a atividade e observou taxa de lucro (ou Retorno Econômico sobre o Investimento- ROI) superiores a 14% para quem travou no mercado financeiro.
Com o preço do boi magro respondendo por 70% e a dieta por 25% do Custo Operacional Efetivo (COE), a avaliação econômica mostrou que todas as propriedades alcançaram resultados em media 8% superiores ao ponto de equilíbrio, independentemente da estratégia financeira adotada. “E mesmo com dietas mais caras, que giraram em torno de R$ 7,5 a R$ 9,3 por dia, não houve redução no período de cocho” disse a pesquisadora. As fêmeas ficaram em média, 72 dias, enquanto os machos ficaram entre 74 e 116 dias.
Para Sérgio De Zen, coordenador de pecuária do Cepea esta é a vantagem de quem planeja antes de adotar a estratégia. “O controle dos indicadores econômicos e zootécnicos do confinamento é a realidade em apenas 25% das fazendas”, afirma.
Fonte: Revista DBO 434