O Brasil tem cerca de 52 milhões de cães de estimação, segundo o IBGE. Mas algumas raças despontam no coração dos brasileiros, Vejamos a seguir algumas delas:
Yorkshire: xodó das estrelas
Lindsay Lohan, Britney Spears, Paris Hilton e Venus Williams. O que elas têm em comum além da fama e da riqueza? Todas têm – ou tiveram – um yorkshire como animal de estimação.
Meigo, esperto e companheiro, ele é um dos queridinhos das celebridades. O segredo dessa predileção pode estar relacionado a um detalhe estético. É que o pelo do yorkshire é muito bonito. Além disso, não para de crescer. Finos e sedosos, os fios são quase como cabelos humanos. Ou seja, dá para inventar vários penteados diferentes e exibir o mascote por aí.
Foi essa estrutura mignon que ajudou a yorkshire Smoky a se tornar uma heroína do Exército americano na 2ª Guerra.
Pug: na cola do dono
Um movimento suspeito ouriçou as orelhas pontudas de Pompeu. Havia cavalos, lanças e armaduras no horizonte. Era o exército espanhol que se avizinhava do acampamento holandês. O príncipe Guilherme de Orange acordou de sobressalto com as lambidas e os latidos de seu pug de estimação. Para sua sorte, houve tempo de escapar do ataque inimigo.
O ato heroico de Pompeu, em meados do século 16, valeu um lugar eterno para o pug como mascote da realeza da Holanda. A raça, aliás, tem origem nobre. Era uma das preferidas dos imperadores chineses – lá se vão 2 mil anos. Na China, as pessoas gostam até das dobras da cabeça do pug. O formato das rugas é semelhante a um símbolo chinês que significa boa sorte. Pequenino, o pug é um excelente cão de companhia. Mas saiba que ele é bem carente e nunca desgruda do dono – Guilherme de Orange que o diga.
Além disso, o cão pode ter a respiração barulhenta, devido ao focinho achatado. Isso impede agito e exercícios intensos. Outro cuidado importante: pugs amam comer e têm tendência à obesidade.
Maltês: pelos terapêuticos
Os primeiros registros do maltês têm mais de 6 mil anos. E há uma controvérsia sobre a sua origem. Alguns especialistas creem que a raça – também chamada de bichon – surgiu na Ásia.
Mas a teoria mais aceita aponta a ilha de Malta, próxima da Itália, como berço. Daí o nome. O maltês dava lucro aos marinheiros do passado.
Acreditava-se que os pelos do cão podiam curar doenças. Então, os antigos usavam os fios para fazer luvas.
Shitzu: verdadeiros arteiros
Uma lenda diz que os lamas do Tibete criaram os shihtzus como um presente aos imperadores chineses. Outra: eles seriam a reencarnação de deuses arteiros.
Isso talvez explique a fama de raça desobediente. Mas os shitzus sempre foram bons cães de companhia. Os nobres chineses os usavam para esquentar os pés, por exemplo.
Beagle – rebelde com cauda
Um beagle que voava em sua própria casinha de cachorro foi o grande adversário do alemão Manfred von Richthofen, o Barão Vermelho, considerado o maior piloto de caça da história. Bom, ao menos na imaginação de Snoopy, eles travavam batalhas incríveis durante a 1ª Guerra Mundial. Criado pelo desenhista americano Charles Schulz, em 1950, o beagle de Charlie Brown talvez seja o cão mais famoso da ficção. Ele foi inspirado em Spike, o cachorro de Schulz – que não era um beagle, mas um mestiço de pointer. Snoopy é cheio de personalidade. Gosta de contrariar as ordens de seu dono e, não raro, o constrange. É que a raça é meio teimosa mesmo.
Colocar um beagle na linha pode ser um desafio até para os tutores mais experientes. Como curte uma zoeira, o beagle precisa de espaço para extravasar toda a sua energia. Além disso, a raça tem um olfato excelente. Tanto que é muito usada para farejar coisas ilegais em aeroportos. Por ser dócil e não muito grande, o beagle não assusta os passageiros enquanto trabalha.
Poodle: sem restrições
O poodle é um cão com argumentos irresistíveis. Para começar, a raça não provoca alergias. Reações oriundas dos cães se devem, em maior parte, à ação da proteína Can F1, presente na saliva.
E o poodle tem a menor concentração desse agente entre os cães. Não quer a casa cheia de pelos? Eis uma das raças que menos os solta. A exigência de escovação diária é só para impedir a formação de nós entre os cachinhos do poodle. Sem tempo para adestrar? Adivinhe: esse é o segundo cão mais inteligente do mundo, atrás apenas do Border Collie.
Não quer sofrer quando ele se for? O poodle não chega a ser imortal, mas está entre os cães com maior expectativa de vida – cerca de 14 anos, em média. Além disso, ele é dócil, obediente e simpático. Embora carregue a pecha de “cachorro de enfeite”, o poodle surgiu para pegar pesado no trabalho. Sua função era buscar as caças que caíam nos rios (o que faz dele um retriever). Até aquele penteado espalhafatoso, com pouco pelo nas patas e bastante na cabeça e no peito, foi pensado para a labuta. Chamado de “tosa leão”, o corte diminui o atrito com a água e protege as áreas vitais.
Dachshund: o destemido salsicha
“Imagine um dachshund que vai de Nova York a Londres. Puxe o rabo em Londres, e o cão uivará em Nova York.” Era assim que Albert Einstein explicava o conceito do telégrafo sem fio. O físico alemão tinha um dachshund de estimação. A raça surgiu na Alemanha e foi criada para caçar texugos – roedores que vivem em buracos no chão. Com o corpo e o focinho alongados, o salsicha conseguia entrar facilmente nas tocas. Em geral, o dachshund tem uma personalidade forte. É teimoso e destemido, podendo até enfrentar cães maiores. Os alemães adoram essa autoestima. Tanto que o dachshund é considerado o símbolo da Baviera, o maior Estado do país.
A identificação já gerou problemas. Após a 1ª Guerra, dachshunds eram apedrejados em países que haviam lutado contra os alemães. Mas a bronca cessou com o tempo. O segundo mascote das Olimpíadas foi um dachshund – Waldi, escolhido para os Jogos de Munique, em 1972. Antes dele houve o boneco Schuss, criado para promover a edição de inverno de 1968, em Grenoble, na França. Em 2018, a cidade alemã de Passau criou um museu dedicado aos linguicinhas.
Pastor Alemão: 1001 utilidades
Boa parte das habilidades do pastor-alemão se devem a Max Von Stephanitz e Arthur Mayer. Os dois criadores alemães iniciaram o melhoramento da raça em 1899, fundando uma organização dedicada a aprimorá-la. O intuito era gerar um animal útil não só em fazendas, mas em múltiplas frentes. O cão Hektor Linksrhein, adquirido em uma exposição, foi usado como modelo para a raça pretendida. Ele era inteligente, hábil e obediente, além de ter o porte semelhante ao de um lobo.
O pastor se disseminou após a 1ª Guerra, quando exércitos inimigos da Alemanha levaram filhotes para seus países. Aliás, a raça mudou de nome em alguns lugares. Os ingleses os chamaram de lobo da Alsácia – uma região francesa fronteiriça ao território alemão. Já os americanos adotaram o termo cão pastor. Tudo para ocultar a origem germânica, devido à rivalidade surgida na guerra. Ainda assim, foi nos EUA que o pastor teve seu boom, devido ao sucesso de Strongheart e Rin-Tin-Tin, astros de Hollywood nos anos 1920 e 30.
O pastor-alemão é a terceira raça mais inteligente – só atrás do border collie e do poodle.
Fonte: Super Interessante
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