Os produtores estão cada vez mais repactuando débitos vencidos há anos. Nesta coluna, também, as condições de preços para o milho
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
As dívidas do agronegócio, entre vincendas e vencidas, devem passar dos R$ 600 bilhões, um estoque no qual entram o sistema financeiro e tradings e fornecedores entre os credores.
O Banco Central, há alguns meses, registrou em torno de R$ 300 bilhões de créditos a receber pelos bancos, por exemplo.
Normal, em geral, se olhar pelo tamanho do montante: o agronegócio cresceu, se desenvolveu a base de investimentos e passou a representar a maior parcela da economia brasileira.
A boa notícia é que os chamados “créditos podres” estão caindo em volume. Isto é, as dívidas consideradas irrecuperáveis pelos agentes estão cada vez mais sendo renegociadas.
Prova, por um lado, que o agronegócio não deve por sacanagem. Muito deveram por necessidade, notadamente descasamento entre safras perdidas pelo clima versus custos elevados de produção, que desbalancearam a relação com os preços.
Por outro, prova que quem pode, paga. Afinal, com nome sujo, é complicado comprar bens de produção.
Relatório desta semana de uma empresa recuperadora entre as principais gestoras de créditos corporativos chamados de inadimplidos, ou seja, descumpridos há anos – por isso, “podres” – observa que em 2021 foi triplicado o número de acordos.
A firma tem R$ 5 bilhões sob sua administração.
Como ela, outras compram esses créditos dos credores e tentam a repactuação.
A boa notícia, ainda, que ao contrário de simples empresas de cobranças, o mercado está se especializando em ajudar o produtor a operar, para, melhor capitalizado, renegociar seus débitos.
Não há um corte por setores mais endividados e por regiões – as empresas também não informam por razões estratégicas.
Mas, historicamente, os principais devedores são os setores da canavicultura e da cafeicultura. Daí, também, que se estima que, por regiões, a concentração está em São Paulo e Minas, berço das duas culturas.
São os mais antigos em termos de produção em escala.
Grandes compradores de milho estão saindo do mercado
O milho tende a cair no mercado interno nos próximos dias.
A trading Safra Grãos, de Goiânia, está notando que os grandes compradores estão bem estocados, em boa dose, também, com importações.
É comum nesta época do ano as misturadoras de ração, os principais demandantes, encurtarem as compras, porque, tradicionalmente, o setor cessa as operações em dezembro.
Desse modo, Alysson Dias, diretor da empresa, que opera somente no mercado interno, verifica que seus tradicionais clientes na ponta compradora estão saindo do balcão.
É possível, pensa ele, que haja uma queda de até R$ 10 por saca. Seguindo o parâmetro da B3, a saca deste mês está em torno dos R$ 85,20.
Para o mês de dezembro, o contrato é negociado a R$ 85,73, mas é a saca que está caindo mais fortemente nos últimos dias.
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