Com o objetivo de criar parâmetros de rentabilidade das atividades econômicas rurais e fomentar a introdução de tecnologias e sistemas de produção eficientes em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram o Projeto Rentabilidade no Meio Rural.
O vice-presidente da Famato Normando Corral falou do orgulho do trabalho desenvolvido pelo Sistema Famato. “O Projeto Rentabilidade no Meio Rural garante ao produtor dados precisos para uma possível efetivação de tecnologias avançadas e profissionalização das propriedades rurais. Esse trabalho é resultado do esforço de uma equipe dedicada ao Sistema e ao produtor, assim como a Embrapa que sempre foi parceira em projetos e ações junto ao Sistema Famato”, disse Corral.
De acordo com o superintendente do Imea Otávio Celidonio, com um mercado competitivo, o profissionalismo da gestão do agronegócio passou a ser fundamental e o Projeto Rentabilidade no Meio Rural aponta dados e aspectos de desenvolvimento rural em todas as culturas e abre caminhos para as tecnologias mais avançadas. “Com tecnologias mais avançadas, as pequenas, médias e grandes propriedades poderão planejar estrategicamente sua produção para gerar lucro e produtos de qualidade”, disse Celidonio.
Durante o evento, o gestor técnico do Imea Angelo Ozelame fez uma retrospectiva do ano de 2015 no mercado agrícola e apontou as perspectivas para 2016. “Para Mato Grosso percebemos preços mais remuneradores em 2015 em comparação a 2014. O produtor está conseguindo vender a preços melhores e isso fez com que ele acelerasse suas vendas. Antes da safra toda semeada, mais de 50% da produção já foi comercializada, porém, por outro lado, é possível observar os produtores tendo um custo histórico nesta safra em virtude do dólar que acaba impactando na sua lucratividade”, explicou Ozelame.
Ainda de acordo com o gestor, a rentabilidade para o produtor vai ser um pouco melhor do que no ano anterior, porém é uma situação delicada porque o preço da soja está baseado muito mais no dólar do que na própria bolsa de Chicago, que nos últimos meses se apresenta instável. “O produtor está conseguindo vender com bons preços, mas ele está baseado no dólar, e se ele cair com certeza vai impactar nos preços, porque os preços internacionais estão extremamente baixos. Isso pode ser visualizado nos outros países que produzem soja em situações mais delicadas com as que estamos vivendo aqui no Brasil em especial em Mato Grosso”, esclareceu.
Participou da apresentação do Projeto a diretora sênior de Produtos e Serviços Agrícolas da CME Group – Bolsa de Chicago, Susan Sutherland, que na oportunidade anunciou o lançamento de opções de curto prazo da safra nova sul-americana de Chicago que pode ser a solução para o gerenciamento em um mercado de incertezas. “As opções de curto prazo de safra nova de nossos grãos e oleaginosas têm sido bem-sucedidas porque oferecem aos produtores rurais uma ferramenta flexível e de satisfatória relação custo benefício para o gerenciamento do risco de preço de safra nova”, salientou a diretora.
Susan afirmou também que estas opções de curto prazo vão beneficiar os produtores rurais do Brasil que buscam proteção com custo menor para os preços de grãos conforme o ciclo da safra, além de proporcionarem oportunidades adicionais de arbitragem e negociação para operadores de grãos e clientes. “Estamos oferecendo estas novas opções para atender melhor as necessidades de um número crescente de produtores”, ressaltou Susan.
O gestor de projetos do Imea Daniel Latorraca demonstrou aos participantes os custos de produção que mais impactaram no mercado, e como foi a rentabilidade das principais culturas do Estado. “Os fatores que mais impactaram foram três. O principal deles foi o dólar que sem dúvida impactou especialmente na soja, algodão e no milho. O segundo foi o preço ou gasto com defensivos agrícolas em reais e o terceiro foi o atraso da liberação do crédito oficial, não houvendo o recurso do pré-custeio governamental”, esclareceu Latorraca.
Segundo Latorraca, neste ano foram feitas a rentabilidade de várias culturas, em especial, soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, pecuária de leite e corte, piscicultura e a floresta plantada de teca e de eucalipto. “Dentre elas a do leite em mais um ano teve a rentabilidade negativa, do milho é praticamente instável apesar de os preços terem melhorado em alguns momentos, por outro lado, na pecuária o sistema de cria teve margens melhores esse ano, e a soja com destaque na margem líquida e operacional também”, destacou o gestor de projetos.