O presente estudo tem por finalidade, analisar a importância do Marketing para Agronegócio Brasileiro, tendo em vista a expressiva importância do setor para a economia do país.
De facto, o Agronegócio Brasileiro, tornou-se a mola propulsora da economia nacional nas últimas décadas, o segmento é responsável, por 30% do PIB, 46% das exportações e gera 1/3 dos empregos no país.
Alguns fatores contribuem para o cenário favorável, o principal é a diversificação na exportação das commodities, tendo como os principais produtos; a soja, café, açúcar, carnes in natura, couro, milho, etanol, o país também conta com clima propício, vasta planície agricultável, tecnologia e know-how. A utilização assertiva do Marketing em toda a cadeia produtiva, além de gerar valor as marcas e produtos, impacta positivamente em questões institucionais, sociais e ambientais, na medida em que, esclarece temas como desmatamento e poluição para seus clientes e steakholders. O Agronegócio, incluindo a maioria dos segmentos agrícolas, inclusive os profissionais, sempre teve uma posição retraída em termos de Comunicação e Marketing, nos últimos anos, o setor obteve consideráveis avanços, estratégias de gestão de marca e ações promocionais agregaram valor ao setor. Para atingir os objetivos propostos, utilizou-se uma pesquisa exploratória, descritiva e explicativa, com o intuito de tornar clara a presente elucidação do tema analisado.
Portanto, intensificar o desenvolvimento de ações estratégicas de Marketing, contribuirá para desenvolvimento do segmento e do país, consequentemente ampliação de marketshare global, em um mercado cada dia mais competitivo e globalizado.
Palavras-chave: Marketing. Marketing digital. Agronegócio Brasileiro.
1 – INTRODUÇÃO
As empresas dependem de planos estratégicos para seu desenvolvimento, consolidação e sobrevivência, em um mercado implacável, competitivo e globalizado. Cenários econômicos instáveis e mudanças de conceitos no consumo, exigem dos gestores novas abordagens, com o enfoque no capital humano qualificado e estratégias direcionadas, que as permita, vencer estes desafios e crescer de forma sólida e sustentável. Neste contexto, e na contramão do cenário Macroeconômico, o Agronegócio Brasileiro necessita diretamente do Marketing para maximizar seu potencial, como segmento forte e imprescindível para recuperação e crescimento da economia Brasileira e mundial. O Marketing no Agronegócio Brasileiro tem uma importante missão institucional e social, além de agregar valor a marcas e produtos, amplamente diversificados e segmentados.
Tendo em vista a importância do Marketing, no intuito de analisar as variáveis que influenciam o mercado corporativo, quais ferramentas de marketing podem ser adotadas e como estes conceitos estão influenciando o segmento?
Assim, o objetivo geral do estudo propõe uma avaliação geral dos desafios que o setor enfrenta e como a utilização do Marketing estratégico poderia influenciar positivamente o segmento. O artigo está estruturado em sete sessões, incluindo introdução e conclusão. A primeira aborda o tema, a nova era do Marketing, seguidos, Marketing digital e o agronegócio no Brasil, desafios do Marketing no agronegócio Brasileiro finalizam o estudo.
2 – A NOVA ERA MARKETING
O Marketing contemporâneo vai além do processo da criação de estratégias de comunicação, planejamento e desenvolvimento de produtos e serviços, que satisfaçam as necessidades dos consumidores; o novo conceito de Marketing integrou-se também, ao processo criativo, cultural, impactado pelas mídias sociais, que busca além de novas demandas mercadológicas, identificar consumidores como seres humanos, com mente, sentimento e espírito, alinhados a evolução dos conceitos de gestão estratégica empresarial.
Corroborando, Kaufman (2009). O Marketing é a arte e a ciência de encontrar ¨clientes potenciais¨ – pessoas ativamente interessadas no que você tem a oferecer. As melhores empresas do mundo encontram maneiras de chamar a atenção de clientes potenciais qualificados com rapidez e economia. Quanto mais clientes potenciais você atrair, em melhor posição estará a sua empresa.
Diante do atual cenário de crise econômica, promover a gestão estratégica de Marketing torna-se fator de diferencial competitivo, permitindo as organizações ampliar sua visão mercadológica, proporcionando o aumento da participação de mercado. Alinhar a estratégia empresarial central, com a de marketing tornam-se um conditio sine qua non de mútua dependência, benefícios e responsabilidades para ambas as partes, objetivando o atingimento de resultados estratégicos.
Segundo Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010), Para dar conta de todas as mudanças, profissionais de marketing ao redor do mundo expandiram o conceito e passaram a focar também as emoções humanas. Introduziram novos conceitos, como marketing emocional, marketing experimental e valor de marca.
O marketing contemporâneo desprendesse de paradigmas, possibilitando os gestores definições subjetivas, que vão além do conceito tradicional de captura de nichos mercadológicos, clientes potenciais, vendas lucrativas, promoções e branding, para criação de conceitos criativos, tecnológicos, digitais, cognitivos, amplamente disseminados na cultura organizacional por gestores inovadores, refletindo diretamente no alinhamento estratégico e no comportamento dos membros das organizações.
Portanto, novos conceitos de consumo de produtos e serviços, retratam apenas um dos sinais destes novos tempos, atribuindo aos profissionais de Marketing, ações assertivas na identificação destas alterações comportamentais, seus desejos, tendências e sentimentos. Esta ampliação do conceito consumo, esta agora relacionada a questões ambientais, sociais, econômicas e experimentais, obrigando os gestores de Marketing, desenvolverem novas abordagens, métodos, procedimentos, tendo em consideração variáveis antes não analisadas.
3 – MARKETING DIGITAL
Compreender avanços tecnológicos na sua essência e como utilizá-las em prol das organizações, confere as empresas, ferramentas preciosas, na busca da permanência no mercado de forma duradoura e economicamente viável.
A partir do ano 2000, a tecnologia da informação, passou a fazer parte das corporações com maior ênfase, denotando uma nova era, aonde empresas e steakholders, fariam parte do mesmo universo, interativo, integrativo, e totalmente conectados.
Uma das variáveis que influenciaram esta nova era, foram às mídias sociais, que impactaram o Marketing com ampla variedade de conteúdo diversificado, e amplamente segmentado, algumas destas tecnologias digitais são:
• Facebook: a mídia social mais acessada do mundo, foi lançada em 2004, tem como sua principal característica o compartilhamento de publicidade gratuita, fotos, pequenos vídeos, mensagens privadas e feed de notícias.
• Whatsapp: rede social mais recente, criada em 2009, aplicativo de mensagens instantâneas, com compartilhamento de vídeos, fotos e chamadas de voz para smartphones.
• Youtube: criado em 2005, permite uma grande interação entre usuários através de vídeos de longa duração.
• Instagram: ferramenta para compartilhamento de fotos editáveis, rede social criada em 2010, muito utilizada por pessoas famosas e marcas de renome.
• Twitter: tem como principal característica o envio de mensagens instantâneas, muito utilizada por atletas e celebridades.
• Linkedin: mídial social fundada em 2002, tem como principal objetivo, a integração entre empresas, projetos e profissionais.
Para Torres (2010), o Marketing nas mídias sociais é o conjunto de ações de Marketing Digital que visam criar relacionamento entre as empresas e o consumidor, para atrair a sua atenção e conquistar o consumidor online. O Marketing nas Mídias sociais envolve basicamente relacionamento com seus clientes através da Internet. Esqueça a publicidade, um dos grandes erros das empresas nas mídias sociais é querer fazer propaganda do seu produto e serviços sem ao menos criar relacionamento com seu público.
O gerenciamento destes conteúdos, considerando seus pontos fortes, e fracos, permite ao gestor de Marketing potencializar seus resultados, a maioria destas canais de comunicação possuem características específicas para anúncios pagos, o que bem utilizados permite a estratégia, grande capacidade comunicação.
Também na visão de Torres (2009), sobre conteúdos, para o desenvolvimento de ações estratégicas de Marketing Digital.
• Marketing de conteúdo;
• Marketing nas mídias sociais;
• Marketing Viral;
• E-mail Marketing;
• Publicidade Online;
• Pesquisas Online;
• Monitoramento;
Portanto, o Marketing evoluiu, as mídias digitais convidam os clientes e não clientes, a participarem do desenvolvimento de seus produtos, o formato de integração e interação, lhes permitem, fontes seguras de informações sobre empresas, suas ações, reputação, responsabilidade social, ambiental, compreender a natureza desta nova nomenclatura é essencial para sobrevivência em um ambiente cada dia mais tecnológico e inovador.
4 – O AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Agronegócio é uma cadeia produtiva composta por fornecedores de insumos, propriedades rurais e agropecuárias, empresas de processamento, atacadistas, varejistas e o consumidor final, podemos incluir também, os prestadores de serviços terceirizados; ex: consultorias de Marketing.
Na visão de Mendes e Junior (2007), a sociedade Brasileira descobriu, há poucos anos, a importância do agronegócio. Antes, agropecuária e as indústrias de transformação de suas matérias-primas eram relegadas a um plano inferior. O produtor rural, inclusive, era incompreendido e muitas vezes execrado como um pária do sistema econômico. Foi preciso uma crise internacional, que praticamente quebrou o Brasil no final do século passado, para demonstrar a relevância do setor como o principal formador de divisas e o grande motor da sociedade do interior do país, onde a renda que gera é fundamental para o sustento de todas as outras atividades econômicas.
Além da importância interna, o Brasil passou a figurar como potência mundial no segmento, o país possui 22% de terras agricultáveis do planeta, chuvas regulares, clima tropical, excelente para o cultivo, água doce em abundância, conta com tecnologia de ponta no campo, cenário ideal para o desenvolvimento sustentável, e que fazem do Agronegócio Brasileiro um setor moderno, atrativo e competitivo. Possui a maior extensão territorial da América Latina, com 8,5 milhões de quilômetros, e o quinto maior do mundo, é o segundo maior exportador mundial de soja e o primeiro de café, açúcar, laranja, cana de açúcar, açúcar, etanol, carne bovina e aves. Contudo, internamente, o setor encontra alguns entraves a serem superados, como a legislação tributária complexa, além de infraestrutura e logística inadequadas, escassez de mão de obra especializada, tem como grande desafio para continuar crescendo o estresse hídrico, já que 70% da água do planeta é destinada a irrigação agrícola, o desperdício de alimento, com a necessidade de diversificar ações sustentáveis, que permitam amenizar estes gargalos produtivos, e no longo prazo, a questão energética, que possibilita ao segmento grandes oportunidades, desde a produção de biocombustíveis até a obtenção de energias limpas, como a biomassa.
Germano e Germano (2013), corrobora. A Food and Agriculture Organization (FAO) estima que a produção anual de alimentos deve ser ampliada em 70% até o ano de 2050, em função do crescimento da população. O número de pessoas a serem alimentadas, no ano em questão, em relação ao numero atual, deverá ser superior em 2,3 bilhões de pessoas.
A organização prevê que ainda, segundo estimativas, a produção anual de cereais terá que crescer 1 bilhão de toneladas, dos atuais 2,1 bilhões de toneladas; e a ofertas de carne terá de ser elevada em 200 milhões de toneladas, atingindo 470 milhões de toneladas em 2050.
Portanto, é indiscutível a possibilidade de crescimento do setor, e a sua grande importância para a economia brasileira, apesar de vantagens encontradas, e das perspectivas futuras, é essencial maximizar as variáveis do potencial brasileiro produtivo, e minimizar os problemas e desafios, que dependem essencialmente, de investimentos públicos, privados, e mudanças nas políticas econômicas internas.
5 – DESAFIOS DO MARKETING NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
O Brasil, apesar de possuir uma vasta quantidade de área produtiva, nunca assumiu o status de líder do mercado global no segmento, que cresceu principalmente com o aumento da produção agrícola, mais nem sempre foi capaz de agregar valor aos seus produtos. O setor tem como desafio, desenvolver estratégias capazes de alinhar o Marketing ao Market share, ampliando sua participação no cenário internacional, seguindo a estratégia de países como Estados Unidos, Inglaterra e China, que optam por agregar valor aos produtos além da quantidade produzida.
De acordo com, Tejon e Xavier (2009), para fazer Marketing em agronegócio é preciso ter o foco ampliado. É preciso abrir o pensamento estratégico, e as análises de todo o perfil da cadeia produtiva, na qual está inserida para, então, aumentar a criatividade e a inovação no planejamento realizado – bem como sua substância para o longo prazo e sua força tático-operacional no presente.
É fundamental a quebra de paradigmas no setor, o Marketing nasce na essência da pesquisa para o desenvolvimento de produtos, até a sua concepção e divulgação, compreender a importância de agregar valor a toda cadeia produtiva torna-se importante requisito para conquista de diferencial competitivo, não importando o ponto na cadeia produtiva que seja o enfoque, é necessário uma visão ampla e sistêmica, completa e detalhada, ou seja, analisar estrategicamente o Agronegócio é analisar a cadeia produtiva de vários ambientes competitivos e colaborativos.
O segmento apresenta características genuínas da agricultura, é um importante player no mercado agroalimentar mundial, por isso, faz-se necessário o desenvolvimento de estratégias de Marketing, alinhadas a estratégica central, sobretudo, estas ações apresentariam um maior potencial de captação de capital intelectual e por consequência o fortalecimento das empresas no mercado.
Segundo Francisco, Miranda, Ximenes e Badejo (2015), no mercado interno, o consumidor brasileiro busca mais qualidade nos produtos agroalimentares disponíveis, ao mesmo tempo que anseia por novos. Essa postura se deve a melhoria na condição socioeconômica da população e à difusão de acesso as informações. Em virtude disso, a indústria agroalimentar precisa estar atentas as demandas do mercado, para responder a elas o mais rápido possível e continuar competitiva, tanto no mercado interno quanto no externo.
De forma generalizada, o mercado passa por profundas transformações, a tecnologia trouxe aos consumidores a possibilidade de conhecer melhor os produtos que desejam consumir, sua reputação, concorrentes, principais características, desenvolvimento, qualidade e custo benefício. Portanto, a economia Brasileira é pujante, com potencial de crescimento, possui know-how, tecnologia, criatividade e inovação, a utilização dessas forças aliadas ao Marketing estratégico, permitiria avanços consideráveis, no curto, médio e longo prazo.
6 – METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica exploratória, uma vez que procura explicar o problema através da análise da literatura publicada em livros, publicações avulsas e da internet. Quanto aos objetivos, foi feita uma abordagem descritiva, buscando descrever fenômenos, sua natureza e suas características, além de explicar e interpretar os fatos.
De acordo com Mascarenhas (2012), sempre que decidimos começar um estudo, precisamos ver o que já foi dito sobre o tema. Afinal, ninguém precisa reinventar a roda, não é? Agora, vamos falar de pesquisas que fazem apenas um levantamento bibliográfico. Este tipo de investigação concentra-se na análise de livros, artigos, dicionários, e enciclopédias.
Também exploratória, porque na medida em que se procura aprimorar ideias, ajudando na formulação de hipóteses para pesquisas posteriores, além de buscar maiores informações sobre o tema.
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisamos neste estudo, verificamos as profundas mudanças na forma de, visualizar, administrar e planejar as organizações. A participação efetiva na Gestão Estratégica de Marketing nos processos administrativos do Agronegócio tornou-se fundamental, do ponto de vista que agrega valor a cadeia produtiva e seus produtos e marcas. A descomoditização dos produtos agrícolas, permitem a cadeia produtiva reinventar-se, produzindo valor agregado, esta nova visão mercadológica, atende novas demandas, a qual o consumidor buscar por experiências únicas, diferenciadas, participativas e customizadas.
A utilização do Marketing estratégico proporciona ao Agronegócio uma nova leitura de strategic business, tendo em consideração uma agropecuária orientada para as demandas de consumo, seu perfil demográfico, estilo de vida, regras alimentares, novas estruturas familiares, menores em algumas regiões, maiores em outras, alimentação, o avanço da medicina influenciará na forma com que o cliente final se relacionará com o alimento. O Marketing tem a função de identificar o que motivas as pessoas, e atender estas necessidades, através de produtos e marcas posicionadas estrategicamente.
Portanto, é necessário compreender que o marketing vai além, da publicidade, comunicação, vendas e promoções, para atingir as percepções das mentes humanas, aspirações, sonhos, desejos, prazeres, dores, sentidos da vida, e como tudo isso interage com a realidade e suas possibilidades. O caminho é sem volta, não nos basta mais ter a tecnologia, demanda, e a graça divina do solo fértil, o segredo estará na competência para usá-las, de ponta a ponta na cadeia produtiva, dando assim um novo sentido para o negócio chamado, Agronegócio.
REFERÊNCIAS
• AZEVEDO, Celicina Borges. Metodologia da pesquisa: ao alcance de todos. 2. Ed. São Paulo: Manole, 2009.
• FRANCISCO, Dione Carina; MIRANDA, Sílvia Helena Galvão de; XIMENES, Valquiria Prezotto; BADEJO, Marcelo Silveira. Agronegócios. Curitiba: Intersaberes, 2015.
• GERMANO, Pedro Manuel Leal; GERMANO, Maria Izabel Simões. Sistema de Gestão: qualidade e segurança dos alimentos. São Paulo: Manole, 2013.
• MASCARENHAS, Sidnei A. Metodologia científica. São Paulo: Person, 2012.
• MENDES, Judas Tadeu Grassi; JUNIOR, João Batista Padilha. Agronegócio: uma abordagem econômica. São Paulo: Person, 2007.
• TEJON, José Luiz; XAVIER, Coriolano. Marketing & Agronegócio: a nova gestão – diálogo com a sociedade. São Paulo: Person, 2009.
• TORRES, Cláudio. Guia Prático de Marketing na Internet para pequenas empresas: dicas para posicionar o seu negócio e conquistar novos clientes na Internet. São Paulo: Copyright Cláudio Torres, 2010.
• TORRES, Cláudio. A Bíblia do Marketing Digital: tudo o que você gostaria de saber sobre marketing digital e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo: Novatec, 2009.
• KAUFMAN, Josh. Manual do CEO: um verdadeiro MBA para o gestor do século XXI. 1° Edição. São Paulo: Saraiva, 2009.
• KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Por: Rafael Telch Flores