Mesmo com o provável aumento de oferta de animais terminados em 2017, indústrias não devem reabrir unidades fechadas em ajuste.
Depois de dois anos de oferta restrita de animais para o abate, a pecuária brasileira deve encontrar um cenário diferente em 2017. Após quase três anos de retenção de fêmeas, é esperada a chegada de um grande volume de bois gordos ao mercado no próximo ano.
O aumento da oferta, entretanto, não deve mudar a situação das indústrias frigoríficas que fecharam as portas para ajustes nos últimos anos, como destaca o presidente da Minerva Foods, Fernando Galetti Queiroz. “Tivemos uma redução muito grande no número de abates neste ano e a indústria se ajustou. A capacidade atual é suficiente para ‘aguentar’ o iminente aumento de oferta no próximo ano, que promete ser muito bom para a indústria”, destacou.
O executivo também reforçou que as exportações devem continuar exercendo papel-chave para a cadeia. “Nas projeções atuais, trabalhar com o mercado externo é mais interessante do que esperar o improvável aumento de consumo”.
Nesse movimento, Queiroz destaca a importância da aquisição do frigorífico Frisa, por R$ 250 milhões, para ampliar a atuação da empresa. “É o sexto maior exportador de carne bovina do Brasil e já está habilitado para vender para a China e EUA. Ele também tem uma localização estratégica que nos permite atender às demandas tanto do mercado externo quanto do interno”.
Bom ano para engorda – Outro lado da cadeia com projeções positivas é a atividade de engorda. Segundo Alexandre Mendonça de Barros, da MB Associados, a safra recorde de grãos no Brasil e em diversos países, somada à constante queda no preço do bezerro, deve elevar a rentabilidade dos produtores que atuam na atividade.
“Os preços dos grãos devem estar bem mais atrativos do que neste ano, o que deve garantir uma boa margem à engorda. Isso deve levar um número maior de bovinos para a linha de abate e aumentar o peso de carcaças”, destaca o analista.
Se a rentabilidade da engorda deve crescer, o mesmo não deve ocorrer com o segmento da cria, pois o movimento de queda do preço do bezerro deve se intensificar. “O preço do quilo do bezerro caiu de R$ 8 para R$ 6 desde o início do ano, com algumas praças apresentando quedas bem mais significativas. Esse recuo deve ser bem maior em 2017”, conclui Mendonça.
Fonte: Portal DBO