A meliponicultura é um mercado ainda incipiente no Brasil, mas com grande potencial de crescimento
Agricultores, estudantes e outros interessados em investir em um negócio ainda pouco explorado, mas extremamente promissor e, o que é melhor, ecologicamente correto, fizeram parte do grupo de 80 inscritos que participaram do curso sobre manejo de abelhas sem ferrão, realizado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Este público, além de trocar conhecimento e levar para casa novas informações sobre o tema, também é parte de mais de uma centena de pessoas que apostam na criação desta espécie de abelhas como fonte de renda e, especialmente, a polinização como uma das alternativas para melhorar a produção e produtividade de diferentes culturas – sem falar da importância do ponto de vista da sustentabilidade.
O interesse pelo assunto mobilizou pessoas de diferentes partes do Brasil para participar do curso, encerrado no último domingo, nas dependências da Unidade. Pelo menos 130 pessoas solicitaram inscrição, apesar de as vagas serem limitadas para melhor aproveitamento das discussões. Um dos responsáveis pelo evento, o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Cristiano Menezes, conta que esta edição foi a mais procurada e acredita que a proposta do conteúdo – que abordou desde o manejo até a legislação – foi um dos fatores que proporcionaram o sucesso do curso.
Menezes, que trabalha em parceria com a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Carmen Pires diz que as abelhas sem ferrão podem significar sinônimo de investimento num nicho de mercado ainda nos primeiros passos. Para se ter uma ideia algumas culturas registram um aumento de 30% a 40% na produção quando são colocadas nas áreas de plantio as colmeias das abelhas sem ferrão. Nesse caso estão os plantios de café e tomate, por exemplo, que devido à polinização que ocorre com o manejo das abelhas nas lavouras têm mais frutos com melhor qualidade. Na cultura do morango os benefícios diretos da polinização chegam a uma produtividade 43% maior.
Um outro aspecto abordado no curso é o nicho de mercado que pode ser explorado com sustentabilidade quando o agricultor ou os interessados na criação de abelhas sem ferrão possuem ao se dedicarem a meliponicultura. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os criadores têm renda garantida com o aluguel de colmeias para polinização nos pomares de macieiras, na época de floração destas plantas – entre agosto e setembro. Passado este período as colmeias retornam às suas propriedades de origem.
“Nas regiões Norte e Nordeste do país há famílias que vivem exclusivamente da renda gerada pela criação de abelhas sem ferrão”, conta Menezes.
Além do sucesso do evento, Cristiano Menezes observa que o mais importante é a possibilidade que produtores têm de conciliar a presença das abelhas sem ferrão com os métodos de controle de pragas nas diferentes culturas. O exemplo dos produtores de maçã gaúchos e catarinenses ilustra isso, pois ao alugarem as colmeias para a polinização aumentam a produção, aliam a polinização ao manejo de pragas. Os criadores das abelhas e “locatários” das colmeias ganharam um nicho de mercado.
Certos de que as abelhas sem ferrão são uma excelente alterativa de negócio e, principalmente, um ativo sustentável que deve ser levado em consideração, os pesquisadores da Embrapa e das universidades parceiras perseguem o desafio de descobrir, na diversidade de abelhas sem ferrão existentes no Brasil, quais culturas são polinizadas por quais espécies destas abelhas.