Nós, jornalistas, cinegrafistas, radialistas e publicitários especializados no setor do agronegócio, por meio desta, declaramos total apoio às investigações da Operação Carne Fraca dirigida pela Polícia Federal. Entretanto, como especialistas da área e vivendo o dia a dia da produção de alimentos no Brasil, concluímos que a forma como foi exposta as informações evidencia a deficiência dos meios de comunicação do País, em especial da grande mídia, no que tange à ausência de profissionais especializados no agronegócio em suas redações e ao consequente desconhecimento das particularidades da cadeia da pecuária de corte.
A Agenda Setting exposta ontem (21/3) prova para este grupo de profissionais especializados que o trato dado as informações foram destoantes às práticas rotineiramente aplicadas a esta classe econômica que, por anos, suporta o superávit da balança comercial nacional.
Entendemos que a forma como as notícias foram propagadas demonstraram falta de comprometimento com a cadeia de valor, haja vista informações que afirmavam que “embutidos eram produzidos com papelão”, provando-nos que as agências e redações estão cada vez mais urbanas e distantes das realidades do campo.
Os malfeitores devem ser punidos e é necessária uma discussão profunda para uma reforma da classe supracitada, uma vez que as faculdades e universidades de comunicação ainda apregoam a formação de comunicadores generalistas, mantendo-se contrária às especializações.
As notícias expostas, na forma de acusações não fundamentadas, ajudam a retroceder em dez anos o setor da proteína de origem animal e revelarão nos próximos capítulos o buraco ainda maior da economia nacional, em especial na mesa dos brasileiros.
Diretoria da Associação Brasileira de Jornalistas, Radialistas e Veículos de Comunicação do Agronegócio (Agrocom).
São Paulo, 21 de março de 2017