O Brasil terá que repensar sua dependência dos combustíveis fósseis e o etanol de milho é o que tem grande potencial de expansão
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
A questão da alta do petróleo vinda com a guerra na Ucrânia traz à tona a discussão sobre o etanol e a importância de aumentar a matriz energética brasileira a partir do renovável e consolidar um canal interno para o agricultor brasileiro.
A despeito da haver alguma flexibilização nos preços do barril do petróleo, e mesmo que venha alguma solução pacífica para o conflito militar, dificilmente a cotação vai cair para baixo dos US$ 100.
E ainda, como nessa crise atual, outras poderão surgir.
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Nada mais normal que se defenda, portanto, que o Brasil diminua sua dependência dos combustíveis fósseis, aproveitando a experiência pioneira em biocombustíveis e a fartura de matérias-primas.
Da cana, como se sabe, o etanol concorre com o açúcar. Então sempre haverá esse fator a mais que pesa na decisão na decisão das usinas. Além do que não há mais por onde crescer em área.
Mas, e o milho?
Sim, há concorrência com as exportações, há concorrência com as fábricas de ração e há, ainda, a concorrência com a fabricação de produtos alimentícios derivados de milho (este com peso menor que os outros dois canais).
Resta ver o momento em que o milho para etanol estiver remunerando melhor o produtor.
Em 2021, as 19 plantas de etanol do cereal produziram cerca de 3,4 bilhões de litros – com o da cana, a soma foi de 30 bilhões de litros.
Nas contas da Unem, que representa as destilarias, foram consumidas 8 milhões de toneladas de milho para essa quantidade de etanol.
O ano não foi bom para o consumo, como se sabe. A sequência da pandemia derrubou o comércio em geral de combustíveis.
E os preços internacionais estiveram bons, porque a safrinha do ano passado foi bem menor.
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As indústrias costumam garantir suprimentos com antecedência. Claro, não vão deixar para última hora a compra de milho.
Boa parte do milho a ser usado em 2022 já foi contratado.
Mas, a seguir o andar da carruagem – voltando à questão do petróleo – para 2023 a conversa pode ser outra.
O etanol pode se tornar mais competitivo e as empresas poderão querer produzir mais. Produzindo mais, terão que comprar mais.
O que vale a pena discutir é que, além da possibilidade de haver mais etanol de milho para fazer rodas os carros brasileiros, poderá haver um canal mais sólido de preços para o produtor de grão, sem ficar atado à volatilidade das cotações internacionais, por exemplo. E não estamos nem falando dos novos projetos de destilarias de etanol de milho.
E, em paralelo, ganha também a produção de DDG, para ração, aumentando o colchão de opções dos criadores de gado, sempre às voltas com os custos de insumos mais elevados pela demanda externa.
Sempre, naturalmente, haverá reflexos das condições de safras – como ocorreu com a cana no ano passado, que quebrou a produção de etanol – além do consumo fraco -, mas compensada pelo açúcar que estavam com bons preços.
Porém, é do jogo.
AGRONEWS® é informação para quem produz