Colheita de café: na temporada atual e na próxima, Brasil deve colher 52 milhões de sacas
O preço internacional do café arábica deve encontrar suporte em US$ 1,20 por libra-peso na Bolsa de Nova York (EUA) pelo menos até outubro deste ano. A avaliação é do diretor de trading Comexim USA, Rodrigo Costa, que vê espaço para a cotação na bolsa norte-americana até mesmo voltar ao nível de US$ 1,30 por libra-peso.
“O preço não deveria estar tão baixo. Só está assim porque todo mundo está tentando antecipar a safra 2017/2018”, disse ele. “O preço atual está no menor nível desde o início de 2016”, afirmou.
Costa trabalha com um cenário de déficit de oferta global de café em torno de 1,7 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2016/2017. Para o ciclo 2017/2018, acredita que essa diferença deve ficar ainda maior, em 4,2 milhões de sacas, em função, principalmente da produção brasileira, a maior do mundo.
Os cafezais do Brasil devem render para o próximo ano-safra, que começa em julho, 52 milhões de sacas de 60 quilos, depois de produzirem 52 milhões de toneladas na temporada que está em andamento agora. O Vietnã, segundo maior produtor no geral e líder mundial na produção de robusta, deve colher 27 milhões de toneladas na temporada 2017/2018.
Em escala global, a produção de café deve crescer pouco no próximo ano, de 153,6 milhões para 153,8 milhões de sacas. O consumo mundial deve passar de 155,3 milhões para 158 milhões de sacas de um ano para outro, acredita Costa.
Na avaliação dele, o atual movimento de baixa dos preços está ligado a um grande volume de posição vendida por parte de fundos que operam na bolsa de Nova York. E já não há espaço para mais vendas na bolsa. De outro lado, a indústria tem feito movimentos de compra a valores entre US$ 1,23 e US$ 1,25 por libra-peso.
A partir de outubro, os preços internacionais devem ser influenciados pela florada dos cafezais brasileiros, acredita Rodrigo Costa. Se indicar uma boa produtividade das lavouras para a colheita de 2018, o mercado pode romper o suporte em US$ 1,20, podendo oscilar até US$ 1,15 ou US$ 1,10 por libra.
“O potencial do parque cafeeiro do Brasil é de 65 milhões de sacas. Dependendo do clima, se as condições até lá permitirem produzir isso, o mercado mundial poderá ter um superávit de 4,5 milhões de sacas na safra 2018/2019”, acredita Costa.
Exportações
Para Rodrigo Costa, o Brasil deve exportar menos café na safra 2017/2018. O volume embarcado deve ficar em torno de 32 milhões de sacas de 60 quilos, queda de 4,19% em relação aos embarques de 33,4 milhões de sacas estimados para a safra 2016/2017.
Ele lembra que a safra de café arábica é menor e a recuperação das lavouras de robusta não deve ser suficiente para garantir um aumento nos volumes exportados.
“A safra de arábica é menor e o consumo no Brasil é estável. Se o país produz menos, não vai conseguir exportar mais, mesmo que o preço estimule. A não ser que os estoques sejam maiores que o que se tem dito”, disse ele.
Fonte: Revista Globo Rural