“Existe um erro histórico, atualmente estamos pagando a conseqüência de erros que vêm acontecendo há décadas. Nos últimos anos tivemos uma intervenção do Governo Federal que pode ter agravado o processo, além da falta de planejamento de investimento a longo prazo”, afirmou Sérgio De Zen.
O Professor do Depto de Economia, Administração e Sociologia, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada de São Paulo (CEPEA), Sérgio De Zen, foi uma das testemunhas ouvidas na reunião ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Frigoríficos desta última terça-feira (07) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. A Comissão é presidida pelo deputado Ondanir Bortolini (PSD), Nininho.
“Existe um erro histórico, atualmente estamos pagando a conseqüência de erros que vêm acontecendo há décadas. Nos últimos anos tivemos uma intervenção do Governo Federal que pode ter agravado o processo, além da falta de planejamento de investimento a longo prazo”, afirmou De Zen.
Ainda segundo o pesquisador, o preço praticado pelo mercado tende a se ajustar, uma vez que Mato Grosso não tem um mercado consumidor próprio, isto é, o mercado é pequeno, sobrevivendo da exportação para outros mercados do país ou internacional. “O ajuste de preço se dá dependendo do equilíbrio entre oferta e demanda”, ressaltou.
Sobre a CPI, De Zen afirmou que Mato Grosso tem interesse particular na área de agropecuária, o que justifica a investigação em cima do setor que mais agrega valor para o Estado. Ele afirma ainda que não se deve esperar uma solução milagrosa para o atual momento, mas sim aproveitar a situação e gerar a possibilidade de não se cometer os erros que foram cometidos no passado e criar um planejamento estratégico para os próximos anos.
“Tem que estudar a fundo quais são as possibilidades que se tem dentro do Estado, tanto para a indústria, quanto para o produtor. O meu ponto de vista é que a integração pecuária/lavoura é um caminho sem volta. Então dentro da porteira esse empresário rural tem que estar apto a também produzir proteína e maximizar o uso dos insumos que possui, minimizando o uso de outros produtos químicos, o que acaba acontecendo com esta integração. Já a indústria, ela tem que se reinventar, muitas indústrias estão fechadas porque tem concentração em algumas regiões onde a oferta de animal já não é mais o que era no passado, e aí realocar para regiões onde tenha a integração pecuária/lavoura que vai demandar de uma planta por perto”, reforçou Sérgio De Zen.
Sobre as plantas fechadas, compradas por grandes grupos, De Zen acredita que a análise tem que ser tanto do comprador como do vendedor. Para ele, não existe uma política micro, existe sim uma política macro que é a intervenção do Estado por meio dos financiamentos, o que pode ter causado essa situação atual do mercado da carne em Mato Grosso.