Um projeto pioneiro quer garantir exemplares da raça angus totalmente adaptados ao Brasil. O programa de melhoramento genético que vai permitir isso começou a ser desenvolvido neste mês no interior de São Paulo, a partir de uma centena de exemplares provenientes de propriedades do Sul do país
A ideia do programa surgiu a partir do crescimento da procura por genética no mercado nacional, de acordo com o pecuarista Bruno Grubisich, que participa do projeto. Segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), as vendas de sêmen angus no Brasil cresceram mais de 15% no ultimo ano. Nos últimos seis anos, a raça teve crescimento de 150%, bem acima da média do conjunto das raças de corte, que ficou em 50%. Os maiores compradores são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
“A gente percebeu que está faltando um animal selecionado para as condições brasileiras. Muito do que está sendo consumido em genética de angus no Brasil é importada, que deixa a desejar em algumas características que a gente acha importante”, diz Grubisich.
O programa de melhoramento da raça vai avaliar 19 características, como tolerância a carrapatos, pelagem curta, resistência a condições tropicais e ultrassonografia de carcaça, buscando animais superiores em marmoreio e gordura subcutânea. Atualmente, o sêmen da raça angus é importado dos Estados Unidos e misturado ao nelore, o que muitas vezes não oferece em muitas vezes padronização de carcaça. Dessa forma, é muito difícil conseguir bônus dos frigoríficos na hora de vender o boi gordo.
Bruno Grubisich conta que o projeto vai mensurar a progênie dos animais. “Vamos seguir os bezerros cruzados até o gancho, passando pelo confinamento, para ver se as características que a gente está selecionando estão sendo transmitidas”.
Na fazenda Verdana, em Itatinga (SP), já está tudo pronto para as avaliações. Um centro de referência foi montado com cochos especiais e automatizados. Nos três primeiros meses, os animais vão receber uma dieta que simula as condições de pasto, com ganho de 1,2 kg por dia.
O diretor técnico Breno Barros afirma que os animais serão pesados toda vez que entrarem e saírem do cocho ou forem beber água. “Então vamos ter todo o histórico de desempenho desses animais aqui dentro”, diz.
De acordo com o médico veterinário José Roberto Potiens, as análises laboratoriais serão relacionadas aos resultados de fertilidade de campo. “São amplas as variáveis, mas, dessa forma, a gente consegue analisar a qualidade seminal e a qualidade de fertilidade, o nosso grande desafio”, afirma.
Os exemplares que vão participar dos testes serão leiloados em 2018, quando forem liberados os primeiros resultados do programa. “Eles virão com informações consistentes de desempenho individual, e a ideia é que a Verdana tenha 50% dos direitos sobre os frutos desse leilão”, afirma Grubisich.
Fonte: Acrissul