Pesquisa ainda precisa ser realizada em um número maior de pessoas e aplicação de outros métodos científicos precisam ser feitos para se ter mais comprovação.
Pesquisa brasileira inédita no mundo é resultado de parceria entre Apis Flora, líder no setor de apiterápicos, Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e Hospital São Rafael, de Salvador. Redução de 50% no tempo de internação e diminuição de danos renais são alguns dos resultados favoráveis apresentados
Própolis: um aliado da natureza
Produzida pelas abelhas, a própolis já é muito conhecida por suas propriedades antivirais, anti-inflamatórias, imunorreguladoras, antiproteinúricas e antioxidantes. Diante dos benefícios proporcionados pela substância para a saúde humana, pesquisadores brasileiros realizaram um estudo para avaliar a eficácia do extrato de própolis em pacientes com Covid-19.
Ensaio clínico
O trabalho Efficacy of propolis as an adjunct treatment for hospitalized COVID-19 patients: a randomized, controlled clinical trial aponta redução no tempo de permanência hospitalar de pacientes com Covid-19 que ingeriram própolis durante internação. O resultado faz parte do ensaio clínico, que foi liderado pelo pesquisador Marcelo Silveira, que contou com 124 participantes do Hospital São Rafael em Salvador (BA). Todos os pacientes fizeram o tratamento padrão, sendo que 40 pessoas receberam 400 mg/dia de própolis; 42 receberam 800 mg/dia de própolis; e 42 não receberam própolis.
“A administração oral da substância foi segura, pois não houve eventos negativos associados ao uso. Além disso, a diminuição do tempo de internação após a intervenção foi significativa. O grupo controle, que não ingeriu própolis, ficou 12 dias hospitalizado após o início do tratamento. Já os grupos que receberam doses mais baixas e mais altas ficaram, respectivamente, 7 e 6 dias internados”, conta o professor David de Jong da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do estudo.
Avanços no bloqueio celular
O estudo aponta que o uso da substância pode ser promissor na interferência na expressão de TMPRSS2, que é uma proteína da superfície celular que está envolvida na entrada e disseminação do SARS-CoV-2 no corpo humano. Além disso, a substância pode interferir na ancoragem do vírus no ACE2, que é uma proteína que auxilia a entrada do vírus nas células.
“Outro ponto importante de destaque na pesquisa é que as propriedades da própolis podem ajudar a reduzir os processos inflamatórios por inibição da PAK1, que está associada a uma maior necessidade de cuidados intensivos e com altas taxas de mortalidade”, conta David.
Pela possibilidade da própolis variar dependendo das plantas que as abelhas visitam para coletar substâncias bioativas, a empresa Apis Flora de Ribeirão Preto, desenvolveu um produto padronizado que contém própolis verde que é química e biologicamente reprodutível e única no mercado nacional e internacional. “A própolis EPP-AF(R) possui patente já concedida, segurança e eficácia comprovada, com ausência de interação significativa com medicamentos em estudos clínicos, e assim, não tem qualquer risco”, afirma Andresa Berretta, gerente de P&D da Apis Flora e responsável pela padronização do produto.
Os resultados trouxeram indicadores altamente positivos, como a diminuição no tempo de internação e preservação da função renal entre os pacientes, voluntários do estudo no Hospital São Rafael, que tiveram o produto administrado para complementar o tratamento de seu quadro clínico.
“Estamos falando de uma pesquisa exclusivamente brasileira que traz achados importantíssimos para o mundo inteiro, já que todos estão em busca de alternativas para frear a COVID-19”, comenta o Dr. Marcelo Silveira, pesquisador clínico da Apis Flora e do Instituto D’O r, responsável pela condução do estudo.
Essa substância padronizada pode ainda diminuir a incidência de lesões reais, que pode ser um fator de risco para infectados pelo novo coronavírus. “O grupo controle, que recebeu apenas o tratamento padrão, teve uma incidência de 23,8% contra 4,8% dos pacientes que ingeriram 800 mg/dia de própolis”, afirma Marcelo.
De acordo com os pesquisadores, o próximo passo será a realização de um ensaio clínico duplo cego com placebo, envolvendo um grupo maior de pacientes. “Também iremos fazer análises de outros parâmetros, incluindo os anticorpos contra o vírus desenvolvidos pelo paciente. Além disso, o conhecimento adquirido através desta pesquisa abre perspectiva do uso do EPP-AF em outras doenças com potencial inflamatório”, revela David, que é professor da FMRP.
Os resultados, publicados como preprint (pré-publicação) em janeiro na MedRxiv, ainda não foram revisados por pares e, por isso, não devem ser usados para orientar a prática clínica. O estudo contou com a autoria de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMR), Instituto D’Or de Pesquisa e Educação (IDOR), Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Hospital São Rafael e da empresa Apis Flora.
A metodologia
Aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), o estudo foi realizado entre junho e agosto de 2020 e envolveu 124 pessoas internadas em função da Covid-19. Todos tinham o mesmo perfil: em torno de 50 anos, com comorbidades similares, apresentavam sintomas há cerca de oito dias e o mesmo grau de acometimento pulmonar – em torno de 50%.
Essas pessoas foram divididas em três grupos aos quais foram aplicadas condutas distintas. O primeiro era composto por pacientes que foram submetidos ao tratamento hospitalar padrão para a doença. Já os outros dois receberam, além do protocolo padrão, doses diferentes do PROPOMAX® cápsulas, produto que contém o extrato de própolis EPP-AF®. A um dos grupos foram administradas 400 mg por dia do produto (uma cápsula do PROPOMAX® a cada 6h), já ao outro a dose diária foi de 800 mg (duas cápsulas a cada 6h). A distribuição entre os grupos foi aleatória (estudo randomizado) e os grupos eram semelhantes em termos de composição etária, presença de comorbidades e grau de acometimento pulmonar.
Resultados indicam eficácia
Os resultados mostraram que o tempo de recuperação clínica dos pacientes que receberam as doses de extrato de própolis foi mais rápido, já que seu período de internação foi 50% menor após o início do tratamento. “Enquanto os pacientes que tiveram acesso ao tratamento padrão ficaram cerca de 12 dias internados, os que receberam a própolis permaneceram de seis a sete dias no hospital”, especifica Dr. Marcelo.
Além disso, aqueles que tiveram acesso ao extrato de própolis apresentaram índice menor de lesão renal aguda. Em pacientes que receberam a dose maior de PROPOMAX®, o risco foi de 4,8%; já entre os que receberam a dosagem menor, o risco atingiu 12,5%. Por fim, no grupo que recebeu o tratamento convencional do hospital, o risco atingiu 23,8%.
“Ainda sobre a questão renal, todos os pacientes que receberam as cápsulas de própolis não apresentaram necessidade de diálise, diferentemente dos outros que tiveram o tratamento padrão. Além disso, a pesquisa mostrou ainda uma tendência entre os pacientes que receberam extrato de própolis de precisar menos de intubação”, diz o pesquisador.
Impacto social positivo
Além da eficácia demonstrada pelo estudo, ter o extrato de própolis como aliado no combate à Covid-19 também tem um aspecto positivo para a saúde pública, já que a pesquisa mostra que ele ajudou a reduzir o tempo de internação, o que representa um impacto importante na diminuição da lotação dos hospitais e dos custos do sistema público. “O fato de se tratar de um produto facilmente acessível por toda a sociedade também representa um ganho importante no combate à doença”, comenta o Prof. Dr. David De Jong, pesquisador do grupo e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FMRP/USP).
Especialista já havia previsto uso do Própolis
O Bioquímico Niraldo Paulino, conhecido como Professor Niraldo, gravou um vídeo em seu canal no Youtube, no início da pandemia (26/02/2020), na qual ele indica o uso de Própolis para combater e até mesmo atenuar os efeitos causados pelo Covid-19.
Para entender melhor quem é o especialista, em 2005 Dr. Niraldo obteve seu Doutorado em Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pela Maximilian Universität München, a terceira maior universidade da Alemanha.
Seu doutorado teve como título “Avaliação da Atividade Anti-inflamatório do Extrato Padronizado de Própolis P1 e de seu Principal Constituinte Ativo, Artepillin C”, sendo os estudos sobre mecanismos anti-inflamatórios e tratamentos com fitoterápicos uma área de forte atuação do Professor Niraldo.
O Mestrado em Farmacologia o Niraldo já havia conquistado em 1996 também pela UFSC sob o título “Avaliação do Mecanismo de Ação do Extrato Hidroalcoólico de Phyllanthus Urinari Sobre a Traquéia Isolada de Cobaia in Vitro”.
Própolis: o que é, para que serve e como usar
O própolis é uma substância naturalmente produzida pelas abelhas a partir da seiva das árvores, que é combinada com a cera e a saliva das abelhas, resultando em um produto marrom pegajoso que serve como revestimento e proteção da colmeia.
Atualmente já foram identificados mais de 300 compostos no própolis, a maioria na forma de polifenóis que atuam como antioxidantes, lutando contra doenças e danos no corpo humano. O própolis ainda possui propriedades que protegem contra bactérias, vírus e fungos, bem como é anti-inflamatório e ajuda a tratar da pele.
A forma de apresentação mais comum do própolis é o “extrato de própolis” que pode ser ingerido, mas também existem outros produtos que utilizam este ingrediente como cremes, pomadas, comprimidos e até cosméticos.
Para que serve o própolis
Os estudos feitos com própolis têm demonstrado que a substância tem várias propriedades medicinais. Dessa forma, pode ser usado para:
- Acelerar a cicatrização de feridas
Foi comprovado que o própolis tem poder de atuar sobre lesões de pele impedindo o crescimento e a ação das bactérias, leveduras e fungos, antecipando o processo de cicatrização.
Quando comparado à ação anti-inflamatória da Dexametasona, o própolis apresentou melhores resultados no tratamento de feridas cirúrgicas da boca. O própolis também acelera a cicatrização de feridas nos pés de pessoas com diabetes e promove a recuperação de queimaduras, pois acelera o crescimento de novas células saudáveis.
Aplicar própolis na pele a cada 3 dias pode ajudar a tratar pequenas queimaduras e prevenir infecções. Entretanto, mais estudos são necessários para a definição da dose e efeitos desse composto.
- Aliviar processos inflamatórios
Uma das propriedades mais conhecidas do própolis é sua ação anti-inflamatória, que parece ser capaz de aliviar a inflamação localmente, mas também em todo o organismo.
Por esse motivo, o própolis tem sido muito utilizado para tratar a dor de garganta, gripe, sinusite e amigdalite e ajudar a tratar problemas respiratórios.
- Ajudar a tratar a herpes
Já existem pomadas que contêm própolis em sua composição, como Herstat ou Coldsore-FX, que atuam na diminuição dos sintomas e na cura mais rápida das feridas de herpes labial e genital. No entanto, o própolis sozinho também vem apresentando resultados, se aplicado de 3 a 4 vezes ao dia sobre a ferida, o tempo de cura tem sido mais eficiente do que com outras substâncias, como o Aciclovir, e além disso a utilização do creme de própolis já tem associação com a proteção do corpo contra futuras lesões por herpes.
- Curar aftas e gengivites
Por suas propriedades antimicrobianas, tomar própolis todos os dias, por via oral, combate e reduz as aftas bem como previne que elas apareçam. O mesmo acontece nos casos de pessoas com gengivite, que é inflamação da gengiva, onde o própolis pode ser usado em gel ou com enxague prevenindo e reduzindo os sinais da doença, além de auxiliar a combater o mau hálito.
- Prevenir contra o câncer
Estudos sobre a ação do própolis no tratamento do câncer de mama vem sendo realizados e utilizando-o como terapia complementar, não tratamento único, já apresenta resultados significativos. Foi comprovado que possuem efeitos anticancerígenos pois sua capacidade antinflamatória consegue reduzir a chance de as células se tornarem cancerosas e impede que elas se multipliquem.
Devido a sua facilidade no manuseio e acesso e baixo custo em relação aos benefícios que traz, o própolis vem sendo cada vez mais estudado e consumido.
- Proteger contra a Helicobacter pylori
O própolis atua como um antimicrobiano, devido sua capacidade antiinflamatória, antioxidante e por modelar as atividades enzimáticas, tem se tornado uma alternativa útil e eficaz no tratamento contra H. pylori, bactéria que vive no estomago e causa gastrite, que é a inflamação do estômago, úlcera péptica e até alguns tipos de câncer.
Como usar o própolis
O própolis pode ser usado de diferentes formas: aplicado diretamente sobre a pele; na água para fazer inalações com o vapor; no gargarejo ou pode ser tomado puro ou diluído em água ou chá.
Já existem no mercado cremes, pomadas e loções contendo a substância, já para ser ingerido ele é encontrado em forma de comprimidos, extrato líquido e cápsulas e também existe em alimentos funcionais e cosméticos. O própolis pode ser encontrado e adquirido em farmácias e lojas de produtos naturais ou diretamente com os produtores.
O própolis tem uma composição diferente em cada lugar do mundo e por isso ainda não existem estudos que indiquem uma dose recomendada. Geralmente existe uma recomendação de dose sugerida no rótulo do produto mas é indicado consultar um médico antes de fazer uso.
Possíveis efeitos colaterais
O principal efeito colateral que pode ocorrer com o uso do própolis é a reação alérgica que causa sintomas como inchaço, vermelhidão, coceira ou urticária na pele.
Para evitar reações graves de alergia, é recomendado fazer um teste de sensibilidade antes de utilizar o própolis, sendo para isso apenas necessário pingar 2 gotas do extrato no antebraço e aguardar entre 20 a 30 minutos e verificar se surge coceira ou vermelhidão na pele.
Quem não deve usar
O Extrato de Própolis está contraindicado para pessoas com alergia ao própolis ou a algum dos componente da fórmula do produto. Durante a gravidez ou lactação, o própolis só deve ser usado sob orientação médica
Além disso, as versões do extrato com álcool na composição estão também contraindicadas para crianças com menos de 12 anos de idade.
Por AGRONEWS, com informações da USP, Tua Saúde e Medical Lex.